quinta-feira, março 17, 2011

brinca com o google

AVISO:

A informação que se segue é exclusiva a fulanos que tenham particular apreço pelo caos, por desmontar coisas, brincar com palavras, descarrilar mundos bem conhecidos do dia a dia. Aos não surrealistas, aos control freak, aos utilizadores permanentes do conforto e que acham que as brincadeiras são só para os putos: POR FAVOR NÃO SIGAM OS PRÓXIMOS PASSOS. Nós avisámos. Obrigado.

Alguma vez tiveste tanto tempo perdido que pensaste: «Humm vou ao google pesquisar qualquer coisa, por exemplo, que imagens aparecem quando escrevo "japoneses"?» Alguma vez tiveste ainda mais tempo livre, ou o teu curso de faculdade era esotérico que passaste tanto tempo a fazer pesquisas que davas por ti especado à porta do google, em branco a pensar: «tenho que fazer alguma coisa a esta página, vejo-a todos os dias, somos um mundo inteiro a vê-la todos os dias, vou transformá-la ou dar cabo dela»?

Pois bem bem míudo, senta-te direito e antes de clicares no link seguinte, fecha esta janela do firefox ou do explorer. Já fechaste? Não? Fizeste bem porque senão não perceberias o próximo passo. Então, depois de fechares esta janela, abre este blog através do google chrome ok?

Vá fecha lá a janela...

Pára de ler!

Sim, pára de ler e abre lá este blog no google chrome.

(passado 4 segundos)

Humm, presumo que estejas no google chrome. Se não estiveres não adianta mesmo continuares. 

Se estiveres, estás então preparado para a solução de todos os teus problemas de tédio e procrastinação sem sentido.

Lembra-te dos dias em que gostavas de poder controlar tudo e que o mundo não tivesse a gravidade que tem. Em que mandavas tudo às urtigas. Estás pront@? 


G.F.

the king´s artist and the tramp

"Once upon a time, there was a king who ruled a great and glorious nation. Favourite amongst his subjects was the court painter of whom he was very proud. Everybody agreed this wizzened old man pianted the greatest pictures in the whole kingdom and the king would spend hours each day gazing at them in wonder. However, one day a dirty and dishevelled stranger presented himself at the court claiming that in fact he was the greatest painter in the land. The indignant king decreed a competition would be held between the two artists, confident it would teach the vagabond an embarrassing lesson. Within a month they were both to produce a masterpiece that would out do the other. After thirty days of working feverishly day and night, both artists were ready. They placed their paintings, each hidden by a cloth, on easels in the great hall of the castle. As a large crowd gathered, the king ordered the cloth be pulled first from the court artist’s easel. Everyone gasped as before them was revealed a wonderful oil painting of a table set with a feast. At its centre was an ornate bowl full of exotic fruits glistening moistly in the dawn light. As the crowd gazed admiringly, a sparrow perched high up on the rafters of the hall swooped down and hungrily tried to snatch one of the grapes from the painted bowl only to hit the canvas and fall down dead with shock at the feet of the king. ’Aha!’ exclaimed the king. ’My artist has produced a painting so wonderful it has fooled nature herself, surely you must agree that he is the greatest painter who ever lived!’ But the vagabond said nothing and stared solemnly at his feet. ’Now, pull the blanket from your painting and let us see what you have for us,’ cried the king. But the tramp remained motionless and said nothing. Growing impatient, the king stepped forward and reached out to grab the blanket only to freeze in horror at the last moment. ’You see,’ said the tramp quietly, ’there is no blanket covering the painting. This is actually just a painting of a cloth covering a painting. And whereas your famous artist is content to fool nature, I’ve made the king of the whole country look like a clueless little twat." 
 
Banksy, Wall and Piece 
 
 
 

quarta-feira, março 16, 2011

Pedido de desculpas por este pesadelo. (por um antigo não sonhador)

E se um dia uns quantos "barbudos", "guedelhudos", "drogados", "extremistas", "utópicos "pacifistas", rastafaris ou por exemplo poetas embriagados, te dissessem nos anos 70 ou 80 ou 90: «daqui a alguns anos existirão crises financeiras e fome, desemprego de pessoas formadas, acidentes nucleares incontroláveis, praias a devolver cadáveres,plataformas petrolíferas com válvulas ao contrário e assassinas da fauna e flora, psicoses vividas em solidão, amores descartáveis, antropofagia nas relações humanas»? Chamar-lhe-ias sensatos ou visionários ou darias ouvidos e tentarias perceber do que falavam? Quase nenhum de nós não. Eu não, de certeza. Apelidaria, como talvez tu tenhas apelidado, qualquer um deles ou de "comuna" ou de "bêbado", ou de "freak", ou de "parvo" ou de "pseudo-nostradamus em LSD". E talvez continue, a grande maioria de nós a apelidar.

Mas a verdade é que agora é ridículo ou ignorante fazê-lo, porque está a acontecer exactamente aquilo que disseram há anos atrás esses loucos demagogos.

