domingo, julho 13, 2003

basbaquices da FPCEUL - MAMAFA

(a leitura deste post destina-se ao pessoal da FPCEUL ou a qualquer outra pessoa que tivesse lido o Manifesto do MAFA. Aos outros peço desde já as minhas desculpas por não ter pachorra para aqui copiar tão ignóbeis palavras, se é a primeira vez que aqui vêm movam a página para baixo e vejam outros posts)


Talvez a melhor coisa que possa acontecer a quem só consiga estudar efectivamente perto da data do exame seja aparecer-lhe alguma acção de alguém ou de “alguéns” que suscite em si uma irreprimível vontade de contra atacar, responder, criticar ou tão somente perder tempo a pensar nela. Assim, pretende este post, responder directamente ao manifesto publicado na Faculdade de Psicologia e de Ciências de Educação da Universidade de Lisboa. Movimento esse auto intitulado de Movimento Anti Futilidade Académica. Ressalva-se a não publicação desse mesmo manifesto. Quem quiser lê-lo que procure as publicações em folhas cor de rosa rançoso, espalhadas inesteticamente por todo o edifício académico.



Movimento Anti Movimento Anti Futilidade Académica

E surge um novo movimento, que pretende desmistificar, ridicularizar e deitar abaixo as teses apoiadas no MAFA (falamos em linguagem corrente porque os manifestos servem para ser lidos e percebidos pelos outros. Procurar a palavra mais requintada, mais arcaica, além de uma perda de tempo é sem dúvida, neste caso, um exibicionismo literário).
Também nos insurgimos contra a frivolidade. A vossa. E também registamos todo o tipo de comportamentos académicos da amostra de alunas de psicologia por vocês analisada. A diferença é que além de as observarmos, também conversamos com elas, também as tentamos perceber. Olhamos a conteúdos, não nos contentamos com as formas.
É verdade que existem estigmas, mas neste caso resolvemos pegar nos que vossas excelências apontaram, repetimos, com uma falta de conhecimento impressionante, uma escassez de verdade e uma porrada de calúnias que merecem ser aqui, desde já, apontadas:


- As alunas riem voluptuosamente. Falso, aos vossos olhos distantes talvez, pois basta um sorriso delas para que a vossa produção hormonal atinja níveis de limite. As alunas riem naturalmente ( com um sorriso sensual algumas, com graça timidamente transparecida outras). Riem do humor refinado, das piadas com inteligência de idiotas que se estão marimbando para as suas qualidades capilares ou para outros idiotas que estejam importados com estas. As alunas riem de situações diárias, porque o humor se faz, absorvendo e satirizando o quotidiano, não se faz só da discussão intelectual de tertúlias fora de horas. A vida é feita de pequenos nadas. A confusão entre os “nadas” e a futilidade terá de ser por vós revista.

- Deslocam-se de nariz empolado. Com toda a certeza, pois não andam curvadas de olhos no chão uma vez que não passam dias e noites ao computador em actos onanistas, criando fantasias virtuais e contribuindo para a escoliose precoce. Ao contrário de vocês, elas caminham de olhos no futuro, conscientes do que querem, confiantes no seu poder feminino, deixando homens como vocês desesperados.


- “Vão para o bar da faculdade” Verdadeiro, porque o bar é um local familiar, onde colegas se juntam, se alicerçam amizades, onde se disserta sobre a vida académica, as futilidades próprias femininas, as relações humanas, o último livro do Damásio, as amarguras da quase presente entrada no mercado laboral, o período, a guerra, porque não? Acham a vida divertida porque afinal de contas ninguém sai dela vivo, Não são ignorantes como vossas sapiências as rotulam. De facto elas procuram a felicidade. Talvez não a encontrem, mas não procurar o seu trilho talvez seja sim a pior forma de ignorância.

