A quem chegou aqui pela primeira vez e se depara com palavras sobre futebol e depois mais à frente uma teoria sobre mulheres, não se preocupe, foi só uma coincidência, este blogue não é sempre assim, às vezes até é, diria mesmo, ligeiramente gay. Resistirei e tentarei não falar de carros nos próximos posts. Obrigado. G.F.
…respostas, críticas, crónicas, verdades infundadas, teorias, encontros, paródias, conspirações, chalaças, ramboiadas, lágrimas, venenos, gentes, vícios, valores, palavras, perguntas, solidões, comunhões, fobias, frenias, neopatologias, actualidades, mundialidades, portugalidades. Ou só insignificâncias…
terça-feira, julho 11, 2006
esclarecimento
A quem chegou aqui pela primeira vez e se depara com palavras sobre futebol e depois mais à frente uma teoria sobre mulheres, não se preocupe, foi só uma coincidência, este blogue não é sempre assim, às vezes até é, diria mesmo, ligeiramente gay. Resistirei e tentarei não falar de carros nos próximos posts. Obrigado. G.F.
campeões do mundo...
«Se Grosso segna siamo Campioni del Mondo!!………GOOOOOOOOOOL!!!!ABBIAMO VIINTOOOO IL CAMPIONATO DEL MONDO» Ao mesmo tempo que escrevo este post, oiço emocionado a retransmissão radiofónica italiana online. Oiço emocionado e revoltado. Aquela taça e este mundo deviam ser nossos. Devia ser nosso o explodir de alegria de toda uma alma lusitana naquele último segundo eterno da confirmação…
Já estava a imaginar: exclusivos do Marquês de Pombal para a CNN; jornais em hebraico e árabe unidos na mesma manchete «Portugal, Campeão do Mundo»; os rednecks no interior dos Estados Unidos a descobrirem um novo país no mundo; os PALOPS totalmente em festa; os iranianos a gritar “Figoooo”; Pyongyang a querer dialogar só com diplomatas portugueses; o puto do sobrevivente do tsunami, a gabar-se aos amigos “já tive com eles pá”; Emigrantes orgulhosos e venerados, desde o Canadá à Patagónia, desde a Noruega à África do Sul, Macau à Austrália; a bandeira nacional em tudo o que é imprensa e aquele pequeno recanto, uma semana inteira de festejos e consumos capaz de reduzir o défice económico a zero. Sim, o tal Quinto Império.
Fico emocionado e frustrado porque eram os meus amigos espalhados por todo o mundo que deveriam estar naquele momento a enviar-me mensagens, a congratular-nos pelo feito histórico alcançado. E não ser eu a ler, nas mesmas respostas repetidas às mensagens transalpinas, um «Abbiamo vintoo» acompanhado de lágrimas felizes que eu invejavelmente as tanto desejei para aquela noite passada de noite de domingo de Verão. Afinal foram eles que ganharam. Afinal foram eles que passaram a noite bêbados de vinho e embriagados de amor a uma pátria tão menos alicerçada e unida que a nossa. Afinal foram os meus amigos padovanos festejando no Pratto della Valle que, presenciaram um momento que só o futebol de um Campeonato do Mundo pode oferecer como experiência de vida a um povo. Não me contento porque os céus de todos os cantos do mundo deveriam ser tricolores sim, mas das cores da bandeira portuguesa.
Num jogo de sorte não há injustiças creio. Há sim culpados. Porque para a vida e para a morte, para as coincidências ou para o azar sempre julguei que a condição humana tem sempre inerente uma necessidade, diria epistemológica, de encontrar réus. Sinto que tivemos um grande líder, um general que soube como ninguém motivar as suas tropas e levar-nos onde raramente tínhamos chegado. Alguém com muita fé. Mas na minha opinião foi também a fé que nos levou mais longe e foi, no limite, exclusivamente a fé que não facilitou o realizar do sonho. Passo a explicar:
Não queria aqui repetir as velhas frivolidades sobre a necessidade de espírito de equipa ter primazia sobre as individualidades. O que é certo é que tivemos os jogadores que, quer individualmente, quer colectivamente, melhor praticaram o futebol neste Alemanha 2006. Ou através da sua componente técnica, com a imaginação e magia de Figo e Ronaldo e Deco, ou delineando uma excelente táctica defensiva em que destaco Ricardo Carvalho, Costinha e Petit. Tínhamos talento, temos prestigio. Já possuíamos jogadores capazes de ganhar taças da Uefa e Ligas dos Campeões. Precisávamos de alguém que nos desse mais que competências técnico-tacticas. Alguém que nos fizesse acreditar que por sermos pequenos não poderíamos deixar de sonhar em conquistar. Foi isso que fizeram os Lusitanos ao inventar a guerrilha contra as sucessivas invasões romanas, foi isso que nos fez sermos Portugueses e não membros de uma comunidade autónoma de Espanha, foi isso que nos permitiu dar Novos Mundos ao mundo. Isso admiro em Felipe Scolari. Só isso. A verdade é que quando chegou a altura de arriscar, de ser frio e mudar a estratégia do jogo, de apostar numa nova forma de ataque eficaz, que é determinante no vencer das batalhas mais difíceis, o nosso general não arriscou. Teve fé que as coisas poderiam mudar. Arriscaria mesmo a dizer que acreditou que Nossa Senhora provesse o Postiga, em mais um momento raro na sua vida, de talento ou que Maria do Caravaggio conseguisse pôr o Pauleta a repetir o que fez contra Angolas, Luxemburgos, Lichensteins e Polónias. Isto é ter engenho para, num sistema de jogo que em nada beneficia a sua arte, mudar o rumo da História. Pois Nossa Senhora não é só de Fátima ou do Caravaggio. A acreditar que tenha aparecido, no mínimo Ela também é Notre Damme de Paris e de Lourdes. Cometeria pecado se dissesse que nesse estádio onde é a fé do público que faz ganhar um jogo onde existem postes, bolas com efeito, avaliação a olho humano, Deus teria graves problemas de finalização. Se de facto, no mesmo momento em que Scolari rezava por Ricardo (que é sem dúvida o melhor do mundo a defender penalties e já Brassard também o era, sem ajuda de bíblias) houve pelo menos um francês a rezar com mais convicção pelo Zidane, (ou um argelino a rezar mais ardentemente para outro destinatário) nunca vamos conseguir averiguar.
[Talvez a melhor forma cientifica de se perceber a vantagem da fé deveria consistir mesmo na organização campeonato do mundo e tirar as teimas entre ferrenhos Cristãos, Muçulmanos, Judeus, Budistas e Hindus – quem ganhasse estaria provadíssimo que teria uma entidade divina mais forte, no limite a única existente?. Enfim, a fé, tal como a humanidade, terá estes pormenores ridículos deliciosos que nos vão fazendo estar bem sobrevividos. Já me estou a afastar do ponto que queria esclarecer. ]
Então para tristeza de toda a pátria portuguesa, Zidane marcou. O talento de um génio ou Nossa Senhora que não quis dar a alegria a Portugal porque são insondáveis os desígnios de Deus? Será Thuran um dos melhores defesas do mundo, decisivo no mundial ganho pela França, ou quis Deus escrever direito por linhas tortas? Talvez se tivéssemos ganho, deixaríamos de acreditar só Nele como garantia de vitória em jogos desportivos para acreditar mais no potencial físico e psicológico dos atletas. Se tivéssemos sido campeões deixaríamos de viver pelo Fado e tornarmo-nos independentes do Destino mas isso seria perder um pouco da nossa identidade. Foi bem pensado Deus.
Para nos massacrar mais, Ricardo quase que defendia. E quase que poderíamos ter ido lá aguentar o resultado. E quase que Figo poderia ter empatado, ele que já marcou tantos golos de cabeça… E quase que Ronaldo poderia ter centrado numa jogada de mestre e ele próprio finalizar de cabeça, ultrapassando o golo mítico de Deus Maradona contra a Inglaterra. E quase que o árbitro também poderia ter tido fé e acreditado que os constantes mergulhos intencionais foram mesmo falta…
Pois... Só que naquele jogo não ganharam os peregrinos, a legião de bandeiras e correntes do amor e força. Naquele jogo não ganharam aqueles que mais precisavam e que mais pediram pelo milagre de um dia tão pequeninos serem enormes campeões do mundo. Naquele jogo, no jogo contra a Alemanha e na derrota francesa final não ganhou quem constantemente atribui as culpas das derrotas a agentes externos ou de quem diz que nunca deixam os pequenos chegar onde querem. Aí, ganhou quem foi mais eficaz. Neste aspecto, os italianos souberam faze-lo melhor que qualquer equipa do mundial. Sem primas donas e sem futebol espectáculo, mas com uma equipa e um país que também se uniu como nós. Uma outra pátria de gentes tão iguais a nós que, depois da bola de Grosso entrar na imortalidade, hoje acredita que os milagres podem tornar-se realidade. E tenho a certeza que o acredita com muito mais força que nós. Afinal são eles que o estão a viver.
No fim de contas, foi o Cannavaro que cumpriu a promessa de dormir no hotel com a taça entre ele e o seu filho de sete anos. Afinal fomos nós que voltámos aos nossos pequenos quotidianos mal saboreados. Afinal são eles a quem o sonho ainda dura, enquanto o sol do dia de hoje vai evaporando aos poucos o perfume de uma noite que será recordada durante gerações. Afinal... Deus: esquece as minhas críticas, esquece estas palavras, obrigado pelo talento que Tu deste ao Figo, ao Ronaldo e a todos os outros jogadores. Afinal Deus, ou Nossa Senhora da Fé do Monte Abraão: tratem só de fazer com que eu esteja cá nessa noite de Verão em que sentiremos o perfume de nos sentirmos existir maiores que o universo. G.F.
Já estava a imaginar: exclusivos do Marquês de Pombal para a CNN; jornais em hebraico e árabe unidos na mesma manchete «Portugal, Campeão do Mundo»; os rednecks no interior dos Estados Unidos a descobrirem um novo país no mundo; os PALOPS totalmente em festa; os iranianos a gritar “Figoooo”; Pyongyang a querer dialogar só com diplomatas portugueses; o puto do sobrevivente do tsunami, a gabar-se aos amigos “já tive com eles pá”; Emigrantes orgulhosos e venerados, desde o Canadá à Patagónia, desde a Noruega à África do Sul, Macau à Austrália; a bandeira nacional em tudo o que é imprensa e aquele pequeno recanto, uma semana inteira de festejos e consumos capaz de reduzir o défice económico a zero. Sim, o tal Quinto Império.
Fico emocionado e frustrado porque eram os meus amigos espalhados por todo o mundo que deveriam estar naquele momento a enviar-me mensagens, a congratular-nos pelo feito histórico alcançado. E não ser eu a ler, nas mesmas respostas repetidas às mensagens transalpinas, um «Abbiamo vintoo» acompanhado de lágrimas felizes que eu invejavelmente as tanto desejei para aquela noite passada de noite de domingo de Verão. Afinal foram eles que ganharam. Afinal foram eles que passaram a noite bêbados de vinho e embriagados de amor a uma pátria tão menos alicerçada e unida que a nossa. Afinal foram os meus amigos padovanos festejando no Pratto della Valle que, presenciaram um momento que só o futebol de um Campeonato do Mundo pode oferecer como experiência de vida a um povo. Não me contento porque os céus de todos os cantos do mundo deveriam ser tricolores sim, mas das cores da bandeira portuguesa.
Num jogo de sorte não há injustiças creio. Há sim culpados. Porque para a vida e para a morte, para as coincidências ou para o azar sempre julguei que a condição humana tem sempre inerente uma necessidade, diria epistemológica, de encontrar réus. Sinto que tivemos um grande líder, um general que soube como ninguém motivar as suas tropas e levar-nos onde raramente tínhamos chegado. Alguém com muita fé. Mas na minha opinião foi também a fé que nos levou mais longe e foi, no limite, exclusivamente a fé que não facilitou o realizar do sonho. Passo a explicar:
Não queria aqui repetir as velhas frivolidades sobre a necessidade de espírito de equipa ter primazia sobre as individualidades. O que é certo é que tivemos os jogadores que, quer individualmente, quer colectivamente, melhor praticaram o futebol neste Alemanha 2006. Ou através da sua componente técnica, com a imaginação e magia de Figo e Ronaldo e Deco, ou delineando uma excelente táctica defensiva em que destaco Ricardo Carvalho, Costinha e Petit. Tínhamos talento, temos prestigio. Já possuíamos jogadores capazes de ganhar taças da Uefa e Ligas dos Campeões. Precisávamos de alguém que nos desse mais que competências técnico-tacticas. Alguém que nos fizesse acreditar que por sermos pequenos não poderíamos deixar de sonhar em conquistar. Foi isso que fizeram os Lusitanos ao inventar a guerrilha contra as sucessivas invasões romanas, foi isso que nos fez sermos Portugueses e não membros de uma comunidade autónoma de Espanha, foi isso que nos permitiu dar Novos Mundos ao mundo. Isso admiro em Felipe Scolari. Só isso. A verdade é que quando chegou a altura de arriscar, de ser frio e mudar a estratégia do jogo, de apostar numa nova forma de ataque eficaz, que é determinante no vencer das batalhas mais difíceis, o nosso general não arriscou. Teve fé que as coisas poderiam mudar. Arriscaria mesmo a dizer que acreditou que Nossa Senhora provesse o Postiga, em mais um momento raro na sua vida, de talento ou que Maria do Caravaggio conseguisse pôr o Pauleta a repetir o que fez contra Angolas, Luxemburgos, Lichensteins e Polónias. Isto é ter engenho para, num sistema de jogo que em nada beneficia a sua arte, mudar o rumo da História. Pois Nossa Senhora não é só de Fátima ou do Caravaggio. A acreditar que tenha aparecido, no mínimo Ela também é Notre Damme de Paris e de Lourdes. Cometeria pecado se dissesse que nesse estádio onde é a fé do público que faz ganhar um jogo onde existem postes, bolas com efeito, avaliação a olho humano, Deus teria graves problemas de finalização. Se de facto, no mesmo momento em que Scolari rezava por Ricardo (que é sem dúvida o melhor do mundo a defender penalties e já Brassard também o era, sem ajuda de bíblias) houve pelo menos um francês a rezar com mais convicção pelo Zidane, (ou um argelino a rezar mais ardentemente para outro destinatário) nunca vamos conseguir averiguar.
