quinta-feira, novembro 20, 2003

ou pelo menos tenho Fé...

Depois de uma discussão sobre celibato, padres e mulheres, cheguei a uma conclusão. E chegar a uma conclusão dá-nos pelo menos uma alegria vazia, a de encontrarmos uma nossa própria citação. Esta conclusão pode ser estúpida mas qualquer conclusão tem de surgir quando se quer ir para a cama mais cedo ou simplesmente por um fim à reflexão. Se não fizer qualquer sentido, compreendamos a hora, o local e o contexto ecológico em que se inseriram tais palavras. Se quiseram mesmo criticar, força (já outras discussões pouco estéreis nasceram de teses desprovidas de lógica e conteúdo).

Porque não percebermos a Mulher como o ideal de Perfeição em vez de Deus? Pelo menos existem mais provas dessa aproximação idílica: algumas Mulheres existem. G.F.

domingo, novembro 16, 2003

na América também há basbaques, e geniais.

«Não quero atingir a imortalidade atráves do meu trabalho. Quero atingi-la ficando vivo» Woody Allen

«e tudo bata certo nem que por um segundo»

Hoje, mais um domingo sereno, caseiro. Um domingo que provavelmente devemos ter partilhado. Este é considerado o primeiro dia da semana e o dia da semana dedicado ao descanso. Nos cristãos, também dedicado ao culto. Pergunto-me porque raio se começa uma semana a descansar? Porque é que em Inglês se chama “Sunday” se na Inglaterra raramente o astro rei vem mirar a sua corte, nem sequer aos Domingos? E porque razão há pessoas “fáceis como manhãs de domingo”?

Definitivamente o domingo dá azo a uma procura pessoal pelo mais variado tipo de perguntas idiotas. E o Domingo, além de ser idiota, promove fenómenos idiotas. Não sei se já alguém reparou mas há um lobby deconhecido na TVI. Falo do grupo de pressão que os animais falantes e/ou pensantes exercem sobre a programação das manhãs dominicanas. E esta raça de animais falantes não tem a mesma fibra que os animais de La Fontaine. Porém, eles andam ai, fazem desporto e vieram para dominar.
Provavelmente o chefe dessa organização com poderes ocultos é o cão que faz de AIR BUD. Quantas vezes já deu este filme na TVI? Um cão que joga basquetebol ter a influência que tem na TV nacional é preocupante (O estado da Televisão nacional é preocupante). Mas o pior é que não é só um cão que joga basquetebol. Também podemos assistir, sentados na eucaristia do nosso sofá, a burros que jogam golfe, macacos que fazem hockey no gelo, crianças polícias sinaleiras em recreios do preparatório, papagaios falantes que desvendam casos insólitos, gatos que marcam golos de cabeça, miúdos de três anos cientistas que têm contacto com extraterrestres e o Ernesto. Sim o Ernesto. O Ernesto Contra Ataca. O Ernesto no Circo. O Ernesto Motoqueiro. O Ernesto é provavelmente a “Anita” da televisão domingueira americana.

Talvez tenhamos de combater a passividade que este dia da semana nos dá, lutar contra a tentação de ver pela 850ª vez a “estreia” do “Sozinho em Casa” e desligar a televisão. Pensar na liberdade que é andar de pijama dia inteiro, com a barba por rapar e o cabelo por pentear. Na liberdade que é não nos termos que ver ao espelho. Viver a horizontalidade deste dia ao som de um Tom Jobim que nos faça sentir pertencentes a mais um Domingo. Um longo e descansado Domingo.

Mas nem todos vivemos domingos descansados. Há quem largue o ócio do seu neste dia. Julgo assim, que há em Portugal o culto do domingo. Um culto de certa forma masculino. Todos devemos ter um vizinho, um sogro, um amigo, um pai, que acorda todos os Domingos às 9horas da manhã; bebe o seu café de domingo; faz a manutenção pelo jardim da terra, 2 flexões, 3 abdominais, 4 minutos de corrida; compra o seu semanário, os três jornais desportivos no caso da sua equipa ter ganho, só “A Bola” no caso de ter perdido; tira o seu carro (comprado há 10 anos com 3 mil quilómetros) da garagem, lava-o meticulosamente durante toda a manhã, vestido de fato de treino, sapato de domingo, a bolsa à cintura com o telemóvel e as chaves (bolsa essa quase ocultada pela barriga proeminente). Então chama a sua Maria que se deve estar a retocar ao espelho e a vestir as roupas domingueiras aos seus filhos. Vão visitar o Cabo da Roca, o Guincho, a Boca do Inferno, Mafra, Belém. Invariavelmente têm de trazer sempre lembranças comestíveis: pasteis, queijadas, travesseiros, etc., como se inconscientemente escolhessem o destino com base nos sabores da sua preferência. A banda sonora dessa tarde de família é muito provavelmente os relatos da T.S.F. de todos os jogos da SuperLiga passando pela de Honra até às Distritais. Vão passear se não tiverem uma bela vivenda de férias em Fernão Ferro ou se já tiverem ido ao Colombo, ao Vasco da Gama, à Feira Nova, ao Almada Fórum, ao culto comercialista na semana passada. Os passeios têm a duração dependente da hora do jogo da jornada, transmitido nessa noite em horário nobre, ou do começo de mais uma gala da operação triunfo. O jantar é sempre leve uma vez que o almoço de domingo tem que ser obrigatoriamente cozido à portuguesa.

