Os lugares por onde me locomovo pouco têm de céu. Não me magoará
este transporte diário: Nunca quis ser piloto, fotógrafo paisagista ou vendedor
de chapéus-de-chuva. Só te estou a dizer que vou entrando e saindo de sítios onde
as nuvens nunca nos sobreolham (e também te posso dizer que os chapéus não são
de chuva, são de mau plástico).
Neles, ou estamos frente às construções que nos enquadram ou
somo-las. Alguns dias, outros dias, por ano, somos o resto.
Os lugares por onde me comovo podiam ter Céu, mas nada. A
mágoa nem vem nessa ausência: esses sítios têm pessoas desconhecidas que
cheiram a fulminantes, bilhetes de amor queimados e sobretudo, não sabem a
escape.
Neles, ou estamos dentro das águas correntes ou somo-las. Nesses
dias somos o resto.
E o resto, quando é bom, é tudo.
Gonçalo Fontes
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