[Talvez a melhor forma cientifica de se perceber a vantagem da fé deveria consistir mesmo na organização campeonato do mundo e tirar as teimas entre ferrenhos Cristãos, Muçulmanos, Judeus, Budistas e Hindus – quem ganhasse estaria provadíssimo que teria uma entidade divina mais forte, no limite a única existente?. Enfim, a fé, tal como a humanidade, terá estes pormenores ridículos deliciosos que nos vão fazendo estar bem sobrevividos. Já me estou a afastar do ponto que queria esclarecer. ]
Então para tristeza de toda a pátria portuguesa, Zidane marcou. O talento de um génio ou Nossa Senhora que não quis dar a alegria a Portugal porque são insondáveis os desígnios de Deus? Será Thuran um dos melhores defesas do mundo, decisivo no mundial ganho pela França, ou quis Deus escrever direito por linhas tortas? Talvez se tivéssemos ganho, deixaríamos de acreditar só Nele como garantia de vitória em jogos desportivos para acreditar mais no potencial físico e psicológico dos atletas. Se tivéssemos sido campeões deixaríamos de viver pelo Fado e tornarmo-nos independentes do Destino mas isso seria perder um pouco da nossa identidade. Foi bem pensado Deus.
Para nos massacrar mais, Ricardo quase que defendia. E quase que poderíamos ter ido lá aguentar o resultado. E quase que Figo poderia ter empatado, ele que já marcou tantos golos de cabeça… E quase que Ronaldo poderia ter centrado numa jogada de mestre e ele próprio finalizar de cabeça, ultrapassando o golo mítico de Deus Maradona contra a Inglaterra. E quase que o árbitro também poderia ter tido fé e acreditado que os constantes mergulhos intencionais foram mesmo falta…
Pois... Só que naquele jogo não ganharam os peregrinos, a legião de bandeiras e correntes do amor e força. Naquele jogo não ganharam aqueles que mais precisavam e que mais pediram pelo milagre de um dia tão pequeninos serem enormes campeões do mundo. Naquele jogo, no jogo contra a Alemanha e na derrota francesa final não ganhou quem constantemente atribui as culpas das derrotas a agentes externos ou de quem diz que nunca deixam os pequenos chegar onde querem. Aí, ganhou quem foi mais eficaz. Neste aspecto, os italianos souberam faze-lo melhor que qualquer equipa do mundial. Sem primas donas e sem futebol espectáculo, mas com uma equipa e um país que também se uniu como nós. Uma outra pátria de gentes tão iguais a nós que, depois da bola de Grosso entrar na imortalidade, hoje acredita que os milagres podem tornar-se realidade. E tenho a certeza que o acredita com muito mais força que nós. Afinal são eles que o estão a viver.
No fim de contas, foi o Cannavaro que cumpriu a promessa de dormir no hotel com a taça entre ele e o seu filho de sete anos. Afinal fomos nós que voltámos aos nossos pequenos quotidianos mal saboreados. Afinal são eles a quem o sonho ainda dura, enquanto o sol do dia de hoje vai evaporando aos poucos o perfume de uma noite que será recordada durante gerações. Afinal... Deus: esquece as minhas críticas, esquece estas palavras, obrigado pelo talento que Tu deste ao Figo, ao Ronaldo e a todos os outros jogadores. Afinal Deus, ou Nossa Senhora da Fé do Monte Abraão: tratem só de fazer com que eu esteja cá nessa noite de Verão em que sentiremos o perfume de nos sentirmos existir maiores que o universo. G.F.
e se não tivesse sido só ilusão óptica?
domingo, julho 02, 2006
2 de Julho de
No dia 2 de Julho de 2003 abriram-se pela primeira vez as portas deste Oráculo. Após três anos, duzentos e dezassete posts, vinte mil e quinhentos e oitenta e nove visitantes, tudo e nada o tempo mudou. G.F.
terça-feira, junho 27, 2006
Deus feito Mulher .
Natalie Portman. Além de ter o Curso de Psicologia pela Universidade de Harvard, quando não está a fazer cinema é assistente de investigação nessa instituição. Fez musicais na Broadway quando tinha 13 anos. Trabalhou com Al Pacino, Robert De Niro, Susan Sarandon, George Lucas, Tim Burton, Woody Allen, entre outros. Cold Mountain, Garden State, Closer são alguns filmes em que participou. Recusou o papel de Julieta em Romeu e Julieta por ser muito mais nova que Leonardo Di Caprio. Sabe falar hebraico, francês, alemão e japonês. Participa como embaixadora numa organização que permite o crédito a mulheres africanas que tenham estabelecido o seu próprio negócio. Nasceu quase no mesmo dia que eu, com um ano de diferença. E depois é simplesmente assim...
A Soraia Chaves ontem beijou-me na boca depois do jogo! *
Resultante de uma conversa de MSN e com a validade que esta possa manifestar, aqui exponho uma teoria reducionista sem qualquer literatura científica inerente, sem sequer ter pensado num único livro do curso. È uma teoria que não revela a minha própria categorização mas é baseada numa amostra de 7 ou 8 tipos, personagens alegóricas e representativas de cada tipo de homem, aliada a amostras retiradas de várias novelas da tarde, 12 ou 13 saídas à noite, muitas conversas de bica já bebida. È também mais uma a acrescentar ao vasto rol de teorias cor-de-rosa e discussões estéreis em que homens e mulheres se degladiam e onde se passa o tempo sem ter feito algo novo (às vezes não é para isso que serve um blogue?).
Teoria da Categorização Quadriárdica Masculina sobre o ser Feminino. Versão beta 1.0
Existem várias mulheres na vida de um homem. Exclui-se desde já todas as que são família. O indivíduo do sexo masculino conhece ao longo da vida um número de mulheres que tende para o infinito.
Categoriza então (com melhor ou pior precisão consoante a idade e desenvolvimento, variáveis não controladas neste estudo) cada mulher segundo quatro seguintes grandes categorias. Se já as conhece: percepciona-as assim e rege os seus relacionamentos com base nessas avaliações. Se ainda não as conhece bem: de certa forma profetiza (com base em instrumentos de análise masculinos extremamente precisos e instintivos não controlados por este estudo) que se possam também etiquetar em potencial da mesma forma.
As categorias não estão por qualquer ordem de importância e não estão exaustivamente definidas:
Método de Categorização:
A) - Amiga
Quem permite ter uma bela amizade entre sexos opostos. Com ela o homem pode falar de tudo: de sentimentos, de afectos, de segredos, das crises hormonais delas, de cosmética, culinária, dietas, sentido da vida. È ao ombro da Amiga que recorre para encontrar respostas aos problemas com mulheres que se julgavam ser do tipo B) e também para dicas com mulheres do tipo C). Com a Amiga, o homem ri-se sem qualquer outro tipo de pretensão, é ela quem lhe faz recordar infâncias inocentes e despreocupadas. É a irmã mais velha ou mais nova que se pode escolher. O sexo com ela nunca está no horizonte de ambos, seria uma espécie de incesto homossexual, já que ela é quase considerada um “compinxa”. Existem uma ou duas amigas assim e mantêm-se ao longo da vida.
B) - Mulher da sua Vida
A que lhe permite a loucura do desejo mais contra -gravitacional no espaço masculino: o desejo de casar. De prender-se, de sexo monogâmico, viver só para e com ela, pequenos-almoços na cama, altruísmo da conta bancária pessoal, o sonho do grande romance a dois, a heroína que poderia ser sua avó querida, sua filha princesinha ou freudianamente sua mãe.Este tipo de mulheres, o homem percepciona em média 2, quase 3 vezes na sua vida inteira e não quer dizer que a mulher com quem de facto se casa esteja dentro desta categoria.
C) - Mandava-lhe umas valentes pinadas!
Este tipo de mulheres é o que o nome indica. Algumas susceptíveis de maior vontade que outras. Este tipo de mulheres o homem percepciona numa razão de 9 em cada 10 que conhece, sendo que quatro dessas nove se devem ao efeito do álcool.
D) Indiferente – Contrário de A) e especialmente Contrário de C)
Este tipo de mulher não é, nem se afigura como amiga, não é a mulher de uma Vida e decididamente não desperta qualquer centímetro de interesse sexual e intelectual.
Hipóteses:
- A) nunca engloba C). Se englobar C) é o caos relacional!: ou poderá passar a B) ou em
casos mais graves passar a D).
- B) engloba em quase tudo A) e quase sempre C) (excepto em jogos de futebol importantes e fases menstruais). Se B) deixar de ser C) poderá passar ou não a A). Se B) deixar completamente de ser A) poderá em alguns casos de recaída ser só C).
- C) poderá passar a A) se for uma C) verdadeiramente C).
- D) nunca passará a qualquer outro tipo, a não ser em caso de grande catástrofe mundial, em que A), B) ou C) deixem simplesmente de existir.
Fontes, 2006
A todos o que lerem isto, especialmente os homens, tentem refutar esta teoria ou elas chamar-nos-ão invariavelmente de básicos. Por outro lado tentem corrobora-la para nós orgulhosamente poderemos continuar a dizer que não temos complexificações, somos saudavelmente simples. Portanto: comentários, upgradings, discussões e conclusões são bem-vindos. O tempo considerável que perdi a escrever isto é assim recompensado pelo vosso usado nesta leitura. G.F.
*o título deste post surgiu como garantia da leitura integral por parte do visitante pouco precavido do site. Além disso, o sitemeeter também agradece. Fazendo uma pequena ponte: Soraia Chaves seria uma C), Natalie Portman uma B), Whoopi Goldberg uma A) e José Cid uma D) imutável.
segunda-feira, junho 19, 2006
México 86
Penso que foi numa exposição de Ciência em Valência que vi os relatos de crianças a quem tinham perguntado qual a sua primeira memória. Muitas eram induzidas por aquilo que viram em fotos ou pelo que os pais lhe contaram. Eu lembro-me de ter sete ou oito anos e antes de adormecer tentar fazer um esforço para me lembrar, em retrospectiva, de coisas que tivessem acontecido nos últimos anos. Intrigava-me não me lembrar de quando nasci. Talvez tivesse ido longe se não adormecesse nesses devaneios. Sempre tentei auto controlar cronologicamente a minha identidade e talvez o blogue acabe por ser, também, uma ferramenta para isso.
As minhas recordações mais antigas são as relacionadas com um rádio azul que tinha a que chamava “a minha muca” (era difícil dizer música com dois ou três anos). Às vezes sinto que me lembro perfeitamente de viagens com os meus pais, de brinquedos que tive, de pessoas da ama onde andei antes de entrar para o colégio. Acreditando que a nossa identidade é em grande parte memória, eu sei mesmo que existo desde 1986 e não desde 1982. Porque me lembro de ir buscar a minha irmã à maternidade e de colocar as minhas mãos à frente da cara dela enquanto chorava, para lhe dizer “magia magia magia” até a mana adormecer.
Mas também me lembro do Mundial de 1986. Eu até pensava que me lembrava pouco, talvez de ver um jogo de Portugal na televisão e da mascote de alguém com um sombrero. Só que a minha mãe hoje perguntou-me se eu ainda sabia a música do “unidos por un bálon” que, por essa altura, passava os dias aqui a cantar pelos, naquele tempo infinitos, corredores de casa. «Mexico otenta e seis, méxico otenta e seis uniiiiiiiidos por un báloooooon!!» fez-me sorrir ao canta-la e ao saber que já tenho memórias com duas décadas de idade. G.F.
sexta-feira, junho 02, 2006
«too weird to live, too rare to die»
Se és ou te sentes estranho, não te preocupes. Sim, não se vive bem sendo estranho. Mas ao mesmo tempo que és demasiado estranho para poderes viver, tornas-te demasiado raro para poder morrer. G.F.
quinta-feira, junho 01, 2006
fama e anonimato
Acabo de ler uma entrevista de Eddie Vedder ao jornal italiano La Repubblicca. O líder da minha banda preferida (e da dos que estarão também lá comigo dia quatro de Setembro) a certa altura aborda a questão “na mesma linha das vossas escolhas anticomerciais, o não aparecer em videoclips”, Vedder responde: «Em todos estes anos seguimos uma certa invisibilidade, desde os tempos do primeiro álbum, Ten, quando nem sequer queríamos faze-los, os videoclips. A um certo ponto, dás-te conta que ganhas uma certa quantidade de dinheiro mas uma grande parte desse dinheiro também vai para gente que ninguém conhece, que pode viver tranquilamente sem ser barrada nas ruas, sem ser assediada por gente fanática. O nosso objectivo não é a fama, é tocarmos como banda. Mais que isso, como escritor de textos para mim é verdadeiramente uma grande coisa não ser reconhecido: posso manter o anonimato, observar e não ser observado.»
1 de Junho de 1982
Dia Mundial do Cigano, primeiro dia da época balnear e dia de algum santo qualquer que agora não me recordo. Acima de tudo Dia Mundial dos miúdos e das míudas. Dia Mundial dos putos.
Eu hoje acordei com mais um ano, embora padeça sempre da síndrome de Peter Pan. Não gosto da expressão "jovem adulto". Vou sendo um puto de 24 anos.
Obrigado ao médico que fez com que eu "nascesse" alguns minutos depois da meia noite para que muita gente se pudesse lembrar da data do meu aniversário, obrigado às pessoas que têm sido personagens principais, secundárias ou figurantes destes 8760 e tal dias de vida e como já o disse, a 1 de Junho de 2004, obrigado aos meus pais que um dia se lembraram de me fazer existir. G.F.
quarta-feira, maio 31, 2006
não poema obsessivo aos não poetas obcecados
Raios vos partam a vocês, poetas obcecados.
Como se a vida se resumisse a luares e orvalhos e a sofrimentos amorosos.
Ide cantar outras coisas:
Persianas estragadas de tantas rotações terrestres;
Falai da morte dos álbuns fotográficos para a ressurreição em CD dos trezentos com títulos a verde-garrafa em tosca caligrafia.
Cantai golos de calcanhar impossíveis de concretizar.
Gritai batalhas da playstation entre virtuais arqui-rivais.
