domingo, janeiro 22, 2006

rescaldo

Cada país democrático tem o governo e o Presidente que merecem. Incluindo os 40 por cento que não foram votar porque não quiseram ou porque nem se deram ao trabalho. G.F.

cuidado, não dês mais que um Beijo.

La Cura

Ti proteggerò dalle paure delle ipocondrie,
dai turbamenti che da oggi incontrerai per la tua via.
Dalle ingiustizie e dagli inganni del tuo tempo,
dai fallimenti che per tua natura normalmente attirerai.
Ti solleverò dai dolori e dai tuoi sbalzi d'umore,
dalle ossessioni delle tue manie.
Supererò le correnti gravitazionali,
lo spazio e la luce
per non farti invecchiare.
E guarirai da tutte le malattie,
perché sei un essere speciale,
ed io, avrò cura di te.

Vagavo per i campi del Tennessee
(come vi ero arrivato, chissà).
Non hai fiori bianchi per me?
Più veloci di aquile i miei sogni
attraversano il mare.

Ti porterò soprattutto il silenzio e la pazienza.
Percorreremo assieme le vie che portano all'essenza.
I profumi d'amore inebrieranno i nostri corpi,
la bonaccia d'agosto non calmerà i nostri sensi.
Tesserò i tuoi capelli come trame di un canto.
Conosco le leggi del mondo, e te ne farò dono.
Supererò le correnti gravitazionali,
lo spazio e la luce per non farti invecchiare.
TI salverò da ogni malinconia,
perché sei un essere speciale ed io avrò cura di te...
io sì, che avrò cura di te...

do cantor e autor italiano Franco Battiato, albúm "L'imboscata", 1996

dilema


Quando são 3 horas e 32 da manhã o meu maior dilema não tem nada a ver com continuar a ler para os exame ou ir para a cama. Nem tão pouco mudar ou não mudar o meu estilo de estudo. O que mais me aflige é saber se puxo ou não o autoclismo. É decidir se faço muito barulho à noite e no outro dia à hora de almoço levar um sermão ou se sou porco e no outro dia à hora de almoço, eu, o meu pai e/ou a minha irmã levarmos um sermão.
G.F.

errata

quanto ao post anterior, o meu word diz que cú não tem acento. eu acho que cú tem acento e isto é só uma manobra do meu word para me fazer levantar e ir para a cama. De qualquer forma, veremos hoje à noite que cus não terão assento.

poeta presidente

Hoje é Domingo e quando o dia estiver quase acabado, teremos um novo Presidente da Republica.

Eu, um dia, quando era mais pequeno, pensava que os poetas eram quem devia mandar no mundo. Porque sabiam dizer o que todos nós sentíamos e mais que dize-lo, sabiam faze-lo de uma forma simples e bonita de forma a pensarmos que poderíamos ter sido nós a pensar aquilo. Depois cresci e comecei a duvidar dos poetas. Comecei a pensar que eles vivessem na lua. E quem vive na lua não percebe da terra, pensei eu. Não sabe de economia, gestão, de bolsas, de acções, de direito civil, constituições, burocracias, défices, taxas de desemprego e de retomas. E comecei a ver que os poetas não se penteavam e usavam a barba por fazer. Às vezes, até nem vestiam fato!

Foi então que comecei a perceber que me tinha tornado igual aos mais velhos que também já não acreditavam nos poetas. Fiquei triste mas não encolhi os ombros. Pensei que talvez quem manda num país, numa casa, não é o Presidente, é o Primeiro Ministro. Ele é que tem o dever de saber essas contas todas complicadas, é o pai na família em que nós somos filhos. A mãe seriam os ministros que lhe fazem o trabalhinho todo por trás. Nessa altura comecei a pensar que um Presidente deveria ser um bom avô. Um avô que soubesse gerir as discussões dentro da casa, e que devido à sabedoria e experiência pudesse ter uma palavra a dizer. Um avô simpático, bochechudo e fixe, como era o Mário Soares. Lembro-me de gritar no colégio com os outros putos: «Soares é fixe ou ainda «Freitas do Amaral, lava o cú que cheira mal». Naqueles tempos mais honestos, eu gostava do meu presidente, até me lembro de ficar triste por saber que um dia ele tinha de deixar de o ser.

