Hoje é Domingo e quando o dia estiver quase acabado, teremos um novo Presidente da Republica.
Eu, um dia, quando era mais pequeno, pensava que os poetas eram quem devia mandar no mundo. Porque sabiam dizer o que todos nós sentíamos e mais que dize-lo, sabiam faze-lo de uma forma simples e bonita de forma a pensarmos que poderíamos ter sido nós a pensar aquilo. Depois cresci e comecei a duvidar dos poetas. Comecei a pensar que eles vivessem na lua. E quem vive na lua não percebe da terra, pensei eu. Não sabe de economia, gestão, de bolsas, de acções, de direito civil, constituições, burocracias, défices, taxas de desemprego e de retomas. E comecei a ver que os poetas não se penteavam e usavam a barba por fazer. Às vezes, até nem vestiam fato!
Foi então que comecei a perceber que me tinha tornado igual aos mais velhos que também já não acreditavam nos poetas. Fiquei triste mas não encolhi os ombros. Pensei que talvez quem manda num país, numa casa, não é o Presidente, é o Primeiro Ministro. Ele é que tem o dever de saber essas contas todas complicadas, é o pai na família em que nós somos filhos. A mãe seriam os ministros que lhe fazem o trabalhinho todo por trás. Nessa altura comecei a pensar que um Presidente deveria ser um bom avô. Um avô que soubesse gerir as discussões dentro da casa, e que devido à sabedoria e experiência pudesse ter uma palavra a dizer. Um avô simpático, bochechudo e fixe, como era o Mário Soares. Lembro-me de gritar no colégio com os outros putos: «Soares é fixe ou ainda «Freitas do Amaral, lava o cú que cheira mal». Naqueles tempos mais honestos, eu gostava do meu presidente, até me lembro de ficar triste por saber que um dia ele tinha de deixar de o ser.
Depois cresci, e descobri o que leva as pessoas a quererem ser presidentes e que há avôs chatos e teimosos que ainda não perceberam que se deve dar lugar aos mais novos. Então pensei que um Presidente deveria ser alguém que não seguisse sempre o seu partido, alguém com ideias independentes e que percebesse e captasse humanidade. «Quem melhor para ser uma ponte entre um povo e um país que um poeta como líder? » voltei eu a pensar.
E comecei a pensar que um país para mudar tem de apostar sobretudo na cultura. Tem de apostar na fomentação da escrita, da leitura, da ciência, do espírito crítico e da inovação. E comecei a pensar que, talvez trabalhássemos mais e produzíssemos mais se víssemos o trabalho com outros olhos. E para ver com outros olhos é preciso conhecer a visão de outros.
E comecei a pensar que talvez conseguíssemos concorrer economicamente com o estrangeiro se tivéssemos melhores ideias. E para ter melhores ideias é preciso saber pensar. Para se saber pensar, é preciso conhecer outros que pensem.
Comecei a pensar que, talvez conhecendo a forma como os outros pensam e a forma como os outros vêm o mundo eu poderia ser diferente e também tentar mudar o mundo à minha maneira. Cheguei à conclusão que para me perceber a mim mesmo tinha de conhecer muito melhor os outros, conhecer melhor o Homem. E quem melhor sabe falar do Homem que um poeta?
Depois pensei ainda um bocadinho e achei outra vez que um poeta poderia ser um bom presidente. Mesmo sem partido, mesmo sem experiência. Na minha ingenuidade comecei a pensar que um Presidente tinha sempre uns tipos com quem se aconselhar, professores catedráticos de várias faculdades diferentes. Mesmo que não fosse um especialista de alguma área esse presidente teria uma visão abrangente sobre um povo, sobre seus costumes, leis, vontades e necessidades. Ele teria principalmente que decidir, que falar aos Portugueses, dar-lhes esperança, faze-los pensar, e assim faze-los lutar no dia a dia. Pô-los a sonhar com um futuro melhor. Quando não temos medo e acreditamos num objectivo ou num sonho quero acreditar que isso é já meia estrada caminhada para termos sucesso.
Pois quem melhor para nos fazer acreditar que existem primaveras, que não há machados que cortem raízes ao pensamento que um poeta?
«O sonho comanda a vida», disse-o um poeta. Eu por ainda acreditar ingenuamente nesta frase, hoje voto num poeta português. Voto num português que não nega a existência de opressão, pobreza e fome em Cuba ou na Coreia do Norte. Voto num português que não faz demagogia rebelde “olhos nos olhos”. Voto num português que não vive à custa de reformas milionárias pagas por um país onde os idosos não têm dinheiro para medicamentos, para um final de vida com qualidade. Voto num português que não resume um país a um défice e os seus filhos a uma taxa.
Hoje voto num poeta que se chama Manuel como muitos Portugueses e que terá virtudes mas também defeitos como muitos Portugueses. Hoje voto num homem que chegará a Belém como todos nós poderíamos um dia chegar. Hoje, porque acredito num amanhã mais feliz para a minha República, VOTO MANUEL ALEGRE! G.F.
