Não poderia ter havido melhor altura que esta para entrar de férias e depois, em Outubro, ir viver para outro país.
Depois do Euro voltamos ao mesmo lugar luso comum, aos incêndios nas matas e nas densas florestas da política. Ao bacoquismo de todos os poderes. À tanga já despida de metáfora.
Este país que vai entrar em Outubro depois de grandes banhadas é um país onde a política tem menages com as revistas cor-de-rosa e o futebol. Onde nem a esquerda escapa à pressão da dita estabilidade económica. Onde os únicos que acabam por se manifestar contra o estado a que isto chegou ou se manifestam só por manifestar, ou são anarquizados em argumentos ou estão simplesmente sobre o efeito de psicotrópicos. Àqueles cujos olhos não brilham ou não se lhes arreganham os lábios face às objectivas não interessa estar no poder. O trabalho sério e a crítica construída faz-se de gente anónima cuja sede não é a de poleiros, mas a de ter um país evoluído, onde na mesma frase não apareça o seu nome, "cauda" e "Europa".
Acho que todos temos a culpa. Aprendemos desde novos a gozar com quem nos governa e ao mesmo tempo a desresponsabilizarmo-nos pelo futuro da sociedade. E a verdade é que este governo da brilhantina está lá porque a maioria queria uma mudança do legado socialista para algo melhor. Este povo não queria Portas e teve-o algum tempo depois de ter votado e percebido mais uma vez o quanto valia uma promessa eleitoral. Este povo quis, à falta de melhor, um medíocre Durão. Acho que não queria um ex-paineleiro futebolístico, ex-marido de uma jet-set, ex-presidente do Sporting, ex-candidato a não candidato à Presidência da República, ex-primeiro ministro fictício em programas da sic, ex-contra-atacante de Portas.
Sampaio se calhar foi sensato. Talvez cada povo tenha o governante que merece. Mas acho que alguns portugueses mereciam outro tipo de gente a cuidar dos nossos serviços de saúde, educação, das reformas, dos impostos. Gente que não aparecesse nos estádios a dar entrevistas depois dos jogos, gente que não contestasse decisões de tribunais por estarem envolvidos amigos, gente que não andasse a comprar vitórias em lotas, gente que não quisesse encher isto de acampamentos pela paz canábica, gente sem dogmas escamoteadores da verdade dos factos da história. Penso que este país precisa de Políticas, não precisa de pOLÍTICOS.
Este país talvez precise mas é que eu vá para esse país liderado por Berlusconi para perceber que afinal ser-se latino é igual em todo lado: é a arte de bem viver em contrato vitalício com o desenrascanço quotidiano. G.F.
Depois do Euro voltamos ao mesmo lugar luso comum, aos incêndios nas matas e nas densas florestas da política. Ao bacoquismo de todos os poderes. À tanga já despida de metáfora.
Este país que vai entrar em Outubro depois de grandes banhadas é um país onde a política tem menages com as revistas cor-de-rosa e o futebol. Onde nem a esquerda escapa à pressão da dita estabilidade económica. Onde os únicos que acabam por se manifestar contra o estado a que isto chegou ou se manifestam só por manifestar, ou são anarquizados em argumentos ou estão simplesmente sobre o efeito de psicotrópicos. Àqueles cujos olhos não brilham ou não se lhes arreganham os lábios face às objectivas não interessa estar no poder. O trabalho sério e a crítica construída faz-se de gente anónima cuja sede não é a de poleiros, mas a de ter um país evoluído, onde na mesma frase não apareça o seu nome, "cauda" e "Europa".
Acho que todos temos a culpa. Aprendemos desde novos a gozar com quem nos governa e ao mesmo tempo a desresponsabilizarmo-nos pelo futuro da sociedade. E a verdade é que este governo da brilhantina está lá porque a maioria queria uma mudança do legado socialista para algo melhor. Este povo não queria Portas e teve-o algum tempo depois de ter votado e percebido mais uma vez o quanto valia uma promessa eleitoral. Este povo quis, à falta de melhor, um medíocre Durão. Acho que não queria um ex-paineleiro futebolístico, ex-marido de uma jet-set, ex-presidente do Sporting, ex-candidato a não candidato à Presidência da República, ex-primeiro ministro fictício em programas da sic, ex-contra-atacante de Portas.
Sampaio se calhar foi sensato. Talvez cada povo tenha o governante que merece. Mas acho que alguns portugueses mereciam outro tipo de gente a cuidar dos nossos serviços de saúde, educação, das reformas, dos impostos. Gente que não aparecesse nos estádios a dar entrevistas depois dos jogos, gente que não contestasse decisões de tribunais por estarem envolvidos amigos, gente que não andasse a comprar vitórias em lotas, gente que não quisesse encher isto de acampamentos pela paz canábica, gente sem dogmas escamoteadores da verdade dos factos da história. Penso que este país precisa de Políticas, não precisa de pOLÍTICOS.
Este país talvez precise mas é que eu vá para esse país liderado por Berlusconi para perceber que afinal ser-se latino é igual em todo lado: é a arte de bem viver em contrato vitalício com o desenrascanço quotidiano. G.F.