https://oraculodosbasbaques.tumblr.com/
Descobri que anteontem fez 16 anos que comecei e mantive mal um blogue. 16 anos em que a disciplina foi pouca mas onde fui coleccionando algumas coisas do tempo em que mal tinha ultrapassado os 20 anos, outras do tempo pós faculdade, outras dos adventos dos 30 anos e quase nenhumas agora, eu quase com 40.
Comecei quando a blogosfera tinha coisas muito bonitas como as do meu blogue preferido na altura, Desejo Casar , coisas hilariantes por uns senhores que assinavam por Gato Fedorento, coisas do Pacheco Pereira , do País Relativo, da Invenção de Morel, do meu Pipi, da Bomba Inteligente, da Alice no País dos Matraquilhos e tantos outros. Foi um tempo em que a Internet começou a fazer sentido para a minha formação pessoal e profissional.Conteúdos livres por pessoas tão inteligentes e sensíveis a partilhar com putos as suas ideias e tantas referências desconhecidas .
Obrigado a todas e todos os que visitaram - na altura e depois - o Oráculo do Basbaques. Obrigado pessoas conhecidas e desconhecidas que acompanharam os devaneios nestes 16 anos. Em 2003 na Blogger e bastante mais tarde no Tumblr onde reuni tudo o que estava publicado anteriormente. Foi com muito gosto que soube que havia alguém, algures no mundo lusófono, a ler qualquer coisa minha. Escrever sempre foi, também, a minha melhor forma agradável e frenética de estar sozinho.Mesmo ensimesmado sempre estive acompanhado por quem leu. Fosseis vós,no início,punhado de amigos com rosto, ou alguém do Brasil que comentou apenas no mês passado.
O exercício de querer publicar algo que se pensou com significado e se transpôs para signos exibidos a anónimos é além de uma inconsciente vontade solitária de ser gostado, um esforço para não me esquecer de quem fui ou de quem sou. Anteontem reli o que escrevi desde Julho de 2003 e detestei 90 por cento do que escrevi, mas gostei muito, mesmo muito, de me lembrar o que vi e vejo neste mundo em constante maravilhosa mudança . Relembro o prazer que foi carregar em cada "Publicar" e o desconforto total de que foi e é ouvir qualquer comentário pessoal ao que escrevi, pois quando nos sentamos para fazer isto tornamo-nos outras estranhas pessoas que não são já as mesmas que habitam em nós após o último ponto final teclado.
Gostava de continuar a partilhar com vocês a escrita e gostava de vos dizer que continuem vocês também a escrever ou a gravar ou a fotografar ou a dançar ou a representar o que imaginam quotidianamente. Porque se tivermos sorte de termos netos ou sobrinhas netas ou afilhadxs netxs, vai ser lindo eles relembrarem-nos de quem fomos na primeira metade do século XXI. Escrevamos de qualquer forma as nossas narrativas, é um repto que faço sobretudo a mim próprio, agora sem desculpas e finalmente com tempo para ser disciplinado, para ler mais e melhorar muito.
Aos antigos e aos novos obrigado por Lerem. E depois obrigado no meio disso, por me lerem.
Estive e estou sempre desde 2003 ali mas de outra forma, ou a mesma. Bom, alguma forma que não cabe todavia nas selfies daqui e do instagram; alguma forma que extravaza as projecções de voz sedentas de multidões em uníssono; alguma forma que vai além do kazoo, ou do que significa Gonçalo Fontes ou Gémeo ou Pintas ou tantas personagens que felizmente pude e ainda posso ser. Mais falsa ou mais honesta, a que escreve está aqui e agradeço-vos por termos cá estado. G.F.
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