terça-feira, julho 22, 2003

"temporada ridícula"

É demasiado revoltante estar ainda em exames em plena "temporada ridícula". O manancial de “silly facts” é impossível de inventariar. Vejamos: Campanhas por uma nova dentição para o emplastro; problemas conjugais entre Pintos e Costas em pleno horário nobre; férias dos famosos nos Tomates (que melhor local de veraneio para seres tão chatos?); "embushtes" mais que provados; fios-dental em rabos sexagenários; os mesmos fogos de sempre que teimam em não queimar os irresponsáveis; as entrevistas da tvi, na praia, onde se pergunta com extrema perspicácia "bebeu muita água hoje?"; festivais de Verão que no mesmo cardápio conseguem juntar a voz alienígena, genial de Rufus Wainwright com os mais que terrestres, usados, reutilizados e reciclados Guano Apes; trocas e baldrocas dejas vou nos meandros do futebol português (bons frangos, Ricardo Coração de Cifrão); canais de MTV nacionais que abrem com o imprevisível "Semana da Música"; orgias entre saltimbancos italianos e suecas olímpicas em plena Gimnestrada; a estreia de banhadas solarengas como Hulk e Anjos de Charlie - Potência Máxima. E eu aqui, metido em casa, de potência mínima, a tentar que o tempo corra para que depois seja a adrenalina da pressão a lançar as redes da motivação. Pronto para fazer também parte desta época estupidificante e vazia mas que dá mais sentido aos tempos em que se torna cheia e interessante. Pronto para dormir despreocupadamente, afastado deste país por um mês, acomulando saudade para voltar e reamar este que é, penso eu, o mais belo e castiço canto do Mundo.

Dizem, os que estão de férias, tentando invejar-me, que este ano a taxa de luso silicone aumentou significativamente. As discotecas passam remixes dos anos 80, lançam-se colectâneas dos primórdios do rock nacional e das mamalhudas DOCE. Como quase sempre, aderirmos às modas no exacto momento em que nos outros países de onde se importaram tendências se acaba de provar que estão obsoletas. E eu aqui, numa palidez unfashion, estudando ironicamente os processos neurofisiológicos da motivação para a oral de amanhã, dentro de algumas horas. E não vejo a hora de vestir a tanga, fazendo jus ao país que tenho. Não vejo a hora de abraçar o estrangeiro e perceber que afinal somos iguais a eles, embora tenhamos qualidades. Não vejo a hora de guardar o relógio.

Não arranjando um computadorzeco gaulês onde actualizar minhas pulsões bloguistas, resta-me desejar umas boas e relaxantes férias às 4 ou 5 pessoas que tiverem o mau hábito de me ler. A vocês, um óptimo descanso, ponderadas moratórias psicossociais, excelentes leituras, quentes paixões. Tomemos Agosto e que não fiquemos: «só aqui, esperando mais um Verão...». G.F.C

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