Depois cresci, e descobri o que leva as pessoas a quererem ser presidentes e que há avôs chatos e teimosos que ainda não perceberam que se deve dar lugar aos mais novos. Então pensei que um Presidente deveria ser alguém que não seguisse sempre o seu partido, alguém com ideias independentes e que percebesse e captasse humanidade. «Quem melhor para ser uma ponte entre um povo e um país que um poeta como líder? » voltei eu a pensar.
E comecei a pensar que um país para mudar tem de apostar sobretudo na cultura. Tem de apostar na fomentação da escrita, da leitura, da ciência, do espírito crítico e da inovação. E comecei a pensar que, talvez trabalhássemos mais e produzíssemos mais se víssemos o trabalho com outros olhos. E para ver com outros olhos é preciso conhecer a visão de outros.
E comecei a pensar que talvez conseguíssemos concorrer economicamente com o estrangeiro se tivéssemos melhores ideias. E para ter melhores ideias é preciso saber pensar. Para se saber pensar, é preciso conhecer outros que pensem.

Comecei a pensar que, talvez conhecendo a forma como os outros pensam e a forma como os outros vêm o mundo eu poderia ser diferente e também tentar mudar o mundo à minha maneira. Cheguei à conclusão que para me perceber a mim mesmo tinha de conhecer muito melhor os outros, conhecer melhor o Homem. E quem melhor sabe falar do Homem que um poeta?

Depois pensei ainda um bocadinho e achei outra vez que um poeta poderia ser um bom presidente. Mesmo sem partido, mesmo sem experiência. Na minha ingenuidade comecei a pensar que um Presidente tinha sempre uns tipos com quem se aconselhar, professores catedráticos de várias faculdades diferentes. Mesmo que não fosse um especialista de alguma área esse presidente teria uma visão abrangente sobre um povo, sobre seus costumes, leis, vontades e necessidades. Ele teria principalmente que decidir, que falar aos Portugueses, dar-lhes esperança, faze-los pensar, e assim faze-los lutar no dia a dia. Pô-los a sonhar com um futuro melhor. Quando não temos medo e acreditamos num objectivo ou num sonho quero acreditar que isso é já meia estrada caminhada para termos sucesso.

Pois quem melhor para nos fazer acreditar que existem primaveras, que não há machados que cortem raízes ao pensamento que um poeta?

«O sonho comanda a vida», disse-o um poeta. Eu por ainda acreditar ingenuamente nesta frase, hoje voto num poeta português. Voto num português que não nega a existência de opressão, pobreza e fome em Cuba ou na Coreia do Norte. Voto num português que não faz demagogia rebelde “olhos nos olhos”. Voto num português que não vive à custa de reformas milionárias pagas por um país onde os idosos não têm dinheiro para medicamentos, para um final de vida com qualidade. Voto num português que não resume um país a um défice e os seus filhos a uma taxa.

Hoje voto num poeta que se chama Manuel como muitos Portugueses e que terá virtudes mas também defeitos como muitos Portugueses. Hoje voto num homem que chegará a Belém como todos nós poderíamos um dia chegar. Hoje, porque acredito num amanhã mais feliz para a minha República, VOTO MANUEL ALEGRE! G.F.

a queer look from the lizard fan


Entre homens, o futebol é sempre o melhor desbloqueador de conversa. As piadas homofóbicas fazem parte do melhor humor primário entre heterossexuais. Quando se aliam as duas variáveis rejubilamos. Eu rejubilei quando vi, no final de mais um medíocre jogo dos Lagartos, um adepto quarentão com um cartaz que dizia simplesmente isto: «Liedson, faz-me um filho.» G.F.

sexta-feira, janeiro 20, 2006

5h21


Há dias em que estamos mesmo bem. Sentimo-nos úteis, fizemos tudo a que nos propusemos e tudo pareceu perfeito. Até soltámos gargalhadas ao ver o David Hasslhelhelheóf…(actor de “O Justiceiro” e “Marés Vivas” ) num vídeo clip realmente hilariante.


