No fim das contas de 2013, mesmo à beirinha de fechar a
contabilidade do projecto onde sou coordenador apercebi-me de que durante todo
este ano não publiquei um único texto. Atravessei então (de carro e com o
comprimento de tempo da Ponte-Sobre-o-Tejo, sentido sul-norte) toda
bipolaridade que caracterizou o meu ano. Não ter escrito nada pela primeira vez
revela o muito do mau mas também um outro tanto de bom que me fez deixar de ter
qualquer vontade de começar fosse que frase fosse. Não escrevi nada e este post
apenas safa uma estatística futura, não tapa o deserto. E porque é de futuro
que se fazem os primeiros e últimos posts do mês, do dia, do treze que foi este ano,
deixo aqui um abraço para todos os que me leram durante estes dez anos. Outro aos
que trabalharam comigo durante os últimos sete e com quem perdi o contacto por
ser ou um tipo solitário ou parvo. Outro aos que partilharam comigo o Ser
escuteiro nos últimos dezasseis anos e com quem tenho tantas saudades de
acampar sem ter de ser chefe de nada. Um outro aos meus camaradas de armas de Alvalade e da Luz (se um dia tivermos que viver nas Antas,
bela nota biográfica) aos quais se juntam os que partilham o Bairro, a Rua do Alecrim, o
Jamaica e outros lugares de distintos copos. Outros tantos aos que partilharam
comigo as suas vidas e sobretudo um abraço e uma palavra para ti que
partilhaste um nosso amor e a quem no final das contas deste 2013 acabei por
magoar sem nunca o ter querido.
Perder mais do que ganhei, neste balancete
final, só me faz pensar que o saldo de dois mil e treze pode ser um único
apenas: deixar na outra margem as contas e trazer de volta as palavras. Para o
que quer que seja que eu tenha para dizer ou para deixar, seja de facto concretizado e haja mais
história das nossas estórias, tuas ou de velhinhas testemunhas de jeová com
quem tomei pequenos-almoços bíblicos.
Demorei quinze minutos a escrever isto, estão à minha
espera para irmos jantar e fazer o que se faz numa passagem de mais um ano. Menti,
disse que estava a tratar de contas. Vendo bem não menti, estava a acertá-las
de outra forma. Para que fiquem mesmo saldadas só me falta dizer aos meus pais
que tenho um blogue há dez anos e que gostava de continuar a escrever e que gostava eles
lessem porque gosto deles sempre só que tristemente, nunca lhes digo.
«Ora
podem querer que eu continuo a agradecer a vossa bondade em me auxiliarem» nesta vida tão bonita, nas
ideias, nos gestos, no que vamos sendo nestas mutantes décadas do novo
milénio. Feliz final de 2013, até amanhã. G.F.