domingo, maio 02, 2004

Rendez-vous

Prateleiras de frigoríficos, raios de bicicletas, aspiradores e jornais transformados numa banda sonora incrivelmente criativa, cativante. O pioneirismo da psicodinâmica canina em animação cinematográfica. Os ombros largos da máfia, HolyFood, a Estátua da Liberdade badocha, os gémeos dos ciclistas, a velhice das gémeas, o crescimento incontrolável das grandes urbes. Ingredientes mordazes todos remisturados em tons de caricatura, instantes gargalhados em que se capta o ridículo da condição humana. E uma heroína lusa que transporta os traços do seu país aos ombros. Diminuta, coxa, de buço mal aparado, míope, cantando o fado mal tocado num piano. Mas quando procura a salvação, astuta e de artimanhas consegue atravessar oceanos e vencer. Ver este filme, é descobrir que também a sátira humorística não precisa de palavras. Ah, e "Bruno", verdadeiro basbaque. G.F.




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