Infelizmente estavam certos e por isso peço-lhes desculpa e acho que tu também lhe devias pedir.

Sim puto: podes dizer que agora há muito mais mediatismo, mais câmaras, mais informação. Sim Prof: as ciências sociais e humanas têm mais instrumentos de análise ou as ciências exactas tem bases de dados ainda recentes; Sim mãe, a História é um ciclo que se repete e qualquer um é capaz de prever que o depois da bonança vem a tempestade. Sim pá, o mundo já foi pior do que está agora. E acredite eu ou não numa nova idade das trevas, a verdade é que acho que não fizemos nada para acabar com estes poucos anos de escuridão que estamos agora a viver.Porque acredito que era possível ter tentado travar estas trevas, tal como os "demasiado sonhadores" tentaram. E eu nem tenho a garganta aflita, as trevas nem são minhas pá...

Mas se pensares bem, estas não foram trevas absolutas para milhões de sudaneses genocidados? Trevas para milhares de nova-yorquinos soterrados e queimados, trevas para centenas de crianças em Beslan fuziladas, trevas para dezenas de madeirenses afogados em lama e vítimas de uma mau planeamento de território? Trevas para a tua avó, que está viva, mas que ninguém sabe que ainda existe?

Estudámos História para quê, não foi para evoluirmos? Não foi para anteciparmos tragédias? E por isso que peço perdão aos "utópicos". Peço desculpa a todos vocês, por fazer parte do outro grupo enorme de pessoas que não fez absolutamente nada para prevenir que outros (cada vez mais iguais a mim) sofram. Absolutamente nada, porque teria bastado fazer tão pouco.

Peço desculpas por todos nós que facilmente nos fomos esquecendo e nem sequer discutimos ou pensámos em soluções para as tragédias em grande escala ou pessoais que agora vivemos. Peço desculpa por nem sabermos sequer que existiam ditaduras assassinas, bolsas de mercados sem quaisquer valores ou fome no 7ºDto.

Peço desculpas por todos nós, obcecados pelo optimismo, pela produção ou pelo lucro emocional próprio a que chamamos felicidade. Nós, os (auto)centrados nos problemas dos outros para que os outros sejam escadotes dos nossos próprios desejos. Nós, que continuámos a crescer e a desdenhar esses homens e essas mulheres que nos alertaram para um pesadelo de um caminho futuro em relação a um mundo sem amor e menos verde. Nós que continuámos a acreditar numa gestão (dos outros) mais eficaz; na produção em massa, no plasma maior, na pila mais erecta, no orgasmo mais múltiplo, no triunfo do progresso de uma civilização em que quem ama tem de o provar através de uma pedra brilhante e quem odeia deve deitar-se num divã e drogar-se legalmente. Peço desculpas por todos nós, os sãos.

Nós, tal como a maioria, acreditámos no que apenas alguns quisessem que acreditássemos. E agora, sim percebemos que nos foderam anos e anos. Foderam-nos tão bem que até amámos o que eles amavam, entregámo-nos às suas dependências, às suas gripes, às suas taxas, aos seus prognósticos. Acordámos fodidos e sozinhos.

Sim miúda, não sei bem o que te diga, ou como resolver esta alhada globalizada. Mas o que te pergunto é: será que não temos uma oportunidade de dar o braço a torcer? Será que não podemos usar o que de melhor criámos na sociedade globalizada para pedir essas desculpas? Graças às redes sociais ainda incontroláveis, é possível denunciar, despertar, decidir o que politicamente está correcto, sonhar e ser maioria eficaz. Sem teorias conspirativas, zeitgueists, ideologias políticas obsoletas ou demagogias. Sem photohops ou falsas agências de comunicação. Sem rastas da moda, sem anarquias, sem estarmos bebados, sem repetirmos cliches urbano-tribais, sem lançarmos diablos ou sem gritarmos luta soando a "kirikirikirikiri". Sem fachos nem foices, sem punhos, nem setas, nem blocos, tudo gestos-objectos que nos arrastam para a lama do mesmo curral.

Libertámos Timor, tirámos a audiência à CNN, depusemos o Mubarak, fizemos a América e o mundo ter mestiça esperança, falimos as grandes editoras musicais e ainda ontem calámos quem achava que não seriamos muitos na ruas, sem organização mas também sem anarquismo. Fizemos, fiz isto, não nos tornámos sonhadores?

Quem é que neste momento tem mais poder que nós? Existe ou existiu mais alguma geração que possa sonhar em unir-se por um ideal e uma semana depois ele começar a ser cumprido em menos de 140 caracteres? Ainda vamos a tempo, todos juntos, de desfazer o que não fizemos para que este momento tão mau chegasse?

Peço desculpa a todos vocês, por este pesadelo. Tenho só um pedido a fazer-vos. podem-me adicionar ao vosso grupo?

Estou muito. Estou mesmo muito farto deste. Gonçalo Fontes