-“Usam cuecas fio dental”?!. Em que século vivem vocês? Queriam que usassem a bela da cuecas de cetim, XXL, gola alta, período pré Victoriano? Corrijo, talvez isso mostrasse algo libidinoso: queriam a bela da ciroila usada pelas governantas do Estado Novo? Usar fio dental, mostrar o corpo, seja ele tosco ou esbelto conforme os padrões actuais, é mais uma forma de demonstrarem a sua sensualidade. A hierarquia está nas vossas cabeças adulteradas por horas e horas de pornografia. A hierarquia vai existir é quando quiserem um emprego e forem trocados por um fio dental desses. Trata-se simplesmente de jogar contra as vossas próprias fraquezas. É poder e não subjugo em relação ao homem.

- “Namorado fantasmagórico?” Um namorado tem obrigatoriamente de estar no local onde a namorada estuda? Ir busca-la todos os dias, andar colado a ela? Porque é que tem de aparecer? E quantos de vocês também não mentem em relação às vossas conquistas, aos vossos pseudo engates que, na maior parte das vezes, são estórias abusivamente inflacionadas resumindo-se na realidade a três frases (sendo geralmente a última: Que parte do NÂO é que não percebes, o til?).

- “Necessitam de formar um grupinho” tal como vocês necessitam de formar um movimento, tal como os presidiários necessitam de se juntar nos balneários a apanhar sabonetes, tal como os velhos necessitam de jogar suecadas nas tardes solarengas, tal como todos necessitamos de encontrar alguém com as mesmas afinidades. Os elementos gay não são cobiçados. Eles existem sim, pela faculdade, naturalmente. Mais do que imaginamos. Se calhar há um gay em cada grupo de raparigas, mas se calhar é um gay que as percebe melhor, que vê os dois lados, que tem a sensibilidade dos dois mundos. Se calhar é o gay que está mais a par da moda, dos movimentos culturais, se calhar é o gay que torna o mundo delas e o nosso menos deprimente.

- Os outros pontos do manifesto são considerados por este MAMAFA verdadeiras pérolas da calúnia esteriotipada, criticas infundadas a raparigas que nunca foram ouvidas noutros ambientes. Concordamos que existam mentes assim, tacanhas, básicas, o que quiserem chamar, mas são uma minoria no nosso meio académico. Ou a minha amostra é completamente desprovida de verdade estatística ou então vivemos em duas faculdades diferentes. Estava na altura de começarem a conhecer essas raparigas, talvez o “ritual de acasalamento” que apregoam, vos faça mais falta que a elas. Seria boa ideia escutarem o que elas têm para dizer em vez de simplesmente ouvirem. Talvez as vossas hipóteses de sucesso deixassem de ser nulas.



Qualquer alusão a termos explicítos de cariz sexual é por este contra- movimento dispensada. Antes de terminar, saliente-se o facto de vos termos em grande consideração, sem qualquer tipo de ironia sublinhe-se. Conseguiram fazer com que se falasse de alguma coisa durante uma semana e a existência de um movimento é desde já salutar. Mesmo que isso não se traduza num debate científico, político, social, verdadeiramente académico. Pensamos também que com tanta imaginação e espírito crítico, as vossas potencialidades criativas estão em completo desperdício e muitíssimo mal canalizadas. Se esse poder retórico e de perspicácia fosse utilizado em prol do curso e das matérias aprendidas, decerto que proeminentes carreiras académicas poderiam auspiciar. Acabam por desenvolver um debate que, não sendo totalmente estéril, dará azo a conversas que estarão impregnadas, nada mais nada menos, do que aquilo que, à partida, o vosso movimento se diz “anti”: a futilidade.

Aos interessados em fazer parte deste MAMAFA o nosso mail mamafa@mail.pt

Agradecendo desde já a leitura de todos estes parágrafos e esperando que não haja mesmo gente a mandar mails, visto ser época de exames, assino num “modo não cobarde” por baixo e convido a todos os que se não se reviram no MAFA, a não levar nada disto a sério, a rirem-se, a serem fúteis de quando a quando e a assinarem também este manifesto.

Gonçalo Fontes da Costa

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