Escapai do meio da merda da vossa literatura híbrida e
ide descobrir a que cheiram os corpos.
Chegai a vias de facto com o crepúsculo.
Pois podeis partir os óculos de massa e queimar os cachecóis e as boinas.
Não tenhais medo de não ver nada
e apanhai muito frio. Frio sem orvalhos!
É verão porra, apanhem sol.
E se não querem apanhar sol, trabalhem.
Aclamai o trabalho ou o anti trabalho ou o anti anti trabalho.
Largai as visões dos horizontes destruindo sonhos ansiosos de metas.
Apagai, no Fim, as falácias dos vossos versos.
Desdobrai planfletos sobre promoções do amor cliché.
Esqueçai o vosso medo e a vossa pequenez fazendo partituras com a nossa grandeza.
Caminhai por onde nós caminhamos, parando para contar cruzamentos.
Dançai noite fora sem olhar pá merda da lua, sem olhar pá merda da dança, sem ouvir a merda da música.
Dançai até ao esgotamento e em esgares sem plenitudes.
Apenas esgares, foda-se!
Parai de chamar as musas, sempre essa porra das musas!
Mijai para cima do bucolismo, do lirismo e do estoicismo.
Regai também, aproveitando, a merda do orvalho.
Crucificai a preocupação com Deus e
colocai na guilhotina todas as vossas porras de musas.
Enforcai inspirações e assombrações.
Podeis continuar obcecados com a vossa impenetrabilidade à magia do ser feminino
mas por favor
cagai nas infinitudes,
nos desassossegos
e na merda dos orvalhos.
Sempre a merda dos orvalhos.
Falai de nós, porra.
Falem de mim.
G.F.
Como se a vida se resumisse a luares e orvalhos e a sofrimentos amorosos.
Ide cantar outras coisas:
Persianas estragadas de tantas rotações terrestres;
Falai da morte dos álbuns fotográficos para a ressurreição em CD dos trezentos com títulos a verde-garrafa em tosca caligrafia.
Cantai golos de calcanhar impossíveis de concretizar.
Gritai batalhas da playstation entre virtuais arqui-rivais.
Escapai do meio da merda da vossa literatura híbrida e
ide descobrir a que cheiram os corpos.
Chegai a vias de facto com o crepúsculo.
Pois podeis partir os óculos de massa e queimar os cachecóis e as boinas.
Não tenhais medo de não ver nada
e apanhai muito frio. Frio sem orvalhos!
É verão porra, apanhem sol.
E se não querem apanhar sol, trabalhem.
Aclamai o trabalho ou o anti trabalho ou o anti anti trabalho.
Largai as visões dos horizontes destruindo sonhos ansiosos de metas.
Apagai, no Fim, as falácias dos vossos versos.
Desdobrai planfletos sobre promoções do amor cliché.
Esqueçai o vosso medo e a vossa pequenez fazendo partituras com a nossa grandeza.
Caminhai por onde nós caminhamos, parando para contar cruzamentos.
Dançai noite fora sem olhar pá merda da lua, sem olhar pá merda da dança, sem ouvir a merda da música.
Dançai até ao esgotamento e em esgares sem plenitudes.
Apenas esgares, foda-se!
Parai de chamar as musas, sempre essa porra das musas!
Mijai para cima do bucolismo, do lirismo e do estoicismo.
Regai também, aproveitando, a merda do orvalho.
Crucificai a preocupação com Deus e
colocai na guilhotina todas as vossas porras de musas.
Enforcai inspirações e assombrações.
Podeis continuar obcecados com a vossa impenetrabilidade à magia do ser feminino
mas por favor
cagai nas infinitudes,
nos desassossegos
e na merda dos orvalhos.
Sempre a merda dos orvalhos.
Falai de nós, porra.
Falem de mim.
G.F.
terça-feira, maio 30, 2006
Your're ugly.
José Afonso, Fausto, Sérgio Godinho, Jorge Palma, Clã, Ornatos Violeta. Só para citar alguns, os mais conhecidos, de entre muitos génios que vão desde a autores de fados, a compositores de bandas contemporâneas, ou mesmo a gente de um novo hip hop de qualidade ou a reedificadores da antiga música tradicional lusa. Todos em comum o compor em português de Portugal. Com canções extraordinárias que sempre foram as com que mais me identifiquei. Versos densos numa língua profunda que dificilmente se torna melódica como é o italiano o francês ou mesmo o inglês a que tanto rito foi o nosso ouvido habituado. O português do Brasil é também, em excelentes casos, composto com uma qualidade invejável, com canções que ultrapassam em imaginação, jogo de palavras e doçura muito dos projectos que se vão fazendo por cá. Porém, embora com toda a sua musicalidade e ritmo, os autores brasileiros não falam de nós. Terão muito de nós sim, mas nós estamos muito mais no que diz o Palma ou o Zeca ou o Godinho. E o que venho dizer aqui tem pouco ou nada a ver com o discurso sobre as quotas de música portuguesa nas rádios. Acho que cada rádio deve ter a liberdade de transmitir o que se quer ouvir. O problema está nesse querer ouvir. Nessa falta de educação para o que é português de qualidade, não só em termos de música como também em termos de cinema, literatura. Falta-nos a exigência da excelência do que vem de dentro. Mas mais grave do que isso, falta-nos perceber o lixo que vem de fora. Não quero fazer (fazendo) um extenso texto sobre a minha opinião e entrar em generalizações. Eu gosto de música pimba, sei muitas letras de cor. Gosto de pimba, pop, europop, hip hop americano rasco, fado vadio, ou ondachoc. Porque esse populismo e o apelar ao que é fácil de ser percebido também é humanidade, também é veículo de escape à solidão ou motor de festas e ramboiadas sem quaisquer preocupações intelectuais. Enquanto a educação dominante estiver neste nível medíocre acho importantíssimo, sem ironia, existirem cantores como por exemplo Mónica Sintra a falarem de problemas conjugais que todos os portugueses passam. É claro que acho triste o público nacional não dar valor ao que de bom se faz por cá, não serem comprados mais álbuns, não ser mais incentivado pelas produtoras a existência de cantautores em português com qualidade. Porém, acho ainda mais triste, o pedantismo e arrogância de muita gente que fala mal dos Anjos ou se tenta situar em patamares superiores a Emanueis e depois é capaz de comprar álbuns (fazendo enriquecer a indústria estrangeira) ou de pedir na rádio canções como as de um senhor que escreve o que em seguida exponho. Depois disso só gostava de pedir a estas gentes que se informassem sobre o que andam a cantar e a ouvir constantemente no metro ou na ic19 engarrafados. Dizer-lhes que dois ou três ou quatro pavilhões repletos pelo Tony Carreira fazem mais pela economia nacional que a Shakira a cantar em pseudoportuguês rimas feitas com dicionários de sinónimos. E também dizer-lhes que não tenham sequer a lata de gozar comigo por gastar 10 euros para ir ver José Cid. G.F.
«A minha vida é brilhante
O meu amor é puro
Eu vi um anjo
Disso eu tenho certeza
Ela sorriu pra mim no metro
Ela estava com outro homem
Mas eu não vou perder o sono com isso,
Porque tenho um plano.
Tu és lindaaaaa.
Tu és lindaaaaa,
Tu és linda! É verdade.
Eu vi o teu rosto num lugar cheio,
E eu não sei o que fazer,
Porque eu nunca estarei contigo :(
Sim, ela prendeu o meu olhar
Enquanto nós passamos um pelo outro
Ela pôde ver no meu rosto que eu estava
A voar alto
E eu não acho que vou vê-la de novo,
Mas nós dividimos um momento que ficará para sempre
Ès linda.
Ès linda.
És linda, é verdade.
Eu vi o teu rosto num lugar cheio,
E eu não sei o que fazer,
Porque eu nunca estarei contigo.
És linda.
És linda.
És linda, é verdade.
Um anjo deve ter sorrido,
Quando pensou que eu ficaria contigo.
Mas é tempo de encarar a verdade,
Eu nunca estarei contigo…» :(
dexasheis de Xunho, n Colixeu, bxinox dvrttt mtx, carpidiam, compame ppurpurinashhh*****.
«A minha vida é brilhante
O meu amor é puro
Eu vi um anjo
Disso eu tenho certeza
Ela sorriu pra mim no metro
Ela estava com outro homem
Mas eu não vou perder o sono com isso,
Porque tenho um plano.
Tu és lindaaaaa.
Tu és lindaaaaa,
Tu és linda! É verdade.
Eu vi o teu rosto num lugar cheio,
E eu não sei o que fazer,
Porque eu nunca estarei contigo :(
Sim, ela prendeu o meu olhar
Enquanto nós passamos um pelo outro
Ela pôde ver no meu rosto que eu estava
A voar alto
E eu não acho que vou vê-la de novo,
Mas nós dividimos um momento que ficará para sempre
Ès linda.
Ès linda.
És linda, é verdade.
Eu vi o teu rosto num lugar cheio,
E eu não sei o que fazer,
Porque eu nunca estarei contigo.
És linda.
És linda.
És linda, é verdade.
Um anjo deve ter sorrido,
Quando pensou que eu ficaria contigo.
Mas é tempo de encarar a verdade,
Eu nunca estarei contigo…» :(
dexasheis de Xunho, n Colixeu, bxinox dvrttt mtx, carpidiam, compame ppurpurinashhh*****.
Mal- lhe- queremos
O pessimismo português é bastante visivel. Até com as flores e na forma como as categorizamos somos algo derrotistas. Os ingleses também lhe fazem um "she loves me, she loves me not" mas chamam-lhe Marygold. Os italianos um "me vuoi bene, non me vuoi bene" fazem mas apelidam-na de Fiore d'oro ou apenas a confundem com a Margherita. Eu gostaria de perceber uma coisa muita simples: porque é que os portugueses não a nomearam de "Bem-me-quer" em vez de Malmequer?
Será que o primeiro português a descobrir a flor tinha assim tanto azar que decidiu para sempre marcar de forma cruel e para a eternidade esta bonita e vulgar espécie botânica? (Já agora quem foi a primeira pessoa no mundo sequer a utilizar as pétalas de uma flor para estudar probabilidades numa relação e quanto tempo livre não teria para dedicar-se a tão poéticos empreendimentos? E será que José Mourinho diz para cada pétala “bem me quer bem me quer bem me quer bem me quer”?)
Quem estiver interessado nesta ( mais uma) prova do fatalismo luso, ajude-me e pergunte pelo menos a 5 amigos se dizem Bem-me-quer ou Malmequer. Depois da resposta, ensinem os sujeitos experimentais a dizer sempre “Bem-me-queres” em vez de Malmequeres. Por exemplo mostrem-lhes 100 cartões com diferentes flores onde repetem aleatoriamente 10 vezes a imagem que vos publicono final desta teoria pertinente. Se responderem mal, corrijam, até atingirem um sucesso de cem por cento. Esses 5 amigos terão de fazer o mesmo a mais 5 amigos e assim sucessivamente até ao último falante da Língua Portuguesa fazer tal aprendizagem.
Esta campanha será mais bonita que a foleirada das bandeirinhas na janela! Juntos faremos mais por um Portugal positivo! Vamos ser mais alegres! Vamos acreditar que vai tudo correr bem! Vamos ser felizes! E vamos acabar com a injustiça da "Bem-me-quer", futura ex-Malmequer, que pouca sorte tem em nascer em Portugal ao estar condenada às más fortunas do amor lusitano. G.F.
Será que o primeiro português a descobrir a flor tinha assim tanto azar que decidiu para sempre marcar de forma cruel e para a eternidade esta bonita e vulgar espécie botânica? (Já agora quem foi a primeira pessoa no mundo sequer a utilizar as pétalas de uma flor para estudar probabilidades numa relação e quanto tempo livre não teria para dedicar-se a tão poéticos empreendimentos? E será que José Mourinho diz para cada pétala “bem me quer bem me quer bem me quer bem me quer”?)
Quem estiver interessado nesta ( mais uma) prova do fatalismo luso, ajude-me e pergunte pelo menos a 5 amigos se dizem Bem-me-quer ou Malmequer. Depois da resposta, ensinem os sujeitos experimentais a dizer sempre “Bem-me-queres” em vez de Malmequeres. Por exemplo mostrem-lhes 100 cartões com diferentes flores onde repetem aleatoriamente 10 vezes a imagem que vos publicono final desta teoria pertinente. Se responderem mal, corrijam, até atingirem um sucesso de cem por cento. Esses 5 amigos terão de fazer o mesmo a mais 5 amigos e assim sucessivamente até ao último falante da Língua Portuguesa fazer tal aprendizagem.
Esta campanha será mais bonita que a foleirada das bandeirinhas na janela! Juntos faremos mais por um Portugal positivo! Vamos ser mais alegres! Vamos acreditar que vai tudo correr bem! Vamos ser felizes! E vamos acabar com a injustiça da "Bem-me-quer", futura ex-Malmequer, que pouca sorte tem em nascer em Portugal ao estar condenada às más fortunas do amor lusitano. G.F.
segunda-feira, maio 29, 2006
cito um Amigo que escreveu melhor que ninguém acerca um tempo que partilhei.
Há exactamente um ano, a 29 Magio de 2005, estavamos a dar o primeiro concerto. Tenho andado a escrever sobre esse tempo, sobre a banda que tivemos, sobre a primeira vez que pisei um palco como vocalista de um grupo de rock, sobre a vontade maior de ir aos ensaios que às aulas, sobre a fraternidade que se criou entre aquelas gentes europeias. Sobre isso o Tiago, o maior guitarrista erasmus de todos os tempos, também deve ter sentido falta, quando escreveu:
«Pois... A vida que nos prometemos está sempre em desalinho com a vida que nos permitimos.
Existe uma semente de promessa de vida em cada um de nós, mas parece que a só alguns é permitido vê-la germinar.
Mais difícil ainda é quando nos é permitido viver essa promessa por um instante, para logo de seguida cairmos sem mais na realidade pesada do quotidiano. Esse que vive do adiamento ou da resmunguice, da incompletude ou da disciplinada acomodação.
