terça-feira, dezembro 31, 2013

o único post de 2013

       
          No fim das contas de 2013, mesmo à beirinha de fechar a contabilidade do projecto onde sou coordenador apercebi-me de que durante todo este ano não publiquei um único texto. Atravessei então (de carro e com o comprimento de tempo da Ponte-Sobre-o-Tejo, sentido sul-norte) toda bipolaridade que caracterizou o meu ano. Não ter escrito nada pela primeira vez revela o muito do mau mas também um outro tanto de bom que me fez deixar de ter qualquer vontade de começar fosse que frase fosse. Não escrevi nada e este post apenas safa uma estatística futura, não tapa o deserto. E porque é de futuro que se fazem os primeiros e últimos posts  do mês, do dia, do treze que foi este ano, deixo aqui um abraço para todos os que me leram durante estes dez anos. Outro aos que trabalharam comigo durante os últimos sete e com quem perdi o contacto por ser ou um tipo solitário ou parvo. Outro aos que partilharam comigo o Ser escuteiro nos últimos dezasseis anos e com quem tenho tantas saudades de acampar sem ter de ser chefe de nada. Um outro aos meus  camaradas de armas de Alvalade  e da Luz (se um dia tivermos que viver nas Antas, bela nota biográfica) aos quais se juntam os que  partilham o Bairro, a Rua do Alecrim, o Jamaica e outros lugares de distintos copos. Outros tantos aos que partilharam comigo as suas vidas e sobretudo um abraço e uma palavra para ti que partilhaste um nosso amor e a quem no final das contas deste 2013 acabei por magoar sem nunca o ter querido.

                 Perder mais do que ganhei, neste balancete final, só me faz pensar que o saldo de dois mil e treze pode ser um único apenas: deixar na outra margem as contas e trazer de volta as palavras. Para o que quer que seja que eu tenha para dizer ou para deixar, seja de facto concretizado e haja mais história das nossas estórias, tuas ou de velhinhas testemunhas de jeová com quem tomei pequenos-almoços bíblicos.
                Demorei  quinze minutos a escrever isto, estão à minha espera para irmos jantar e fazer o que se faz numa passagem de mais um ano. Menti, disse que estava a tratar de contas. Vendo bem não menti, estava a acertá-las de outra forma. Para que fiquem mesmo saldadas só me falta dizer aos meus pais que tenho um blogue há dez anos e que gostava de continuar a escrever e que gostava eles lessem porque gosto deles sempre só que tristemente, nunca lhes digo.

                «Ora podem querer que eu continuo a agradecer a vossa bondade em me auxiliarem» nesta vida tão bonita, nas ideias, nos gestos, no que vamos sendo nestas mutantes décadas do novo milénio.  Feliz final de 2013, até amanhã. G.F