Eu, um dia, quando era mais pequeno, pensava que os poetas eram quem devia mandar no mundo. Porque sabiam dizer o que todos nós sentíamos e mais que dize-lo, sabiam faze-lo de uma forma simples e bonita de forma a pensarmos que poderíamos ter sido nós a pensar aquilo. Depois cresci e comecei a duvidar dos poetas. Comecei a pensar que eles vivessem na lua. E quem vive na lua não percebe da terra, pensei eu. Não sabe de economia, gestão, de bolsas, de acções, de direito civil, constituições, burocracias, défices, taxas de desemprego e de retomas. E comecei a ver que os poetas não se penteavam e usavam a barba por fazer. Às vezes, até nem vestiam fato!
Foi então que comecei a perceber que me tinha tornado igual aos mais velhos que também já não acreditavam nos poetas. Fiquei triste mas não encolhi os ombros. Pensei que talvez quem manda num país, numa casa, não é o Presidente, é o Primeiro Ministro. Ele é que tem o dever de saber essas contas todas complicadas, é o pai na família em que nós somos filhos. A mãe seriam os ministros que lhe fazem o trabalhinho todo por trás. Nessa altura comecei a pensar que um Presidente deveria ser um bom avô. Um avô que soubesse gerir as discussões dentro da casa, e que devido à sabedoria e experiência pudesse ter uma palavra a dizer. Um avô simpático, bochechudo e fixe, como era o Mário Soares. Lembro-me de gritar no colégio com os outros putos: «Soares é fixe ou ainda «Freitas do Amaral, lava o cú que cheira mal». Naqueles tempos mais honestos, eu gostava do meu presidente, até me lembro de ficar triste por saber que um dia ele tinha de deixar de o ser.
Depois cresci, e descobri o que leva as pessoas a quererem ser presidentes e que há avôs chatos e teimosos que ainda não perceberam que se deve dar lugar aos mais novos. Então pensei que um Presidente deveria ser alguém que não seguisse sempre o seu partido, alguém com ideias independentes e que percebesse e captasse humanidade. «Quem melhor para ser uma ponte entre um povo e um país que um poeta como líder? » voltei eu a pensar.
E comecei a pensar que um país para mudar tem de apostar sobretudo na cultura. Tem de apostar na fomentação da escrita, da leitura, da ciência, do espírito crítico e da inovação. E comecei a pensar que, talvez trabalhássemos mais e produzíssemos mais se víssemos o trabalho com outros olhos. E para ver com outros olhos é preciso conhecer a visão de outros.
E comecei a pensar que talvez conseguíssemos concorrer economicamente com o estrangeiro se tivéssemos melhores ideias. E para ter melhores ideias é preciso saber pensar. Para se saber pensar, é preciso conhecer outros que pensem.
Comecei a pensar que, talvez conhecendo a forma como os outros pensam e a forma como os outros vêm o mundo eu poderia ser diferente e também tentar mudar o mundo à minha maneira. Cheguei à conclusão que para me perceber a mim mesmo tinha de conhecer muito melhor os outros, conhecer melhor o Homem. E quem melhor sabe falar do Homem que um poeta?
Depois pensei ainda um bocadinho e achei outra vez que um poeta poderia ser um bom presidente. Mesmo sem partido, mesmo sem experiência. Na minha ingenuidade comecei a pensar que um Presidente tinha sempre uns tipos com quem se aconselhar, professores catedráticos de várias faculdades diferentes. Mesmo que não fosse um especialista de alguma área esse presidente teria uma visão abrangente sobre um povo, sobre seus costumes, leis, vontades e necessidades. Ele teria principalmente que decidir, que falar aos Portugueses, dar-lhes esperança, faze-los pensar, e assim faze-los lutar no dia a dia. Pô-los a sonhar com um futuro melhor. Quando não temos medo e acreditamos num objectivo ou num sonho quero acreditar que isso é já meia estrada caminhada para termos sucesso.
Pois quem melhor para nos fazer acreditar que existem primaveras, que não há machados que cortem raízes ao pensamento que um poeta?
«O sonho comanda a vida», disse-o um poeta. Eu por ainda acreditar ingenuamente nesta frase, hoje voto num poeta português. Voto num português que não nega a existência de opressão, pobreza e fome em Cuba ou na Coreia do Norte. Voto num português que não faz demagogia rebelde “olhos nos olhos”. Voto num português que não vive à custa de reformas milionárias pagas por um país onde os idosos não têm dinheiro para medicamentos, para um final de vida com qualidade. Voto num português que não resume um país a um défice e os seus filhos a uma taxa.
Hoje voto num poeta que se chama Manuel como muitos Portugueses e que terá virtudes mas também defeitos como muitos Portugueses. Hoje voto num homem que chegará a Belém como todos nós poderíamos um dia chegar. Hoje, porque acredito num amanhã mais feliz para a minha República, VOTO MANUEL ALEGRE! G.F.
Sem comentários:
Enviar um comentário