Viver na nostalgia da vida que poderá vir a ser, porque já assim foi, porque trazemo-la connosco, insistindo inquieta e impaciente nos meandros da nossa alma: tal o fado dos que fizeram de Erasmus um tempo fora do tempo.» Pai Jordas
«Pois... A vida que nos prometemos está sempre em desalinho com a vida que nos permitimos.
Existe uma semente de promessa de vida em cada um de nós, mas parece que a só alguns é permitido vê-la germinar.
Mais difícil ainda é quando nos é permitido viver essa promessa por um instante, para logo de seguida cairmos sem mais na realidade pesada do quotidiano. Esse que vive do adiamento ou da resmunguice, da incompletude ou da disciplinada acomodação.
Viver na nostalgia da vida que poderá vir a ser, porque já assim foi, porque trazemo-la connosco, insistindo inquieta e impaciente nos meandros da nossa alma: tal o fado dos que fizeram de Erasmus um tempo fora do tempo.» Pai Jordas
quinta-feira, maio 25, 2006
Sou um “não infeliz” e tenho saúde. Falta-me sempre viajar para me sentir completo. Queria viajar mais, mas sou novo, ainda me falta dinheiro. Já sei que amanhã poderei estar mais rico (assim o espero) mas então vai-me faltar tempo. No dia em que tiver tempo e dinheiro, terei pouca saúde. Resta esperar que seja então feliz, sem precisar de partidas. G.F.
A última grande canção de Caetano Veloso
Pesar do mundo
pesar de tudo
pesar do peso
pesar do mundo
sobre si mesmo
pesar de nuvem
pesar de chumbo
pesar de pluma
pesar do mundo
desponta estrela
no vão imenso
por ti suspenso
à tua espera
tudo se afronta
pedra com pedra
a própria onda
quando se quebra
a melodia
onde me leva
onde alivia
onde me pesa
tudo se agita
durante a queda
o que sustenta
a nossa terra?
e nesse quando
somente um ritmo
peso e balanço
um som legítimo
canção sem medo
de você pra mim
ó meu segredo
te rezo assim:
desde o princípio
ao ponto cego
eu arremesso
um eco sem fim
José Miguel Wisnik
Paulo Neves
2005
domingo, maio 14, 2006
Diálogos imaginários no céu I
Há muito que Sigmund queria encontra-lo e fazer-lhe uma pergunta. Um dia, depois do pequeno almoço cruzaram-se. Sigmund não resisitiu:
"Senhor Luther King, por acaso não tem tido mais sonhos?" G.F.
"Senhor Luther King, por acaso não tem tido mais sonhos?" G.F.
sábado, maio 13, 2006
mas não sozinhos
Então parámos tudo o que estávamos a fazer e começámos a olhar de um para o outro. Não porque houvesse muito por fazer e pouco por dizer. Apenas nos desligámos de fora. Pusemos o mundo no “off”. Ou nem sei se chegámos em algum momento a recarregar no power. Talvez tivesse sido a bateria a acabar por si própria. Estávamos ali. Nus mas não sozinhos. Sem música. Sem quadros. Dançámos e retratámo-nos. Estávamos nus e não sozinhos. Contámo-nos e éramos mais que a soma dos dois. Então quisemos esquecer as contas e resolvermos num impulso martelar todas as calculadoras que tínhamos em casa. Não sobrou nem um sinal de subtracção. Quisemo-nos multiplicar outra vez. Tirámos as teclas de todos os teclados e eu escrevi-te com elas uma canção de amor. Depois escondeste os tabus no sótão entre os livros que nunca quisemos ler e aqueles velhos colchões de molas gastas. Encontrámos uma lista telefónica de 1963 e decidimos que nome dar a um filho. Depois voltámos a virar costas ao planeta e ficámos outra vez sós. Quase no final ainda me voltaste a dizer que não te sentias sozinha. Mesmo estando nua. G.F.
terça-feira, abril 25, 2006
post-it pos-love
Enquanto dura o amor, as reles canções tornam-se óptimas. Quando o amor termina, as boas canções tornam-se geniais. G.F.
segunda-feira, abril 24, 2006
não esquecer Abril.
Poema pouco original do medo
O medo vai ter tudo
pernas
ambulâncias
e o luxo blindado
de alguns automóveis
Vai ter olhos onde ninguém o veja
mãozinhas cautelosas
enredos quase inocentes
ouvidos não só nas paredes
mas também no chão
no teto
no murmúrio dos esgotos
e talvez até (cautela!)
ouvidos nos teus ouvidos
O medo vai ter tudo
fantasmas na ópera
sessões contínuas de espiritismo
milagres
cortejos
frases corajosas
meninas exemplares
seguras casas de penhor
maliciosas casas de passe
conferências várias
congressos muitos
óptimos empregos
poemas originais
e poemas como este
projectos altamente porcos
heróis
(o medo vai ter heróis!)
costureiras reais e irreais
operários
(assim assim)
escriturários
(muitos)
intelectuais
(o que se sabe)
a tua voz talvez
talvez a minha
com certeza a deles
Vai ter capitais
países
suspeitas como toda a gente
muitíssimos amigos
beijos
namorados esverdeados
amantes silenciosos
ardentes
e angustiados
Ah o medo vai ter tudo
tudo
(penso no que o medo vai ter
e tenho medo
que é justamente
o que o medo quer)
O medo vai ter tudo
quase tudo
e cada um por seu caminho
havemos todos de chegar
quase todos
a ratos
Sim
ratos
Alexandre O'Neil
O medo vai ter tudo
pernas
ambulâncias
e o luxo blindado
de alguns automóveis
Vai ter olhos onde ninguém o veja
mãozinhas cautelosas
enredos quase inocentes
ouvidos não só nas paredes
mas também no chão
no teto
no murmúrio dos esgotos
e talvez até (cautela!)
ouvidos nos teus ouvidos
O medo vai ter tudo
fantasmas na ópera
sessões contínuas de espiritismo
milagres
cortejos
frases corajosas
meninas exemplares
seguras casas de penhor
maliciosas casas de passe
conferências várias
congressos muitos
óptimos empregos
poemas originais
e poemas como este
projectos altamente porcos
heróis
(o medo vai ter heróis!)
costureiras reais e irreais
operários
(assim assim)
escriturários
(muitos)
intelectuais
(o que se sabe)
a tua voz talvez
talvez a minha
com certeza a deles
Vai ter capitais
países
suspeitas como toda a gente
muitíssimos amigos
beijos
namorados esverdeados
amantes silenciosos
ardentes
e angustiados
Ah o medo vai ter tudo
tudo
(penso no que o medo vai ter
e tenho medo
que é justamente
o que o medo quer)
O medo vai ter tudo
quase tudo
e cada um por seu caminho
havemos todos de chegar
quase todos
a ratos
Sim
ratos
Alexandre O'Neil
quarta-feira, abril 19, 2006
homens, tangos e fados
«Te mato cabron se dices a alguien». Eu além de o dizer a alguém, escrevo-o aqui. Para que, na possibilidade remota de me esquecer desse momento, possa um dia ler isto e relembrar-me. Ele também não me iria matar por tão pouco. Chamar-me umas quantas vezes cabron, sim.
Aconteceu quando já vivia naquela Via Aosta há quase 5 meses. Vivia com mais dois rapazes que conheci no dia em que fui ver a primeira casa que encontrei livre., Lawrence, belga e Miguel, argentino. Quando se tem vinte e dois anos e se parte para um país diferente para se fazer “Erasmus” é como se estivéssemos a desancorar para uma guerra. Só que não vamos ter que matar ninguém, não temos quaisquer ordens de generais. Somos almirantes de um combate pessoal pelo ser forçado a crescer com outros. Outros que não falam a nossa língua, que não sabem quem sempre fomos nós. Não temos de cavar trincheiras mas estreitamos sim o fosso fronteiriço entre as diferentes nacionalidades. Não temos marmitas mas sim cantinas melhores que as do quartel-general. Não precisamos de putas porque surgem sempre algumas em cada pista prontas a não querer cobrar nada. Não vencemos pela pátria, porque a pátria tem vários heterónimos boémios ou utópicos. Não temos jipes, nem tanques. Temos bicicletas guiadas sem mãos. Olhos no céu, garrafas de vinho felizes e meio cheias. Não temos rufares autómatos nem trompetas anunciantes: cantamos sem medos. Não somos soldados, somos Homens. Partir assim, solitário, com armas de paz na mochila e fazer verdadeiros amigos que sabemos que passado um ano não partilharão a mesma oportunidade de permanecer nessa guerra fez-me saborear esperança em processo de inversão lenta. Tive saudades do futuro. Melhor, vi-me de volta a Lisboa já sem os meus companheiros de combate, apenas podendo trocar poucas linhas virtuais que tanto de vida deixam fugir ou a encontrarmo-nos casualmente, quais veteranos relembrando o que se foi, por lá longe, vivendo.
Julgo que entre homens se vive melhor que entre mulheres. Acho mesmo difícil que a palavra camarada, ou antes, a camaradagem se aplique entre mulheres. Porque entre mulheres partilha-se tudo, principalmente sentimentos. Que valor têm os sentimentos, se estão sempre a ser reciclados depois do uso, através de conversas milésimamente repetidas? Acho que dois homens que partilham esperanças, sonhos, lavagens de loiça, roubos de bicicleta, rodabotaforas, varreres infindáveis de cozinha, desilusões, arranjos de máquinas de lavar, estórias de mulheres passadas, ida às compras, só pelo facto de o fazerem e de não serem gays, só pelo facto de o fazerem compactuam muito mais entre si No final há uma amizade muito maior que entre duas raparigas que façam exactamente o mesmo, (alguma mulher que me prove aqui o contrário, ficaria feliz). Porque vivemos constantemente calados sobre o que sentimos, nas poucas horas em que abrimos a alma a outros tipos de barba por fazer como nós, conhecemos o que é a fraternidade. E porque fomos educados assim, a ser duros, quando fraquejamos percebemos o que é humanidade. Quando nos abraçamos em silêncio e damos pancadas acompanhadas de caralhadas, compreendemo-nos. Quando choramos, sabemos que não somos os únicos, nem poucos, nem fracos. Vemo-nos homens.
Aconteceu quando já vivia há quase 5 meses naquela Via Aosta. O Miguel, argentino, pegou na minha edição do «Escutismo para Rapazes» e começou a ler. Eu nunca tinha aberto o livro desde que chegara. Comecei a gozar com a sua pronúncia e a forma como lia o português. Depois falei-lhe do escutismo. Não do que era mas a forma como eu o vivia. E então lembrei-me de todas as outras guerras por mim vividas em adolescente, os amigos em Portugal, as noites de guitarras dedilhadas pela fogueira, lembrei-me depois dos meus pais, da minha irmã, das minhas raízes. Foi quando eu já embaciara os olhos que ele começou a ler “a última mensagem de BP”, num português muito mau mas bonito. Comecei a chorar, senti que também ele ou eu seríamos como o chefe dos piratas e nos estaríamos um dia a despedir. Ao mesmo tempo ele ria-se e chamava-me «portoghês páneleiro, cága pa dentro, bambino du caralho, puto maricon». Ri-me e olhei-o nos olhos e vi que também estava emocionado com o que estava escrito. Então parámos a lamechice e fomos beber duas cervejas. Há muito tempo que ele não voltava a Buenos Aires. Estava num continente distante, numa cultura diferente. Queria navegar e ter uma barca para conhecer o mundo «como os portugueses fizeram.» Nesse dia depois de almoço entrou no meu quarto antes de eu sair para comprar um cartão de telefone. Eu estava a ouvir Gotan Project e ele perguntou-me se sabia o que era uma milonga. Falámos de tango, das ruas de Buenos Aires e eu deixei-lhe o c.d. há muito que não sentia aqueles sons. Quando regressei, depois de meia hora, a porta do meu quarto estava semi aberta. Ele estava de olhos fechados, corpo de mulher invisível no ar, ensaiando com ela uns passos de tango. Antes que me gritasse «Te mato cabron se dices a alguien!» vi que dançando chorava. Percebi o quanto mais saudade era o seu Tango que o meu Fado. G.F.
Aconteceu quando já vivia naquela Via Aosta há quase 5 meses. Vivia com mais dois rapazes que conheci no dia em que fui ver a primeira casa que encontrei livre., Lawrence, belga e Miguel, argentino. Quando se tem vinte e dois anos e se parte para um país diferente para se fazer “Erasmus” é como se estivéssemos a desancorar para uma guerra. Só que não vamos ter que matar ninguém, não temos quaisquer ordens de generais. Somos almirantes de um combate pessoal pelo ser forçado a crescer com outros. Outros que não falam a nossa língua, que não sabem quem sempre fomos nós. Não temos de cavar trincheiras mas estreitamos sim o fosso fronteiriço entre as diferentes nacionalidades. Não temos marmitas mas sim cantinas melhores que as do quartel-general. Não precisamos de putas porque surgem sempre algumas em cada pista prontas a não querer cobrar nada. Não vencemos pela pátria, porque a pátria tem vários heterónimos boémios ou utópicos. Não temos jipes, nem tanques. Temos bicicletas guiadas sem mãos. Olhos no céu, garrafas de vinho felizes e meio cheias. Não temos rufares autómatos nem trompetas anunciantes: cantamos sem medos. Não somos soldados, somos Homens. Partir assim, solitário, com armas de paz na mochila e fazer verdadeiros amigos que sabemos que passado um ano não partilharão a mesma oportunidade de permanecer nessa guerra fez-me saborear esperança em processo de inversão lenta. Tive saudades do futuro. Melhor, vi-me de volta a Lisboa já sem os meus companheiros de combate, apenas podendo trocar poucas linhas virtuais que tanto de vida deixam fugir ou a encontrarmo-nos casualmente, quais veteranos relembrando o que se foi, por lá longe, vivendo.
