terça-feira, junho 27, 2006

Deus feito Mulher .

Natalie Portman. Além de ter o Curso de Psicologia pela Universidade de Harvard, quando não está a fazer cinema é assistente de investigação nessa instituição. Fez musicais na Broadway quando tinha 13 anos. Trabalhou com Al Pacino, Robert De Niro, Susan Sarandon, George Lucas, Tim Burton, Woody Allen, entre outros. Cold Mountain, Garden State, Closer são alguns filmes em que participou. Recusou o papel de Julieta em Romeu e Julieta por ser muito mais nova que Leonardo Di Caprio. Sabe falar hebraico, francês, alemão e japonês. Participa como embaixadora numa organização que permite o crédito a mulheres africanas que tenham estabelecido o seu próprio negócio. Nasceu quase no mesmo dia que eu, com um ano de diferença. E depois é simplesmente assim...


A Soraia Chaves ontem beijou-me na boca depois do jogo! *


Resultante de uma conversa de MSN e com a validade que esta possa manifestar, aqui exponho uma teoria reducionista sem qualquer literatura científica inerente, sem sequer ter pensado num único livro do curso. È uma teoria que não revela a minha própria categorização mas é baseada numa amostra de 7 ou 8 tipos, personagens alegóricas e representativas de cada tipo de homem, aliada a amostras retiradas de várias novelas da tarde, 12 ou 13 saídas à noite, muitas conversas de bica já bebida. È também mais uma a acrescentar ao vasto rol de teorias cor-de-rosa e discussões estéreis em que homens e mulheres se degladiam e onde se passa o tempo sem ter feito algo novo (às vezes não é para isso que serve um blogue?).

Teoria da Categorização Quadriárdica Masculina sobre o ser Feminino. Versão beta 1.0


Existem várias mulheres na vida de um homem. Exclui-se desde já todas as que são família. O indivíduo do sexo masculino conhece ao longo da vida um número de mulheres que tende para o infinito.
Categoriza então (com melhor ou pior precisão consoante a idade e desenvolvimento, variáveis não controladas neste estudo) cada mulher segundo quatro seguintes grandes categorias. Se já as conhece: percepciona-as assim e rege os seus relacionamentos com base nessas avaliações. Se ainda não as conhece bem: de certa forma profetiza (com base em instrumentos de análise masculinos extremamente precisos e instintivos não controlados por este estudo) que se possam também etiquetar em potencial da mesma forma.
As categorias não estão por qualquer ordem de importância e não estão exaustivamente definidas:


Método de Categorização:

A) - Amiga
Quem permite ter uma bela amizade entre sexos opostos. Com ela o homem pode falar de tudo: de sentimentos, de afectos, de segredos, das crises hormonais delas, de cosmética, culinária, dietas, sentido da vida. È ao ombro da Amiga que recorre para encontrar respostas aos problemas com mulheres que se julgavam ser do tipo B) e também para dicas com mulheres do tipo C). Com a Amiga, o homem ri-se sem qualquer outro tipo de pretensão, é ela quem lhe faz recordar infâncias inocentes e despreocupadas. É a irmã mais velha ou mais nova que se pode escolher. O sexo com ela nunca está no horizonte de ambos, seria uma espécie de incesto homossexual, já que ela é quase considerada um “compinxa”. Existem uma ou duas amigas assim e mantêm-se ao longo da vida.

B) - Mulher da sua Vida
A que lhe permite a loucura do desejo mais contra -gravitacional no espaço masculino: o desejo de casar. De prender-se, de sexo monogâmico, viver só para e com ela, pequenos-almoços na cama, altruísmo da conta bancária pessoal, o sonho do grande romance a dois, a heroína que poderia ser sua avó querida, sua filha princesinha ou freudianamente sua mãe.Este tipo de mulheres, o homem percepciona em média 2, quase 3 vezes na sua vida inteira e não quer dizer que a mulher com quem de facto se casa esteja dentro desta categoria.

C) - Mandava-lhe umas valentes pinadas!
Este tipo de mulheres é o que o nome indica. Algumas susceptíveis de maior vontade que outras. Este tipo de mulheres o homem percepciona numa razão de 9 em cada 10 que conhece, sendo que quatro dessas nove se devem ao efeito do álcool.

D) Indiferente – Contrário de A) e especialmente Contrário de C)
Este tipo de mulher não é, nem se afigura como amiga, não é a mulher de uma Vida e decididamente não desperta qualquer centímetro de interesse sexual e intelectual.


Hipóteses:

- A) nunca engloba C). Se englobar C) é o caos relacional!: ou poderá passar a B) ou em
casos mais graves passar a D).

- B) engloba em quase tudo A) e quase sempre C) (excepto em jogos de futebol importantes e fases menstruais). Se B) deixar de ser C) poderá passar ou não a A). Se B) deixar completamente de ser A) poderá em alguns casos de recaída ser só C).

- C) poderá passar a A) se for uma C) verdadeiramente C).

