terça-feira, setembro 28, 2010

Guerra


Hoje ocupei as minhas mãos contigo. Foi para te sentir a pretensa perigosidade. Sentir que, de certa forma, ainda consigo ser o teu inimigo e que tu continuas a gostar da nossa guerra.  Não, não pecas por gostar de batalhas, nem pecas por ansiar ser vencida mais uma vez. Nunca pecas e isso desmascara-me a santidade. Faz-me nunca ter uma bandeira branca sobresselente. Sem tréguas, nas tuas trevas precisas que te faça nascer um incêndio. Precisas que alguém te adivinhe os rastilhos. Tens vários. Para cada uma de ti soldada nunca haverá um só alquimista, embora cada um de nós ache que encontrou a fórmula secreta da tua paz. Hoje ocupas-te a riscar falsos tratados. A rasgar montes de letras onde irámos o que desdenhávamos um do outro. A guerra é guerra. Nenhum de nós tem fé em convenções. Matámo-nos, morremos em glória derramada nos nossos corpos. Pequenos heróis, grandes covardes. A guerra é a guerra e hoje que te ocupo, não te vais poder exilar. G.F.

2 comentários:

Joana disse...

Aqui não basta carregar num botão...tenho que escrever: Gosto!

Rita disse...

Disse uma vez uma pessoa que conheço: "Afinal de contas, no fim de tudo, por mais batalhas em que entre, por mais conquistas que alcance, saberei que foste sempre o meu fantasma, e a minha bandeira."