Julgo que entre homens se vive melhor que entre mulheres. Acho mesmo difícil que a palavra camarada, ou antes, a camaradagem se aplique entre mulheres. Porque entre mulheres partilha-se tudo, principalmente sentimentos. Que valor têm os sentimentos, se estão sempre a ser reciclados depois do uso, através de conversas milésimamente repetidas? Acho que dois homens que partilham esperanças, sonhos, lavagens de loiça, roubos de bicicleta, rodabotaforas, varreres infindáveis de cozinha, desilusões, arranjos de máquinas de lavar, estórias de mulheres passadas, ida às compras, só pelo facto de o fazerem e de não serem gays, só pelo facto de o fazerem compactuam muito mais entre si No final há uma amizade muito maior que entre duas raparigas que façam exactamente o mesmo, (alguma mulher que me prove aqui o contrário, ficaria feliz). Porque vivemos constantemente calados sobre o que sentimos, nas poucas horas em que abrimos a alma a outros tipos de barba por fazer como nós, conhecemos o que é a fraternidade. E porque fomos educados assim, a ser duros, quando fraquejamos percebemos o que é humanidade. Quando nos abraçamos em silêncio e damos pancadas acompanhadas de caralhadas, compreendemo-nos. Quando choramos, sabemos que não somos os únicos, nem poucos, nem fracos. Vemo-nos homens.
Aconteceu quando já vivia há quase 5 meses naquela Via Aosta. O Miguel, argentino, pegou na minha edição do «Escutismo para Rapazes» e começou a ler. Eu nunca tinha aberto o livro desde que chegara. Comecei a gozar com a sua pronúncia e a forma como lia o português. Depois falei-lhe do escutismo. Não do que era mas a forma como eu o vivia. E então lembrei-me de todas as outras guerras por mim vividas em adolescente, os amigos em Portugal, as noites de guitarras dedilhadas pela fogueira, lembrei-me depois dos meus pais, da minha irmã, das minhas raízes. Foi quando eu já embaciara os olhos que ele começou a ler “a última mensagem de BP”, num português muito mau mas bonito. Comecei a chorar, senti que também ele ou eu seríamos como o chefe dos piratas e nos estaríamos um dia a despedir. Ao mesmo tempo ele ria-se e chamava-me «portoghês páneleiro, cága pa dentro, bambino du caralho, puto maricon». Ri-me e olhei-o nos olhos e vi que também estava emocionado com o que estava escrito. Então parámos a lamechice e fomos beber duas cervejas. Há muito tempo que ele não voltava a Buenos Aires. Estava num continente distante, numa cultura diferente. Queria navegar e ter uma barca para conhecer o mundo «como os portugueses fizeram.» Nesse dia depois de almoço entrou no meu quarto antes de eu sair para comprar um cartão de telefone. Eu estava a ouvir Gotan Project e ele perguntou-me se sabia o que era uma milonga. Falámos de tango, das ruas de Buenos Aires e eu deixei-lhe o c.d. há muito que não sentia aqueles sons. Quando regressei, depois de meia hora, a porta do meu quarto estava semi aberta. Ele estava de olhos fechados, corpo de mulher invisível no ar, ensaiando com ela uns passos de tango. Antes que me gritasse «Te mato cabron se dices a alguien!» vi que dançando chorava. Percebi o quanto mais saudade era o seu Tango que o meu Fado. G.F.
sábado, abril 15, 2006
doença
Entre palavras e fases experimentais, uma frase dita pela Rosa Cabral, co-encenadora do Grupo de Teatro Ultimacto que gostava de repartir com vós, outros. «O Teatro é como uma doença, só contagia se houver presença.»
obrigado.
Já houve dias em que vim aqui e pensei acabar de vez com os comentários, outros em que vinha de hora em hora ver se mais alguém me tinha vindo ler. Talvez ainda não tenha acabado de vez com a hipótese dos comentários por uma questão de preguiça. Gosto muito mais de receber mails mas a verdade é que não respondo. Talvez porque depois de alguma coisa escrita e publicada ou impressa já não há resposta a dar, foi e é o que está lá até a última pessoa ler, até desaparecer com o tempo. Ou talvez por uma questão de procrastinação. Contudo poderia apenas responder com um obrigado e sei que não o costumo fazer.
Porém, gosto de saber que quem me lê sorri, ou sente qualquer coisa, de orgânico, físico. Me sente as palavras na pele, ou nos músculos faciais ou nas entranhas se não fosse pedir muito. Gosto de pensar que há por aqui alguém que se identifica comigo. Ou que se afasta de mim. Gosto de me imaginar narcisicamente a ser perseguido uma legião de fans espirituosas e em bikinis a gladiarem-se contra uma legião de críticos de laço e cachimbo. Gosto de saber que existem pessoas (com quem me cruzo, com quem eu falo ou que nem da sua existência tenho conhecimento) que me vão conhecendo melhor desta forma. Meio este tantas vezes enganador, mitificador e sempre limitante.
Gratifica-me ler os amigos com as palavra escritas bastantes para dizermos o quanto gostamos uns dos outros. Dizer e contar algumas das coisas é o meu veículo de humanidade privilegiado. Quando escrevo sinto-me vivo, absorvo e por instantes quase que controlo a realidade. Mais que um captar de imagens, de pequenos quadros em forma de ideias a “trebuchet”, com isto eu estou de facto a construir e ao mesmo tempo a brincar. A brincar com ideias, a deitar fora estruturas, a fazer o que bem quero. Talvez isto não seja bem verdade. Porque assino com o meu nome, às vezes não me consigo olvidar de quem são as pessoas que aqui aparecem. Quando isso acontece paro de escrever. O que publico tem sido sempre em função desses vultos estranhos, que englobam em si todos os “tus” que me lêem. Sempre me ensinaram a não responder a estranhos, mas eu sempre gostei de lhes perguntar qualquer coisa. Sentir que um estranho é um amigo que ainda não tivemos a oportunidade de conhecer. Depois partir e prosseguir com a utópica diminuição da estranheza. Talvez através de um blogue quisesse conhecer todo o mundo e augurasse que todo o planeta me conhecesse ou conhecesse o G.F. Pensando bem, talvez tivesse de escrever em chinês e em inglês (e nunca me auto referir na terceira pessoa do singular).
Estes deambulares iniciais porquê? Para agradecer a todos os que já comentaram algum post, aos que já me escreveram mails, e aos 17 mil visitantes que têm vindo ao Oráculo aterrar desde o início, desde o ano passado ou desde hoje. Tenho a certeza que desses 17 mil, apenas 20 são pessoas diferentes. (Se quiserem deixem aqui nos comentários um «passei por aqui». Será mais bonito que qualquer site de estatísticas e poderei abrir um pouco o pano do lado de aí. O lado onde vocês estão sentados. Anónimos ou heterónimos ou pseudónimos ou alcunhas ou apelidos ou nomes próprios, deixem-nos por aqui. Sabe muito melhor que ao vivo, porque quando um gajo que escreve ouve qualquer comentário, primeiro não sabe onde se esconder com a vergonha, como se tivesse sido despido em centésimos de segundo e além disso sente-se que aquilo deveria ser comunicado a outra pessoa, a um outro eu. Isto é, a escrita devia ficar para quem a escreve e para quem a lê. Resumindo, se quiserem comentar qualquer coisa, comentem aqui.)
Enquanto houver algum caminho por onde andar, acho que vou continuar. Vou estando por ali a recolher vidas nas paragens. Obrigado, vemo-nos logo. G.F.
vita
Foi o Rui que a encontrou nas paredes dessa que se tornou cidade de ambos. Deixo-a aqui dedicada aos também outros que fazem parte desse "ambos".
Ode alla vita
Lentamente muore chi diventa schiavo dell'abitudine,
ripetendo ogni giorno gli stessi percorsi,
chi non cambia la marca,
chi non rischia e cambia colore dei vestiti,
chi non parla a chi non conosce.
Muore lentamente chi fa della televisione il suo guru.
Muore lentamente chi evita una passione,
chi preferisce il nero su bianco e i puntini sulle 'i'
piuttosto che un insieme di emozioni,
proprio quelle che fanno brillare gli occhi,
quelle che fanno di uno sbadiglio un sorriso,
quelle che fanno battere il cuore davanti all'errore e ai sentimenti.
Lentamente muore chi non capovolge il tavolo,
chi è infelice sul lavoro,
chi non rischia la certezza per l'incertezza, per inseguire un sogno,
chi non si permette almeno una volta nella vita di fuggire ai consigli sensati.
Lentamente muore chi non viaggia,
chi non legge, chi non ascolta musica,
chi non trova grazia in se stesso.
Muore lentamente chi distrugge l'amor proprio,
chi non si lascia aiutare;
chi passa i giorni a lamentarsi della propria sfortuna o della pioggia incessante.
Lentamente muore chi abbandona un progetto prima di iniziarlo,
chi non fa domande sugli argomenti che non conosce,
chi non risponde quando gli si chiede qualcosa che conosce.
Evitiamo la morte a piccole dosi,
ricordando sempre che essere vivo
richiede uno sforzo di gran lunga maggiore del semplice fatto di respirare.
Soltanto l'ardente pazienza porterà al raggiungimento di una splendida felicità.
Pablo Neruda
Ode alla vita
Lentamente muore chi diventa schiavo dell'abitudine,
ripetendo ogni giorno gli stessi percorsi,
chi non cambia la marca,
chi non rischia e cambia colore dei vestiti,
chi non parla a chi non conosce.
Muore lentamente chi fa della televisione il suo guru.
Muore lentamente chi evita una passione,
chi preferisce il nero su bianco e i puntini sulle 'i'
piuttosto che un insieme di emozioni,
proprio quelle che fanno brillare gli occhi,
quelle che fanno di uno sbadiglio un sorriso,
quelle che fanno battere il cuore davanti all'errore e ai sentimenti.
Lentamente muore chi non capovolge il tavolo,
chi è infelice sul lavoro,
chi non rischia la certezza per l'incertezza, per inseguire un sogno,
chi non si permette almeno una volta nella vita di fuggire ai consigli sensati.
Lentamente muore chi non viaggia,
chi non legge, chi non ascolta musica,
chi non trova grazia in se stesso.
Muore lentamente chi distrugge l'amor proprio,
chi non si lascia aiutare;
chi passa i giorni a lamentarsi della propria sfortuna o della pioggia incessante.
Lentamente muore chi abbandona un progetto prima di iniziarlo,
chi non fa domande sugli argomenti che non conosce,
chi non risponde quando gli si chiede qualcosa che conosce.
Evitiamo la morte a piccole dosi,
ricordando sempre che essere vivo
richiede uno sforzo di gran lunga maggiore del semplice fatto di respirare.
Soltanto l'ardente pazienza porterà al raggiungimento di una splendida felicità.
Pablo Neruda
Sobre a Páscoa, sobre o mundo e sobre mim, entretanto desactualizaram-se alguns factos, outros nomes tornaram-se passado. Contudo a opinião é a mesma e por não ter mais nada para dizer nestes dias, ou tendo mas não achando razão para, deixo aqui um post com duas Páscoas de vida.
Domingo de Aleluia em directo da TVI. Morte e Ressurreição de Cristo, velas a 0,5 euros. O raio do estúpido coelho e a sua distribuição de ovos. Operação Páscoa: 4 mortos nas estradas. Kinder supresa, esta semana no sítio do costume.
A actual Páscoa é – me ridícula. Um pretexto para as marcas de chocolate, amêndoas e os T2 de Albufeira facturem aquilo que não poderão noutras alturas. Uma festa da Igreja que tantos desejam uns aos outros de “feliz”. Mas o que é uma Páscoa feliz? Porque não nos limitamos a dizer boas férias, boa praia, boa viagem? Uns agnósticos, outros apáticos, vamo-nos ressuscitando sim, mas sempre na fuga para a frente, de tanga, trabalhando o bronzeado artificial e rápido, fingindo que somos tropicais invadindo praias, disfarçando-nos de adinheirados em pistas de ski sintéticas. Serve a Páscoa de pretexto para muitos verem as famílias que esquecem durante todo o ano. Para falar das vidas de cada um que tornarão a repetir em estórias no próximo Natal.
Mas há quem se lembre de Jesus. Há quem se lembre do dele e dos seus calvários: um rol de 3 ou 4 Cristos por canal de televisão, sempre de barba bem tratada e olhos claros, trata de fazer esse serviço de memorização. Os que se dizem praticantes mas muitos já sem fé, esses, multiplicam-se pelas procissões cadenciadas ao ritmo obsoleto da tradição, do rito. Repetem-se evangelhos, palavras sagradas. Os coros de velhas cantam estridentemente Aleluia! Aleluia!. «Amarmo-nos uns aos outros como eles nos amou». Como os radicais xiitas amam os sunitas, como Yasser ama Sharon, como Bush ama o Protocolo de Kioto e o desarmamento nuclear americano, como o Bloco de Esquerda ama o Portas, o Partido Comunista a liberdade de expressão, como o Le Pen ama os magrebinos, como a Britney Spears ama a virgindade.
Esta metade, a cínica, vai fazendo as manchetes. Porque a outra metade de gente que ainda aqui vivemos felizes não fazemos notícia. A condição voyeur humana, a masturbação da dor vizinha, o esgravatar o sofrimento dos pares, o hipnotismo pelas fustigações alheias, o deslumbre pela decadência do próximo, qual ritual neodarwiano psicológico de sobrevivência, esses sim fazem as parangonas, headlines, punchlines, highlits e exclusives do nosso bombardeamento informativo quotidiano. A outra metade que apenas se propõe a hiperbolizar a boa acção entre os povos não é falada. Porque dizem os novos sábios que o Homem é naturalmente mau e condenado ao fracasso, que a competição é vantajosa em relação à cooperação. E esta vai sendo cada vez menos noticia. E nós vamos sendo cada vez menos notícia e cada vez menos. Porque somos utópicos e pouco rentáveis. Porque ajudar sem esperar recompensa não nos dá cartões gold. E assim alguns de nós vamos existindo, acreditando mais no Homem, não em Deus pois acho que o seu único e sólido argumento é o de não existir. Ou mesmo acreditando Nele, e já que o inventámos à medida das explicações de quem somos e dos sonhos de quem seremos, pedimos que Ele acredite na nossa redenção, no «escapar da escravidão mental». Usando-o na tentativa de esquecer que estamos abandonados, entregues à procura de algo ou alguém que nos faça sentir pertença. Mesmo sabendo que a Humanidade acaba por tragar aqueles que mais a tentam perceber e amar, vamos existindo assim nesse enigma ao mesmo tempo agonizante e reconfortante: Teremos um dia a Paz , a Liberdade global dos Povos? Se realmente podemos mudar-nos e mudar os outros, só através da acção, através da Arte, da produção de Cultura, do Criar, do poder da reificação humana que nos é inerente, é que realmente poderemos descobrir, no fim, que foi ou não possível construir essa mudança. Voltaire, Ghandi, Luther King entre milhares de nomes famosos e anónimos acreditaram. Jesus acreditou em nós. Morreu por uma causa. Talvez nós possamos, mas também temos de acreditar. Falta-nos, mais que a fé, a vontade de combater a inércia de descobrir que podemos vencer, podemos de facto mudar. Eu hoje poderia ter ganho o totoloto. Sonhei com o que faria com 1 milhão e 400 mil contos, troquei listas de compras imaginárias com uma pessoa que cepticamente me dizia que é mesmo muito remotamente provável acertar o 6. Mas a verdade é que nem eu nem ela alguma vez preenchemos um boletim. G.F.
