Penso que tinha dez anos quando comecei a ver a série “Indiana
Jones e as Crónicas da Juventude”. Tornou-se na minha série preferida porque o
MacGyver estava a terminar ou tinha já acabado. A minha disciplina preferida
sempre fora História e o facto do pequeno Indiana Jones ter também dez anos e
viver as aventuras nos lugares mais fantásticos do mundo fazia-me sonhar com
uma vida igual.
Acho que todos
queríamos ser Indianas Jones. Não conheço nenhuma personagem mais fixe. Se me
perguntassem um pouco mais tarde o que queria ser quando fosse grande eu e
outros amigos meus queríamos ser arqueólogos-professores que lutam pelo bem em
lugares onde a história mundial se está a escrever. O que mais me fascinava na
série de que falo é que em cada episódio o velho Indiana Jones contava como
tinha sido a sua presença juvenil em cenários como a grande guerra mundial, a
revolução bolchevique ou a Paris dos Cubistas. O Indiana Jones não se tornou
famoso por ter conhecido Picasso, Lenine ou o Hitler, mas ouviu-os ou
disse-lhes alguma coisa em alguns momentos. Eu tinha um sonho de poder também
viver uma vida assim. De aventuras e de, nos entretantos, poder conhecer vultos
contemporâneos que mudam o nosso mundo. Sem ser notado, mas contente por ter aprendido
qualquer coisa com eles. Saber que me viram um dia e, mesmo se esquecendo completamente
de mim, eu poder dizer aos meus netos que troquei algumas palavras ou até
histórias. Eu que adoro biografias gostaria de guardar na memória alguns
encontros com estas pessoas que, por talento, sorte ou trabalho se tornaram
celebridades famosas. Talvez seja por saber que a maioria se irá libertar mais
facilmente que nós das leis que a mortalidade dita e este desejo seja
porventura o de lhes retirar um pouco dessa imortalidade. Talvez porque os
figurantes sentem por vezes o desejo escondido de terem uma ínfima contra-cena
com os protagonistas.
Todos os que viram o Forest Gump na altura e se sentiram
assombrados pelo facto de ele ter tido a influência ficcional que teve junto de
algumas figuras do século XX também percebem este sentimento. Era o Forest Gump
que eu queria ser. O basbaque dos bastidores. O taxista zé-ninguém à conversa
com artistas, políticos e sumidades de menor ou maior grau. Não é pois assim de
procura de autógrafos de que falo. Um dos poucos autógrafos que pedi na vida
foi ao Mickey e isso nem me parece que mereça qualquer relato. Não tenho
selfies com conhecidos e pseudo-conhecidos da nossa praça. Mas tenho algumas
histórias que gostava que contar sobre os cruzamentos que tivemos. Infelizmente
nenhuma tem o poder de argumento que o Indiana Jones e o Forest Gump tiveram. A
maioria são com portugueses o que relativiza a sua celebridade mundial. Eles
não se lembram do contacto mas queria que outras gerações de Fontes pelo menos
pudessem sorrir ao saberem que me cruzei com algumas das pessoas que eles só
vão conhecer da Wikipedia.
O Andy Warhol celebrizou a expressão «No futuro toda a gente
vai ter 15 minutos de fama» e depois parodiava a própria citação dizendo «No
futuro 15 pessoas serão famosas» e «Em 15 minutos toda a gente será famosa».
Decidi escolher esta última, pela sua maior fugacidade e adequabilidade à
realidade que conheci. Será assim a frase que dará título a um conjunto de
histórias pouco fascinantes e corriqueiras resumidas a menos que três frases e
que vão desde o Rei Eusébio, à Mariza, Soraia Chaves, Platini, Toy, Noel
Gallagher, José Luís Peixoto, Jorge Palma entre outros.
Felizmente posso escrever porque não sou famoso. Gonçalo Fontes
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