È quando do nada chega um mail de um amigo que fizemos há pouco ou muito tempo e com quem vivemos partilhando o mesmo quarto por 5 meses num país estrangeiro. Então a saudade de um outro tempo chega e sinto-me dobrar por dentro. O sentir físico desta saudade fez-me chegar a uma conclusão que por serem 5 da manhã nem sei se terá alguma lógica. Porém gostaria de anota-la antes de adormecer, já que tantas vezes preguiça tenho para apontar estes últimos pensares da noite, as privadas trocas de idiossincrasias com a almofada:

A nostalgia, quando me aparece, parece um vinco de uma folha de papel escrita a memórias, dobrada verticamente à força em dois, tendo como rodapé as entranhas e cabeçalho o coração.

Releio, não sabendo se achar bonito ou uma merda o que escrevi. Depois vejo pela enésima vez o Mitch Buchanan a confraternizar com zulus e a voar alucinogenicamente cantando um “uga shaka enganchado num sentimento”. Quem disse que a vida não era bela? G.F.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

espada contra água



«Quando se corta a água com uma espada, ela corre mais depressa.» surgiu-me nas legendas de um zapping ao passar pela RTP Memória. Disse-o um estudante activista chinês numa reportagem sobre a revolta estudantil na praça de Tiananmen.

piada presidencial de mau gosto

Não resisti a libertar a preconceituosa piada alzheimeriana que há em mim. Peço desculpa se ofendo alguém. Os que não quero mesmo ofender tranquilizam-me porque amanhã ja se esqueceram. G.F.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

repronúncia

Respondo a um conveniente comentário ao post sobre a melancomicidade de grande parte dos blogues que leio. Talvez não te fiz perceber tudo o que desejaria:

Existem blogues que não fazem o que critiquei. Excluo o meu porque muitas das críticas que apontei aos outros as faço a mim mesmo, portanto com conhecimento de causa. E sei que sorrio arrogantemente pois fico triste por pensar durante alguns segundos que fui melhor sendo exactamente igual ou até pior por me estar a comparar.

Os bloguistas não são todos iguais e o blogues não falam das mesmas coisas. Existem blogues com muito mais qualidade que este e outros muito piores. Esta comparação é só minha e tem que ver com vários critérios pessoais. Todos os blogues escritos com sinceridade são bons se bem que não haja ninguém que seja imaculadamente sincero quando escreve pois acho que na escrita existem sempre construções, com menor ou maior grau de pureza.

Acho que gostamos todos de abrir um blogue e poder julga-lo genial ou patético, por
que nem todos são geniais e nem todos são patéticos. Termos essa possibilidade de crítica é sinal de liberdade. E maior liberdade temos quanto mais podermos dizer o que pensamos sem ser politicamente correctos. Não quis ofender ninguém e se alguém se ofendeu é porque enfiou uma carapuça que eu também partilho. Talvez a melancomicidade tenha a ver com o medo do ridículo umbilical que eu também possuo. Só que eu gosto de o expor e por isso peço desculpa se, ao expo-lo, deixo nús os que também se sentem ridículos.

E não houve ainda uma única vez, excepto quando escrevi cartas de amor, que tivesse pousado a caneta e não tivesse pensado: «se calhar não é nada disto do que digo.» G.F.

aos indecisos


Descobri que falta sentir-me sozinho para poder escrever. Descobri que me falta estar sozinho para poder escrever. Por isso não tenho escrito. Por isso escrevo agora. Por isso deixarei de escrever quando nos amarmos outra vez amanhã. G.F.

marketing abençoado

«Aprendam Português, foi a única Língua que Nossa Senhora falou quando reapareceu na Terra.» Slogan de um padre português para o seu curso de línguas na Califórnia.