A actual Páscoa é – me ridícula. Um pretexto para as marcas de chocolate, amêndoas e os T2 de Albufeira facturem aquilo que não poderão noutras alturas. Uma festa da Igreja que tantos desejam uns aos outros de “feliz”. Mas o que é uma Páscoa feliz? Porque não nos limitamos a dizer boas férias, boa praia, boa viagem? Uns agnósticos, outros apáticos, vamo-nos ressuscitando sim, mas sempre na fuga para a frente, de tanga, trabalhando o bronzeado artificial e rápido, fingindo que somos tropicais invadindo praias, disfarçando-nos de adinheirados em pistas de ski sintéticas. Serve a Páscoa de pretexto para muitos verem as famílias que esquecem durante todo o ano. Para falar das vidas de cada um que tornarão a repetir em estórias no próximo Natal.
Mas há quem se lembre de Jesus. Há quem se lembre do dele e dos seus calvários: um rol de 3 ou 4 Cristos por canal de televisão, sempre de barba bem tratada e olhos claros, trata de fazer esse serviço de memorização. Os que se dizem praticantes mas muitos já sem fé, esses, multiplicam-se pelas procissões cadenciadas ao ritmo obsoleto da tradição, do rito. Repetem-se evangelhos, palavras sagradas. Os coros de velhas cantam estridentemente Aleluia! Aleluia!. «Amarmo-nos uns aos outros como eles nos amou». Como os radicais xiitas amam os sunitas, como Yasser ama Sharon, como Bush ama o Protocolo de Kioto e o desarmamento nuclear americano, como o Bloco de Esquerda ama o Portas, o Partido Comunista a liberdade de expressão, como o Le Pen ama os magrebinos, como a Britney Spears ama a virgindade.
Esta metade, a cínica, vai fazendo as manchetes. Porque a outra metade de gente que ainda aqui vivemos felizes não fazemos notícia. A condição voyeur humana, a masturbação da dor vizinha, o esgravatar o sofrimento dos pares, o hipnotismo pelas fustigações alheias, o deslumbre pela decadência do próximo, qual ritual neodarwiano psicológico de sobrevivência, esses sim fazem as parangonas, headlines, punchlines, highlits e exclusives do nosso bombardeamento informativo quotidiano. A outra metade que apenas se propõe a hiperbolizar a boa acção entre os povos não é falada. Porque dizem os novos sábios que o Homem é naturalmente mau e condenado ao fracasso, que a competição é vantajosa em relação à cooperação. E esta vai sendo cada vez menos noticia. E nós vamos sendo cada vez menos notícia e cada vez menos. Porque somos utópicos e pouco rentáveis. Porque ajudar sem esperar recompensa não nos dá cartões gold. E assim alguns de nós vamos existindo, acreditando mais no Homem, não em Deus pois acho que o seu único e sólido argumento é o de não existir. Ou mesmo acreditando Nele, e já que o inventámos à medida das explicações de quem somos e dos sonhos de quem seremos, pedimos que Ele acredite na nossa redenção, no «escapar da escravidão mental». Usando-o na tentativa de esquecer que estamos abandonados, entregues à procura de algo ou alguém que nos faça sentir pertença. Mesmo sabendo que a Humanidade acaba por tragar aqueles que mais a tentam perceber e amar, vamos existindo assim nesse enigma ao mesmo tempo agonizante e reconfortante: Teremos um dia a Paz , a Liberdade global dos Povos? Se realmente podemos mudar-nos e mudar os outros, só através da acção, através da Arte, da produção de Cultura, do Criar, do poder da reificação humana que nos é inerente, é que realmente poderemos descobrir, no fim, que foi ou não possível construir essa mudança. Voltaire, Ghandi, Luther King entre milhares de nomes famosos e anónimos acreditaram. Jesus acreditou em nós. Morreu por uma causa. Talvez nós possamos, mas também temos de acreditar. Falta-nos, mais que a fé, a vontade de combater a inércia de descobrir que podemos vencer, podemos de facto mudar. Eu hoje poderia ter ganho o totoloto. Sonhei com o que faria com 1 milhão e 400 mil contos, troquei listas de compras imaginárias com uma pessoa que cepticamente me dizia que é mesmo muito remotamente provável acertar o 6. Mas a verdade é que nem eu nem ela alguma vez preenchemos um boletim. G.F.
rebenta
Existem pequenas coisas, objectos, lugares ou sons nas e das relações que quando estas findam, adquirem maior importância do que quem nelas se envolveu. Numa tarde de descanso e de zaping, o último diálogo do que eu penso ter sido uma curta metragem do canal Hollywood, fez-me encontrar também algum paralelismo com isso.
« -A minha namorada traiu-me ontem com o meu melhor amigo. Nunca pensei poder um dia encontra-los os dois, naquela ponte, aos beijos e mais alguns apalpões.
- O que estás a pensar fazer em relação a isso?
- Vou rebentar com a ponte.»
segunda-feira, março 27, 2006
entre despertos
Acordas desembalado pela polifonidade finlandesa e sentes que o mundo ai está para mais uma jornada de hábitos. Gostas de costumes porque sabes que existem tardes que os fazem esquecer, existem noites sem rotinas e outras manhãs com trago a verões de futeboladas despreocupadas na praia. Acordas, mas sucumbes ao dormir respeitando a mãe dos vícios que é preguiça. Então começas a viagem de comboio inconsciente, sentado lá atrás, na última carruagem a inspirar futuro olhando um passado que te vai acenando na despedida. Sentes o vento, fechas os olhos e adormeces convencido que quinze minutos bastarão para não teres mais sono. Atravessas campos em que gemem restolhos, paras em cidades de mulheres bonitas, que se querem amar contigo e deixar-te no dia seguinte para te dar a oportunidade de puderes conhecer outras. Como em cada episódio do Macgyver. E também tens o teu canivete. Levas mais que isso na tua mochila. Sandes feitas pela mãe de véspera. Talvez de ovo mexido mas não te lembras porque das coisas mais difíceis de nos lembrarmos é do que uma mãe nos diz acerca da necessidade de usar determinada peça em função temperatura exterior ou de comida. Naquele bolso de cima já com o fecho estragado levas uma máquina fotográfica que nunca vais usar e te vais arrepender disso quando a viagem acabar. Vais tirar sete fotos, em que cinco são de paisagens belas mas desenquadradas, uma tua com cara de parvo e outra de uma natureza morta no meio de uma praça que, por segundos e só naquela praça e só na tua cabeça, te parecia um momento de arte. Levas água numa garrafa de Evian. Essa água é da torneira e como é de Lisboa até é das águas da companhia melhores da Europa. Pelo menos sempre o ouviste dizer. Não tens nada a esconder e viajas lá atrás, a expirar passado, imaginando atrás de ti a surpresa da próxima paragem. Tocas guitarra e harmónica quando está sol. À noite, depois das despedidas, saxofone. Umas vezes choras com as coisas que se dizem bonitas entre dois beijos, noutras ris-te de coisas ridículas como a sonoridade da frase “lambe-me a glande”. Às vezes lembras-te de escrever qualquer coisa no Moleskine que compraste há um ano e apercebeste da arrogância intelectual em forma de post- its próprios de frigoríficos suburbanos. O mundo é-te portátil e fazes o que quiseres com ele. Tu agora és a barra do arkanoide mas teimas em fazer game-over porque nunca te mexes. Ès a bola na trave e no poste, quase aquilo que poderia ter sido o golo do ano. E no mesmo instante uma nota de 100 euros voa na tua direcção e tu guarda-la na mochila. Vais querer poupa-la. Mas depois, na próxima paragem vais gastar em imperiais, calças que só vais vestir duas vezes porque te esqueceste de pôr a lavar a tempo as outras, idas aqui e ali em datas que não farão parte de calendários revistos amanhã, livros aconselhados que vais ler na diagonal porque na televisão não estava a dar mesmo nada de jeito. Paras em aldeias desconhecidas. Tornas-te líder político e fazes a revolução. Iças bandeiras, fazes amor com mulheres de esquerda, comemoras com bom vinho e fodes mulheres de direita. Tornas-te símbolo sexual, e todos querem um pouco de ti. Decides fugir porque sabes que só queremos permanecer num lugar onde os espelhos nos amem rugas. Continuas sentado lá atrás, a linha recta, as casas que fogem de ti como bólides. Se fechares bem os olhos aquela é a tua Caravela mas o Homem do Leme não és tu. Gostas de estar lá atrás, porque há um vento que te foge e lá mesmo na frente já deve estar o outro a gritar megalómano que é o rei do mundo. Abres a mochila e sacas de uma máscara grega. Não sabes se fazer uma tragédia ou uma comédia com a vida e oferece-la ao revisor que entretanto chega e se senta ao pé de ti, cansado de trabalhar. Abre uma garrafa de Vodka, e depois de metade confessa-te que gostava de ter sido guarda-redes, mas depois veio a comissão na Guiné. Reparas que ele não tem uma mão e lembras-te daquele episódio do Tsubasa em que o guarda redes defendeu um penaltie de costas para a bola porque uma das mãos estava engessada. Riem-se os dois e ele leva a máscara posta ao mesmo tempo que trauteia La Traviata de Verdi. O comboio pára mais uma vez e então crianças enchem todas as carruagens. Vais ter com elas e contas-lhe a pior anedota de sempre e eles depois querem que a conte vezes sem conta com diferentes pronúncias. Dizes que já foste à Lua três vezes e meia porque numa o foguetão teve um furo e não havia macaco. Que dentro do teu armário vive um dinossauro chamado Jeremias. Eles pensam que és louco mas não pensam que és mentiroso e isso deixa-te feliz. Dão-te carteiras de cromos da panini com o perfume do descolar que em milésimos de segundos te transporta à tua infância. Agora são teus amigos para sempre. Ao mesmo tempo pensas se terás tempo na vida para fazer qualquer tipo de colecções. Descansas a cabeça nas mãos e sentes a barba que nunca quiseste ter. Lembraste daquela manhã em que ela a te desfez suavemente entre carícias. A mochila então já não te pesa. Lá dentro ainda tens alguns aleluias, uma bússula, duas fisgas, manuais de tolerância, uma cafeiteira, um poema de Ricardo Reis, corta-unhas, panfletos do professor caramba, um contra-baixo desmontável, imagens mentais da Scarlet Johansen para as madrugadas de solidão, fotos desfocadas de amores finitos, um baralho de cartas onde falta o às de copas, uma agenda de números de telémovel para quem nunca ligaste, canetas bic quase gastas, guardanapos de café sujos de creme das bolas-de-berlim de ontem e, entre muitas outras coisas estapafúrdias ou úteis ou essenciais, também vislumbras alguns tipos diferentes de esperança. Fora da mochila tens lama e o cheiro da terra molhada. Decides tirar uma bússola que não funciona e decides que talvez estejas a ir para Sul. Pelo menos está calor. Vês camelos. Estão engravatados e viajam para um meeting de outsourcing em primeira classe. Antes de parar mais uma vez, saltas ao passar numa duna. Cais, rebolas durante vinte minutos ao mesmo tempo que te consegues lembrar que as dunas não são divãs nem biombos. Chegas ao Fim do Mundo, diz a placa. Tudo ali está prestes para acabar. Aos presentes ainda lhes falta o laço. Nas pastelarias ao bolo ainda falta a cereja. Aos que estão atrasados para o emprego ainda falta calçarem-se e ver no espelho se estão menos feios do que o que são antes de saírem. Aos poetas falta-lhes o último verso. Aquela rapariga tímida que já escreveu o mail para o rapaz que não sabe da sua existência ainda lhe falta o clicar no enviar. À outra, menos tímida, falta-lhe vir-se. Custa-te estar ali e mais uma vez te escapas, tentando encontrar terras sem fechaduras onde ninguém tomasse à letra o que pensasses e o caos fosse arrumado com base sólidas em amores eternos. O comboio esperava por ti porque também não tinha mais passageiros. Sentas-te no mesmo sítio, lá atrás, suspirando pelo presente, rindo com o passado, sorrindo com o futuro. Resolves escrever a marcador um poema com três versos, no chão da carruagem. Um poema que será pisado e pouco lido. Vês, ao longe gentes, que por estarem pouco perto estão pequenas. Parecem anões e divertes-te a pensar naqueles outros sete e no quanto estariam ébrios ou drogados os seus pais quando lhes decidiram dar o nome. Saber que vamos ter 7 filhos e anões não deve ser nada fácil. Soltas uma gargalhada tímida que se fosse acompanhada teria sabido melhor. Compreendes então por instantes todos os vícios do mundo. Mais os dos outros que os teus. Olhas para cada paragem e não está lá ninguém. Poderão estar à tua espera na paragem do autocarro. «Ás vezes as pessoas enganam-se». Assim, chegas àquela estação enorme e começa a entrar uma multidão que vem acercar-te. O primeiro é Deus. Deita-se de costas e adormece sem teres a oportunidade de lhe perguntar o que quer que seja. Entra também um tipo chamado Adolfo abraçado a um italiano careca que depois começam a discutir sobre que lugar a ocupar. Entre alguns tipos que te parecem familiares e uma selecção de voleyball brasileira que não tira os olhos de ti, vês a tua avó que te afaga as bochechas e te diz meu rico menino. Trouxe-te rabanadas que não comias há mais de dez anos. Depois chegam poetas famosos, trazem telas, pincéis e pintam-te o que tinhas acabado de pensar. Chegam pintores consagrados e começam a escrever canções que gostavas de cantar. O comboio viaja cada vez mais rápido e tudo é uma espécie de carrossel parisiense mas sem a base da Torre Eiffel a aparecer de dez em 10 segundos. È um carrossel pelo universo. Tu vais lá atrás a cantar, as brasileiras a fazer strip, Deus sem acordar, a tua avó a fazer croquetes para todos, os putos mais preocupados em imaginar que estão a chegar à lua, as caras familiares completamente embriagadas e tu a olhar para trás a pensar nas pessoas que já fizeram parte intima da tua viagem e que por algum motivo tiverem de se apear. Essas gentes que dividiram pouco espaço e multiplicaram entregas, acenam-te com nostálgica distância. Essas gentes que são algo de ti e onde também deixaste malas de ti mesmo. Gentes sem teu presente mas jamais ausentes surgem em cada curva ferroviária.
