Há uns 5 anos atrás, no lugar onde agora estou a escrever, havia uma cabine de telefone. As filas para telefonar eram enormes e as pessoas chegavam mesmo a conhecer-se nessas esperas. Hoje todos têm telemóvel e a cabine deu lugar a um pequena secretária de pinho, um pc com ligação à internet e a fotografia de um algarvio a puxar um burro, intitulada "cena campestre". Aqui em Aljezur o progresso vai chegando devagarinho como uma maré que sobe, como esse burro teimoso da fotografia. Mesmo com telemovéis as pessoas desligam-nos e continuam a conhecer-se. Agora noutros locais.
Tornamo-nos semelhantes porque passamos férias aqui. Porque a evasão para estes lugares vicentinos une todos os que, mesmo que só por uma noite, dormem ao relento nas praias desertas, sob uma abóboda que em Lisboa deixou de existir.
O cheiro das sardinhas relembra-me que a internet paga-se caro aqui. Destes pequenos cheiros, destas coisas à partida miseráveis que me acordam para estes pequenos momentos espirituais da terra e do mar, vou ter sempre saudade. G.F.
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