…respostas, críticas, crónicas, verdades infundadas, teorias, encontros, paródias, conspirações, chalaças, ramboiadas, lágrimas, venenos, gentes, vícios, valores, palavras, perguntas, solidões, comunhões, fobias, frenias, neopatologias, actualidades, mundialidades, portugalidades. Ou só insignificâncias…
sexta-feira, janeiro 23, 2009
Um homem alto demais
O poema que se segue é dedicado ao meu amigo Tiago, conhecido na Europa por Tiago Alto e em pequenos lugares por Pai Jordas. Talvez devêssemos na vida dedicar muitos poemas às nossas namoradas e por vezes a grandes amigos que gostem de poemas. Ainda o vou ver amanhã, mais uma vez, a despedir-se pela Beato Pellegrini em direcção à sua residência, depois de mais um ensaio da nossa eterna banda. Ao longe ainda o vejo e este poema é sobre ele:
eu vi um homem alto demais para caber nas casas. era muitas vezes dobrado como um papel e posto num canto como guardado. muito tempo o vi um dia em que ficou no parque sentado. estava na relva e todas as coisas que pertenciam às árvores pareciam querer conhecê-lo. algumas crianças gritavam com ele convictas de que não as ouvia lá no cimo da sua cabeça. as coisas que pertenciam às árvores por vezes afugentavam as crianças, e um homem assim competia com elas. frutos caíam com peso no chão, mal esquivados às cabeças tontas que se assustavam. eu vi esse homem alto demais a ir embora. algures no fundo da rua virou à direita. não o pude alcançar com a minha pequena bicicleta e começou a chover. juro que ainda percebi, acima dos prédios, a sua mão esticada no ar para se proteger da água ou abrir um alçapão no céu. Valter Hugo Mãe
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