E tu decides ir para a locomotiva. Lá, final de tarde de primavera, televisão ligada na final da champions league em que joga o teu clube, cotovelo esquerdo na janela enquanto comes aquele gelado de Bolonha, sorriso à Tom Sawyer, mente no horizonte e mão direita que faz desencadear um lento e sonoro apitar que se tranforma no teu despertador para o embalo quotidiano. Descobres que foi um sonho, mas o sorriso já ninguém te tira. G.F.
sábado, março 04, 2006
segunda-feira, fevereiro 13, 2006
4 notas sobre namorados
I - Amanhã é dia de São Valentim. Dia dos Namorados deviam ser todos, ou melhor, quem tem namorado devia namorar todos os dias. Namorar, conquistar, deixar ser conquistado e possuído. Possuir tendo fé. Porque namorar é também acreditar sem saber ou procurar razões. Ou acha-las num beijo que apaga o silêncio ou uma guerra. Namorar é pensar que por instantes Tony Carreira e Rebelo Pinto poderão ter sido geniais. Namorar é ser-se lamechas, ridículo e exagerado por prazer. Prazer feito de carne e comunhão despidas, poder navegar livre na Barca dos Amantes, estar vivo e morto em parte incerta, seguro de estar Dentro de quem amamos e com quem namoramos. Namorar é surpreender para cativar. Se só amanhã temos alguém em quem pensemos quando acordamos e se amanhã não sentirmos que é “para sempre”, que motivos existem para comemorar?
Como a minha namorada não está cá agora, vou escrever-lhe uma carta, tentar passar para o papel a biografia do meu amor. Aos que vão namorar amanhã descubram lugares bonitos sem outros casais, oiçam boa música para namorar em português, riam-se, reinventem-se um ao outro e no fim, durante ou no principio, façam quatro ou cinco vezes amor.
Aos que não têm namorado, uma frase que ouvi dizer no outro dia o personagem Locke, da série de culto “Lost”,: «same way anything lost is found, i stoped looking». G.F.
II - «Eu não dou nada no Dia dos Namorados, senão tinha que dar alguma coisa todos os dias e eu não tenho dinheiro para isso.» velhota que namora há 39 anos com o marido, in RTP.
III - «Um família nasce no momento em que um rapaz se apaixona perdidamente. Até agora não conheço outra alternativa.» W. Churchill
IV - Uma canção simples para os que têm algo já consumado:
Consumado
Tô louco pra fazer
Um rock pra você
Tô punk de gritar
Seu nome sem parar
Primeiro eu fiz um blues
Não era tão feliz
E de um samba-canção
Até baião eu fiz
Tentei o tchá tchá tchá
Tentei um yê yê yê
Tô louco pra fazer
Um funk pra você
E tá consumado
Tá consumado
Tá consumado
Tá consumado
Fiz uma chanson d’amour
Fiz um love song for you
Fiz una canzone per te
Para impressionar você
Pra todo mundo usar
Pra todo mundo ouvir
Pra quem quiser chorar
Pra quem quiser sorrir
Na rádio e sem jabá
Na pista e sem cair
Um samba pra você
Um rock and roll to me
E tá consumido
Tá consumido
Tá consumido
Tá consumido
Fiz uma chanson d’amour
Fiz um love song for you
Fiz una canzone per te
Para impressionar você
Arnaldo Antunes (de preferência a versão ao vivo com os clã)
Como a minha namorada não está cá agora, vou escrever-lhe uma carta, tentar passar para o papel a biografia do meu amor. Aos que vão namorar amanhã descubram lugares bonitos sem outros casais, oiçam boa música para namorar em português, riam-se, reinventem-se um ao outro e no fim, durante ou no principio, façam quatro ou cinco vezes amor.
Aos que não têm namorado, uma frase que ouvi dizer no outro dia o personagem Locke, da série de culto “Lost”,: «same way anything lost is found, i stoped looking». G.F.
II - «Eu não dou nada no Dia dos Namorados, senão tinha que dar alguma coisa todos os dias e eu não tenho dinheiro para isso.» velhota que namora há 39 anos com o marido, in RTP.
III - «Um família nasce no momento em que um rapaz se apaixona perdidamente. Até agora não conheço outra alternativa.» W. Churchill
IV - Uma canção simples para os que têm algo já consumado:
Consumado
Tô louco pra fazer
Um rock pra você
Tô punk de gritar
Seu nome sem parar
Primeiro eu fiz um blues
Não era tão feliz
E de um samba-canção
Até baião eu fiz
Tentei o tchá tchá tchá
Tentei um yê yê yê
Tô louco pra fazer
Um funk pra você
E tá consumado
Tá consumado
Tá consumado
Tá consumado
Fiz uma chanson d’amour
Fiz um love song for you
Fiz una canzone per te
Para impressionar você
Pra todo mundo usar
Pra todo mundo ouvir
Pra quem quiser chorar
Pra quem quiser sorrir
Na rádio e sem jabá
Na pista e sem cair
Um samba pra você
Um rock and roll to me
E tá consumido
Tá consumido
Tá consumido
Tá consumido
Fiz uma chanson d’amour
Fiz um love song for you
Fiz una canzone per te
Para impressionar você
Arnaldo Antunes (de preferência a versão ao vivo com os clã)
quinta-feira, fevereiro 09, 2006
Liberdade de Expressão I
Jovem que tens um blogue! Este post é para ti! Gostavas que a tua vida fosse um filme de acção, em que te visses envolvido numa perseguição kafkaniana, olhares suspeitos te investigassem em cada esquina da baixa, em que terias de fazer uma operação plástica e ir viver para uma ilha no Alasca, usar com orgulho t-shirts em árabe a dizer “persona non grata”, mudar de B.I. e possivelmente de clube no caso de seres lagarto? Gostavas que o teu blogue tivesse visitantes libaneses enraivecidos, apelidando a tua mãe de meretriz ou até pior? Gostavas simplesmente de ter mais visitantes? Então, eis a solução, copia a seguinte frase para um post teu e… Voilá. Auguro o principio de belas amizades:
MOHAMMED IS GAY
oportunidade
Quem pode lançar "opas" certamente nunca perdeu 2 segundos da vida a dizer ou pensar, «e se eu ganhasse o EuroMilhões». Eu não tenho particular interesse em lançar opas. Nem opas, nem discos, nem iscos, nem dardos, nem martelos, nem apolos 13. Mas algum dinheiro vai fazendo falta. Como tal, aproveitando uma hipótese de mercado única, encomendei pelo E-Bay a semana passada, precisamente 257 bandeiras da Dinamarca. A estas juntei mais 24 que comprei na casa das Bandeiras em Lisboa e uma que me deu uma amiga no Verão do Euro 2004. Encontrei um senegalês na Praça do Comércio a quem comprei todos os 300 isqueiros que tinha em stock. Quando chegar compro lá gasóleo, mais barato que a chuva. Amanhã parto para Teerão. Até logo pais, irmã e amigos: voltarei milionário. G.F.
P.S. - Não existe nada neste mundo que não possa ser ridicularizado ou caricaturizado. (excepto a Liberdade)
P.S. - Não existe nada neste mundo que não possa ser ridicularizado ou caricaturizado. (excepto a Liberdade)
terça-feira, fevereiro 07, 2006
I'm still getting this down
To love is to suffer. To avoid suffering one must not love. But then, one suffers from not loving. Therefore to love is to suffer, not to love is to suffer. To suffer is to suffer. To be happy is to love. To be happy then is to suffer. But suffering makes one unhappy. Therefore, to be unhappy one must love, or love to suffer, or suffer from too much happiness. I hope you're getting this down.» Woody Allen
domingo, janeiro 22, 2006
rescaldo
Cada país democrático tem o governo e o Presidente que merecem. Incluindo os 40 por cento que não foram votar porque não quiseram ou porque nem se deram ao trabalho. G.F.
La Cura
Ti proteggerò dalle paure delle ipocondrie,
dai turbamenti che da oggi incontrerai per la tua via.
Dalle ingiustizie e dagli inganni del tuo tempo,
dai fallimenti che per tua natura normalmente attirerai.
Ti solleverò dai dolori e dai tuoi sbalzi d'umore,
dalle ossessioni delle tue manie.
Supererò le correnti gravitazionali,
lo spazio e la luce
per non farti invecchiare.
E guarirai da tutte le malattie,
perché sei un essere speciale,
ed io, avrò cura di te.
Vagavo per i campi del Tennessee
(come vi ero arrivato, chissà).
Non hai fiori bianchi per me?
Più veloci di aquile i miei sogni
attraversano il mare.
Ti porterò soprattutto il silenzio e la pazienza.
Percorreremo assieme le vie che portano all'essenza.
I profumi d'amore inebrieranno i nostri corpi,
la bonaccia d'agosto non calmerà i nostri sensi.
Tesserò i tuoi capelli come trame di un canto.
Conosco le leggi del mondo, e te ne farò dono.
Supererò le correnti gravitazionali,
lo spazio e la luce per non farti invecchiare.
TI salverò da ogni malinconia,
perché sei un essere speciale ed io avrò cura di te...
io sì, che avrò cura di te...
dai turbamenti che da oggi incontrerai per la tua via.
Dalle ingiustizie e dagli inganni del tuo tempo,
dai fallimenti che per tua natura normalmente attirerai.
Ti solleverò dai dolori e dai tuoi sbalzi d'umore,
dalle ossessioni delle tue manie.
Supererò le correnti gravitazionali,
lo spazio e la luce
per non farti invecchiare.
E guarirai da tutte le malattie,
perché sei un essere speciale,
ed io, avrò cura di te.
Vagavo per i campi del Tennessee
(come vi ero arrivato, chissà).
Non hai fiori bianchi per me?
Più veloci di aquile i miei sogni
attraversano il mare.
Ti porterò soprattutto il silenzio e la pazienza.
Percorreremo assieme le vie che portano all'essenza.
I profumi d'amore inebrieranno i nostri corpi,
la bonaccia d'agosto non calmerà i nostri sensi.
Tesserò i tuoi capelli come trame di un canto.
Conosco le leggi del mondo, e te ne farò dono.
Supererò le correnti gravitazionali,
lo spazio e la luce per non farti invecchiare.
TI salverò da ogni malinconia,
perché sei un essere speciale ed io avrò cura di te...
io sì, che avrò cura di te...
do cantor e autor italiano Franco Battiato, albúm "L'imboscata", 1996
dilema
Quando são 3 horas e 32 da manhã o meu maior dilema não tem nada a ver com continuar a ler para os exame ou ir para a cama. Nem tão pouco mudar ou não mudar o meu estilo de estudo. O que mais me aflige é saber se puxo ou não o autoclismo. É decidir se faço muito barulho à noite e no outro dia à hora de almoço levar um sermão ou se sou porco e no outro dia à hora de almoço, eu, o meu pai e/ou a minha irmã levarmos um sermão. G.F.
errata
quanto ao post anterior, o meu word diz que cú não tem acento. eu acho que cú tem acento e isto é só uma manobra do meu word para me fazer levantar e ir para a cama. De qualquer forma, veremos hoje à noite que cus não terão assento.
poeta presidente
Hoje é Domingo e quando o dia estiver quase acabado, teremos um novo Presidente da Republica.
Eu, um dia, quando era mais pequeno, pensava que os poetas eram quem devia mandar no mundo. Porque sabiam dizer o que todos nós sentíamos e mais que dize-lo, sabiam faze-lo de uma forma simples e bonita de forma a pensarmos que poderíamos ter sido nós a pensar aquilo. Depois cresci e comecei a duvidar dos poetas. Comecei a pensar que eles vivessem na lua. E quem vive na lua não percebe da terra, pensei eu. Não sabe de economia, gestão, de bolsas, de acções, de direito civil, constituições, burocracias, défices, taxas de desemprego e de retomas. E comecei a ver que os poetas não se penteavam e usavam a barba por fazer. Às vezes, até nem vestiam fato!
Foi então que comecei a perceber que me tinha tornado igual aos mais velhos que também já não acreditavam nos poetas. Fiquei triste mas não encolhi os ombros. Pensei que talvez quem manda num país, numa casa, não é o Presidente, é o Primeiro Ministro. Ele é que tem o dever de saber essas contas todas complicadas, é o pai na família em que nós somos filhos. A mãe seriam os ministros que lhe fazem o trabalhinho todo por trás. Nessa altura comecei a pensar que um Presidente deveria ser um bom avô. Um avô que soubesse gerir as discussões dentro da casa, e que devido à sabedoria e experiência pudesse ter uma palavra a dizer. Um avô simpático, bochechudo e fixe, como era o Mário Soares. Lembro-me de gritar no colégio com os outros putos: «Soares é fixe ou ainda «Freitas do Amaral, lava o cú que cheira mal». Naqueles tempos mais honestos, eu gostava do meu presidente, até me lembro de ficar triste por saber que um dia ele tinha de deixar de o ser.
Depois cresci, e descobri o que leva as pessoas a quererem ser presidentes e que há avôs chatos e teimosos que ainda não perceberam que se deve dar lugar aos mais novos. Então pensei que um Presidente deveria ser alguém que não seguisse sempre o seu partido, alguém com ideias independentes e que percebesse e captasse humanidade. «Quem melhor para ser uma ponte entre um povo e um país que um poeta como líder? » voltei eu a pensar.