Pensando nestas gentes tão genuinamente nossas, portuguesas, lembro-me dos Domingos na terra do meu pai. Do encontro com os meus tios e primos: “estás mais alto!” “já andas em que ano?” “e namoradas, quantas?”. Os Domingos no Outono fazem-me sempre lembrar ou antecipar o Natal no frio beirão. Reportam-me sempre para o bruto granito contrastando com as amáveis pessoas simples. Trazem-me, habitualmente a marcada nostalgia, remetem-me sempre para as raízes. Às pequenas terras onde há esse costume bonito de se vestir a melhor roupa. Quando chega este dia, vislumbra-se uma outra luz nas ruas. Larga-se a mesma vestimenta usada na lavoura dias a fio e busca-se nas arcas o vestido mais resplandecente com um ligeiro cheiro a naftalina ou a única gravata usada em casamentos, baptizados e funerais passados. As beatas ganham alegria nos fervores do culto. Há um verdadeiro descanso. Físico e de alma.

Hoje, que rearrumo o meu quarto e as lembranças, descanso a alma e o corpo. Escolhi este Domingo para regressar à escrita umbloguista. Tenho tido dificuldade em escrever sabendo já da existência de rostos que me lêem e me perguntam se já larguei ou não as palavras virtuais. Não gosto da sensação de escrever pensando que esta ou aquela pessoa estão a ler. Isso tem bloqueado a publicação de alguns textos. Porém, este Domingo trouxe-me de volta essa 3ª pessoa que não existe, esse público sem cara e sem expectativas com quem não tenho compromissos e me relaciono. Neste Domingo penso que valerá a pena continuar com estas pequenas insignificâncias que, além de me afastarem da inauguração do Estádio do Dragão e de mais alguns emplastros desta vida, me fazem serenar e deixar publicado aquilo que um dia será um fragmento do meu passado. Talvez mais tarde, amanhã, escreva alguma coisa melhor. Talvez amanhã seja Segunda, no Mundo. G.F.

G.F.

Alguém me disse que as minhas iniciais lhe faziam lembrar Grândola Futebol Clube. Agora sempre que vou assinar, uma imagem absurda forma-se na minha mente. Um jogo de futebol entre alentejanos, com o lenço vermelho ao pescoço e tudo. Uma claque de mineiros de mão no ouvido e olhos fechados a cantar a música que o 25 de Abril tornou célebre. Depois de cada golo gritam G.F.C.! G.F.C! G.F.C.! gloriooooooso G.F.C. glorioso G.F.C. Mas não é por isso que vou mudar a assinatura.

Como sempre gostei mais do nome da família da minha avó paterna, Fontes, vou deixar Costa de lado e passar a assinar simplesmente Gonçalo Fontes, G.F. O meus antepassados ligados ao pai do meu pai, que me perdoem. Isto no caso de haver céu, pessoas a lá morar e Internet. Como “Gonçalos” Costa conheço mais 2 e “Gonçalos” Fontes nenhum, talvez assim seja um pormenor absurdo na busca pela identidade original que todos enganados procuramos. Além disto, termino mais rapidamente cada post o que também é útil. Este post é assim destinado aqueles que pensarem que G.F. e G.F.C. são pessoas diferentes ou para os mais analistas que isso é apenas um sintoma da minha esquizofrenia. Não, mudei apenas de assinatura. Ou antes simplifiquei-a. Voltei ao Oráculo. G.F.

segunda-feira, novembro 03, 2003

Há muito que sonhava com um fim de semana como o que tive hoje. Um bom argumento, estórias curtas, personagens cativantes. E também, não menos importante uma banda sonora mágica. 3 horas de blues, gospell, reggae, rock, 8 horas de uma viagem à volta da europa moderna que cabe nas ruas estreitas da Capital. Sonhos, solitudes, memórias de desilusões, multidões e gargalhadas sinceras, satisfeitas.. Uma noite "fantomatica", a merecer um post cuidado. "Yesterday seems like a life ago", that multitude could actually "change the world with their own two hands" "but now is just another lonly day. And here comes emptiness crashing in", so for today, "i will just walk away". G.F.C.