presidenciais


«Sopesando»(expressão comum de fulano eleitor anónimo) todas as candidaturas, revendo toda a enjoativa campanha eleitorial, já me decidi. No Domingo...
EU VOTO TRISTE.

pontos de vista...

melancomicidade


Existem blogues que me fazem sorrir arrogantemente e fico triste. Principalmente porque são blogues mais sinceros que o meu. São diários íntimos de uma quase depressão anunciada. De gentes que querem ser ouvidas e explodem em palavras sós. Existem blogues que gritam para dentro mas exibindo as suas fraquezas cá para fora ansiosamente. Que anseiam a procura de um grande amor, a procura de vontade de trabalhar, mais dinheiro, mais bonança, um pénis maior ou o pénis de outrem. Existem blogues e outras páginas, outras escritas em que se fazem tempestades em copos de água. Onde os copos nem água têm nem mil ventos apregoados se aproximam. E inundam-se de auto-demagogias, de vaidades cozinhadas com imagens carregadas de poesia rebelopintica e também de mendicidades sentimentais. Libertam todos os seus monstros que precisam de amiguinhos (ou amigos porque a utilização de um diminutivo num post que cheira a crítica soa sempre a cinismo). Existem blogues onde quem escreve se sente Deus e procura Deus. Usa a escrita como religião própria, a a página branca do Word como Igreja.

Quando leio esses egocêntricos locais sagrados rio-me melancomicamente. E reparo mais uma vez que a própria melancomicidade humana sempre me enterneceu. G.F.

efeitos especiais


O meu pai conta sempre a propósito de progresso, uma estória ocorrida no café da sua aldeia beirã. Num dia de Jogos Olímpicos visionava-se a repetição em câmara lenta de um salto à vara que deu a medalha de ouro a algum atleta de leste. Ao ver a cena, um velho estupefacto olhou o televisor e exclamou: «Saltar assim eu ainda saltava mas cair assim tão devagarinho… que atleta! G.F.

Manda-me uma carta daí.


Manda-me uma carta em correio azul

p'ra afastar essas cinco núvens negras
relembra-me as regras
do saber viver
repõe-me o sentido nos sentidos
olfactos
ouvidos
à vista
de tactos
do teu paladar

Manda-me uma carta em correio azul
p'ra afastar esses blues de pacotilha
renega e perfilha
respectivamente
a torpe indiferença
e o amor ardente
amor tão ardente
que dos erros meus
má fortuna se ausente

Erros meus, má fortuna, amor ardente
qual em nós mais frequente
qual em nós mais frequente
amor ardente
cada vez mais frequente

Manda-me uma carta em correio azul
que me deixe a face ruborizada
promete-me a noite fatigada
de termos aberto o nosso nexo
ao sexo
da vida
porção
destemida
da nossa emoção

Erros meus, má fortuna, amor ardente
qual em nós mais frequente
qual em nós mais frequente
amor ardente
cada vez mais frequente

Manda-me uma carta em correio azul
que branqueie o passado num momento
paixão, é no corpo o sentimento
que faz da razão montanha russa
aguça
o encanto
mas no entretanto
faz estragos mil

Erros meus, má fortuna, amor ardente
qual em nós mais frequente
qual em nós mais frequente
amor ardente
cada vez mais frequente

Manda-me uma carta em correio azul
p'ra eu guardar no castanho dos armários
no meio de testemunhos vários
escritos por letras tão distantes
murmúrios amantes
que a vida me oferece
só por muito amar

Erros meus, má fortuna, amor ardente
qual em nós mais frequente
qual em nós mais frequente
amor ardente
cada vez mais frequente

Sérgio Godinho; "Domingo no Mundo", 1997

Aplicated Scatologies (1)


O estudo que se segue é desprovido de qualquer cientificidade. Tem como único objectivo perceber até que ponto a merda nos faz rir. Se a frase seguinte o fizer rir depois de repetida em voz alta 5 vezes, qualquer merda o fará rir.


Frase de Controlo: Oh mãe, anda cá ver: lavei os dentes!
Frase experimental: Oh mãe, anda cá ver: fiz um cagalhoto no bidé! G.F.