E comecei a pensar que um país para mudar tem de apostar sobretudo na cultura. Tem de apostar na fomentação da escrita, da leitura, da ciência, do espírito crítico e da inovação. E comecei a pensar que, talvez trabalhássemos mais e produzíssemos mais se víssemos o trabalho com outros olhos. E para ver com outros olhos é preciso conhecer a visão de outros.
E comecei a pensar que talvez conseguíssemos concorrer economicamente com o estrangeiro se tivéssemos melhores ideias. E para ter melhores ideias é preciso saber pensar. Para se saber pensar, é preciso conhecer outros que pensem.
Comecei a pensar que, talvez conhecendo a forma como os outros pensam e a forma como os outros vêm o mundo eu poderia ser diferente e também tentar mudar o mundo à minha maneira. Cheguei à conclusão que para me perceber a mim mesmo tinha de conhecer muito melhor os outros, conhecer melhor o Homem. E quem melhor sabe falar do Homem que um poeta?
Depois pensei ainda um bocadinho e achei outra vez que um poeta poderia ser um bom presidente. Mesmo sem partido, mesmo sem experiência. Na minha ingenuidade comecei a pensar que um Presidente tinha sempre uns tipos com quem se aconselhar, professores catedráticos de várias faculdades diferentes. Mesmo que não fosse um especialista de alguma área esse presidente teria uma visão abrangente sobre um povo, sobre seus costumes, leis, vontades e necessidades. Ele teria principalmente que decidir, que falar aos Portugueses, dar-lhes esperança, faze-los pensar, e assim faze-los lutar no dia a dia. Pô-los a sonhar com um futuro melhor. Quando não temos medo e acreditamos num objectivo ou num sonho quero acreditar que isso é já meia estrada caminhada para termos sucesso.
Pois quem melhor para nos fazer acreditar que existem primaveras, que não há machados que cortem raízes ao pensamento que um poeta?
«O sonho comanda a vida», disse-o um poeta. Eu por ainda acreditar ingenuamente nesta frase, hoje voto num poeta português. Voto num português que não nega a existência de opressão, pobreza e fome em Cuba ou na Coreia do Norte. Voto num português que não faz demagogia rebelde “olhos nos olhos”. Voto num português que não vive à custa de reformas milionárias pagas por um país onde os idosos não têm dinheiro para medicamentos, para um final de vida com qualidade. Voto num português que não resume um país a um défice e os seus filhos a uma taxa.
Hoje voto num poeta que se chama Manuel como muitos Portugueses e que terá virtudes mas também defeitos como muitos Portugueses. Hoje voto num homem que chegará a Belém como todos nós poderíamos um dia chegar. Hoje, porque acredito num amanhã mais feliz para a minha República, VOTO MANUEL ALEGRE! G.F.
Eu, um dia, quando era mais pequeno, pensava que os poetas eram quem devia mandar no mundo. Porque sabiam dizer o que todos nós sentíamos e mais que dize-lo, sabiam faze-lo de uma forma simples e bonita de forma a pensarmos que poderíamos ter sido nós a pensar aquilo. Depois cresci e comecei a duvidar dos poetas. Comecei a pensar que eles vivessem na lua. E quem vive na lua não percebe da terra, pensei eu. Não sabe de economia, gestão, de bolsas, de acções, de direito civil, constituições, burocracias, défices, taxas de desemprego e de retomas. E comecei a ver que os poetas não se penteavam e usavam a barba por fazer. Às vezes, até nem vestiam fato!
Foi então que comecei a perceber que me tinha tornado igual aos mais velhos que também já não acreditavam nos poetas. Fiquei triste mas não encolhi os ombros. Pensei que talvez quem manda num país, numa casa, não é o Presidente, é o Primeiro Ministro. Ele é que tem o dever de saber essas contas todas complicadas, é o pai na família em que nós somos filhos. A mãe seriam os ministros que lhe fazem o trabalhinho todo por trás. Nessa altura comecei a pensar que um Presidente deveria ser um bom avô. Um avô que soubesse gerir as discussões dentro da casa, e que devido à sabedoria e experiência pudesse ter uma palavra a dizer. Um avô simpático, bochechudo e fixe, como era o Mário Soares. Lembro-me de gritar no colégio com os outros putos: «Soares é fixe ou ainda «Freitas do Amaral, lava o cú que cheira mal». Naqueles tempos mais honestos, eu gostava do meu presidente, até me lembro de ficar triste por saber que um dia ele tinha de deixar de o ser.
Depois cresci, e descobri o que leva as pessoas a quererem ser presidentes e que há avôs chatos e teimosos que ainda não perceberam que se deve dar lugar aos mais novos. Então pensei que um Presidente deveria ser alguém que não seguisse sempre o seu partido, alguém com ideias independentes e que percebesse e captasse humanidade. «Quem melhor para ser uma ponte entre um povo e um país que um poeta como líder? » voltei eu a pensar.
E comecei a pensar que um país para mudar tem de apostar sobretudo na cultura. Tem de apostar na fomentação da escrita, da leitura, da ciência, do espírito crítico e da inovação. E comecei a pensar que, talvez trabalhássemos mais e produzíssemos mais se víssemos o trabalho com outros olhos. E para ver com outros olhos é preciso conhecer a visão de outros.
E comecei a pensar que talvez conseguíssemos concorrer economicamente com o estrangeiro se tivéssemos melhores ideias. E para ter melhores ideias é preciso saber pensar. Para se saber pensar, é preciso conhecer outros que pensem.
Comecei a pensar que, talvez conhecendo a forma como os outros pensam e a forma como os outros vêm o mundo eu poderia ser diferente e também tentar mudar o mundo à minha maneira. Cheguei à conclusão que para me perceber a mim mesmo tinha de conhecer muito melhor os outros, conhecer melhor o Homem. E quem melhor sabe falar do Homem que um poeta?
Depois pensei ainda um bocadinho e achei outra vez que um poeta poderia ser um bom presidente. Mesmo sem partido, mesmo sem experiência. Na minha ingenuidade comecei a pensar que um Presidente tinha sempre uns tipos com quem se aconselhar, professores catedráticos de várias faculdades diferentes. Mesmo que não fosse um especialista de alguma área esse presidente teria uma visão abrangente sobre um povo, sobre seus costumes, leis, vontades e necessidades. Ele teria principalmente que decidir, que falar aos Portugueses, dar-lhes esperança, faze-los pensar, e assim faze-los lutar no dia a dia. Pô-los a sonhar com um futuro melhor. Quando não temos medo e acreditamos num objectivo ou num sonho quero acreditar que isso é já meia estrada caminhada para termos sucesso.
Pois quem melhor para nos fazer acreditar que existem primaveras, que não há machados que cortem raízes ao pensamento que um poeta?
«O sonho comanda a vida», disse-o um poeta. Eu por ainda acreditar ingenuamente nesta frase, hoje voto num poeta português. Voto num português que não nega a existência de opressão, pobreza e fome em Cuba ou na Coreia do Norte. Voto num português que não faz demagogia rebelde “olhos nos olhos”. Voto num português que não vive à custa de reformas milionárias pagas por um país onde os idosos não têm dinheiro para medicamentos, para um final de vida com qualidade. Voto num português que não resume um país a um défice e os seus filhos a uma taxa.
Hoje voto num poeta que se chama Manuel como muitos Portugueses e que terá virtudes mas também defeitos como muitos Portugueses. Hoje voto num homem que chegará a Belém como todos nós poderíamos um dia chegar. Hoje, porque acredito num amanhã mais feliz para a minha República, VOTO MANUEL ALEGRE! G.F.
a queer look from the lizard fan
Entre homens, o futebol é sempre o melhor desbloqueador de conversa. As piadas homofóbicas fazem parte do melhor humor primário entre heterossexuais. Quando se aliam as duas variáveis rejubilamos. Eu rejubilei quando vi, no final de mais um medíocre jogo dos Lagartos, um adepto quarentão com um cartaz que dizia simplesmente isto: «Liedson, faz-me um filho.» G.F.
sexta-feira, janeiro 20, 2006
5h21
Há dias em que estamos mesmo bem. Sentimo-nos úteis, fizemos tudo a que nos propusemos e tudo pareceu perfeito. Até soltámos gargalhadas ao ver o David Hasslhelhelheóf…(actor de “O Justiceiro” e “Marés Vivas” ) num vídeo clip realmente hilariante.
È quando do nada chega um mail de um amigo que fizemos há pouco ou muito tempo e com quem vivemos partilhando o mesmo quarto por 5 meses num país estrangeiro. Então a saudade de um outro tempo chega e sinto-me dobrar por dentro. O sentir físico desta saudade fez-me chegar a uma conclusão que por serem 5 da manhã nem sei se terá alguma lógica. Porém gostaria de anota-la antes de adormecer, já que tantas vezes preguiça tenho para apontar estes últimos pensares da noite, as privadas trocas de idiossincrasias com a almofada:
A nostalgia, quando me aparece, parece um vinco de uma folha de papel escrita a memórias, dobrada verticamente à força em dois, tendo como rodapé as entranhas e cabeçalho o coração.
Releio, não sabendo se achar bonito ou uma merda o que escrevi. Depois vejo pela enésima vez o Mitch Buchanan a confraternizar com zulus e a voar alucinogenicamente cantando um “uga shaka enganchado num sentimento”. Quem disse que a vida não era bela? G.F.
quinta-feira, janeiro 19, 2006
espada contra água
piada presidencial de mau gosto
quarta-feira, janeiro 18, 2006
repronúncia
Respondo a um conveniente comentário ao post sobre a melancomicidade de grande parte dos blogues que leio. Talvez não te fiz perceber tudo o que desejaria:
Existem blogues que não fazem o que critiquei. Excluo o meu porque muitas das críticas que apontei aos outros as faço a mim mesmo, portanto com conhecimento de causa. E sei que sorrio arrogantemente pois fico triste por pensar durante alguns segundos que fui melhor sendo exactamente igual ou até pior por me estar a comparar.
Os bloguistas não são todos iguais e o blogues não falam das mesmas coisas. Existem blogues com muito mais qualidade que este e outros muito piores. Esta comparação é só minha e tem que ver com vários critérios pessoais. Todos os blogues escritos com sinceridade são bons se bem que não haja ninguém que seja imaculadamente sincero quando escreve pois acho que na escrita existem sempre construções, com menor ou maior grau de pureza.
Acho que gostamos todos de abrir um blogue e poder julga-lo genial ou patético, por
que nem todos são geniais e nem todos são patéticos. Termos essa possibilidade de crítica é sinal de liberdade. E maior liberdade temos quanto mais podermos dizer o que pensamos sem ser politicamente correctos. Não quis ofender ninguém e se alguém se ofendeu é porque enfiou uma carapuça que eu também partilho. Talvez a melancomicidade tenha a ver com o medo do ridículo umbilical que eu também possuo. Só que eu gosto de o expor e por isso peço desculpa se, ao expo-lo, deixo nús os que também se sentem ridículos.
E não houve ainda uma única vez, excepto quando escrevi cartas de amor, que tivesse pousado a caneta e não tivesse pensado: «se calhar não é nada disto do que digo.» G.F.
Existem blogues que não fazem o que critiquei. Excluo o meu porque muitas das críticas que apontei aos outros as faço a mim mesmo, portanto com conhecimento de causa. E sei que sorrio arrogantemente pois fico triste por pensar durante alguns segundos que fui melhor sendo exactamente igual ou até pior por me estar a comparar.
Os bloguistas não são todos iguais e o blogues não falam das mesmas coisas. Existem blogues com muito mais qualidade que este e outros muito piores. Esta comparação é só minha e tem que ver com vários critérios pessoais. Todos os blogues escritos com sinceridade são bons se bem que não haja ninguém que seja imaculadamente sincero quando escreve pois acho que na escrita existem sempre construções, com menor ou maior grau de pureza.
Acho que gostamos todos de abrir um blogue e poder julga-lo genial ou patético, por
que nem todos são geniais e nem todos são patéticos. Termos essa possibilidade de crítica é sinal de liberdade. E maior liberdade temos quanto mais podermos dizer o que pensamos sem ser politicamente correctos. Não quis ofender ninguém e se alguém se ofendeu é porque enfiou uma carapuça que eu também partilho. Talvez a melancomicidade tenha a ver com o medo do ridículo umbilical que eu também possuo. Só que eu gosto de o expor e por isso peço desculpa se, ao expo-lo, deixo nús os que também se sentem ridículos.
E não houve ainda uma única vez, excepto quando escrevi cartas de amor, que tivesse pousado a caneta e não tivesse pensado: «se calhar não é nada disto do que digo.» G.F.
marketing abençoado
«Aprendam Português, foi a única Língua que Nossa Senhora falou quando reapareceu na Terra.» Slogan de um padre português para o seu curso de línguas na Califórnia.
presidenciais
«Sopesando»(expressão comum de fulano eleitor anónimo) todas as candidaturas, revendo toda a enjoativa campanha eleitorial, já me decidi. No Domingo...
EU VOTO TRISTE.
melancomicidade
Existem blogues que me fazem sorrir arrogantemente e fico triste. Principalmente porque são blogues mais sinceros que o meu. São diários íntimos de uma quase depressão anunciada. De gentes que querem ser ouvidas e explodem em palavras sós. Existem blogues que gritam para dentro mas exibindo as suas fraquezas cá para fora ansiosamente. Que anseiam a procura de um grande amor, a procura de vontade de trabalhar, mais dinheiro, mais bonança, um pénis maior ou o pénis de outrem. Existem blogues e outras páginas, outras escritas em que se fazem tempestades em copos de água. Onde os copos nem água têm nem mil ventos apregoados se aproximam. E inundam-se de auto-demagogias, de vaidades cozinhadas com imagens carregadas de poesia rebelopintica e também de mendicidades sentimentais. Libertam todos os seus monstros que precisam de amiguinhos (ou amigos porque a utilização de um diminutivo num post que cheira a crítica soa sempre a cinismo). Existem blogues onde quem escreve se sente Deus e procura Deus. Usa a escrita como religião própria, a a página branca do Word como Igreja.
Quando leio esses egocêntricos locais sagrados rio-me melancomicamente. E reparo mais uma vez que a própria melancomicidade humana sempre me enterneceu. G.F.
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