- D) nunca passará a qualquer outro tipo, a não ser em caso de grande catástrofe mundial, em que A), B) ou C) deixem simplesmente de existir.

Fontes, 2006


A todos o que lerem isto, especialmente os homens, tentem refutar esta teoria ou elas chamar-nos-ão invariavelmente de básicos. Por outro lado tentem corrobora-la para nós orgulhosamente poderemos continuar a dizer que não temos complexificações, somos saudavelmente simples. Portanto: comentários, upgradings, discussões e conclusões são bem-vindos. O tempo considerável que perdi a escrever isto é assim recompensado pelo vosso usado nesta leitura. G.F.

*o título deste post surgiu como garantia da leitura integral por parte do visitante pouco precavido do site. Além disso, o sitemeeter também agradece. Fazendo uma pequena ponte: Soraia Chaves seria uma C), Natalie Portman uma B), Whoopi Goldberg uma A) e José Cid uma D) imutável.

segunda-feira, junho 19, 2006

México 86


Penso que foi numa exposição de Ciência em Valência que vi os relatos de crianças a quem tinham perguntado qual a sua primeira memória. Muitas eram induzidas por aquilo que viram em fotos ou pelo que os pais lhe contaram. Eu lembro-me de ter sete ou oito anos e antes de adormecer tentar fazer um esforço para me lembrar, em retrospectiva, de coisas que tivessem acontecido nos últimos anos. Intrigava-me não me lembrar de quando nasci. Talvez tivesse ido longe se não adormecesse nesses devaneios. Sempre tentei auto controlar cronologicamente a minha identidade e talvez o blogue acabe por ser, também, uma ferramenta para isso.

As minhas recordações mais antigas são as relacionadas com um rádio azul que tinha a que chamava “a minha muca” (era difícil dizer música com dois ou três anos). Às vezes sinto que me lembro perfeitamente de viagens com os meus pais, de brinquedos que tive, de pessoas da ama onde andei antes de entrar para o colégio. Acreditando que a nossa identidade é em grande parte memória, eu sei mesmo que existo desde 1986 e não desde 1982. Porque me lembro de ir buscar a minha irmã à maternidade e de colocar as minhas mãos à frente da cara dela enquanto chorava, para lhe dizer “magia magia magia” até a mana adormecer.

Mas também me lembro do Mundial de 1986. Eu até pensava que me lembrava pouco, talvez de ver um jogo de Portugal na televisão e da mascote de alguém com um sombrero. Só que a minha mãe hoje perguntou-me se eu ainda sabia a música do “unidos por un bálon” que, por essa altura, passava os dias aqui a cantar pelos, naquele tempo infinitos, corredores de casa. «Mexico otenta e seis, méxico otenta e seis uniiiiiiiidos por un báloooooon!!» fez-me sorrir ao canta-la e ao saber que já tenho memórias com duas décadas de idade. G.F.

sexta-feira, junho 02, 2006

«too weird to live, too rare to die»

Se és ou te sentes estranho, não te preocupes. Sim, não se vive bem sendo estranho. Mas ao mesmo tempo que és demasiado estranho para poderes viver, tornas-te demasiado raro para poder morrer. G.F.



quinta-feira, junho 01, 2006

fama e anonimato

Acabo de ler uma entrevista de Eddie Vedder ao jornal italiano La Repubblicca. O líder da minha banda preferida (e da dos que estarão também lá comigo dia quatro de Setembro) a certa altura aborda a questão “na mesma linha das vossas escolhas anticomerciais, o não aparecer em videoclips”, Vedder responde: «Em todos estes anos seguimos uma certa invisibilidade, desde os tempos do primeiro álbum, Ten, quando nem sequer queríamos faze-los, os videoclips. A um certo ponto, dás-te conta que ganhas uma certa quantidade de dinheiro mas uma grande parte desse dinheiro também vai para gente que ninguém conhece, que pode viver tranquilamente sem ser barrada nas ruas, sem ser assediada por gente fanática. O nosso objectivo não é a fama, é tocarmos como banda. Mais que isso, como escritor de textos para mim é verdadeiramente uma grande coisa não ser reconhecido: posso manter o anonimato, observar e não ser observado.»

1 de Junho de 1982


Dia Mundial do Cigano, primeiro dia da época balnear e dia de algum santo qualquer que agora não me recordo. Acima de tudo Dia Mundial dos miúdos e das míudas. Dia Mundial dos putos.

Eu hoje acordei com mais um ano, embora padeça sempre da síndrome de Peter Pan. Não gosto da expressão "jovem adulto". Vou sendo um puto de 24 anos.

Obrigado ao médico que fez com que eu "nascesse" alguns minutos depois da meia noite para que muita gente se pudesse lembrar da data do meu aniversário, obrigado às pessoas que têm sido personagens principais, secundárias ou figurantes destes 8760 e tal dias de vida e como já o disse, a 1 de Junho de 2004, obrigado aos meus pais que um dia se lembraram de me fazer existir. G.F.