sexta-feira, janeiro 23, 2009

fuga (em balão)


Sovietes partem de balão foragidos, atalhando os céus que espelham o Barents. Sem Deus, com apenas a sua Cor, enfadados, dançam para esquecer o frio e relembrar a Mãe. Içam ainda rubras bandeiras. Queimam Gorbatchevs de 2x2, cantam internacionais. Há fome. Um esconde dos outros assassinatos em massa, outro acorda intermitentemente em arquipélagos de gelo siberianos, um último atira-se depois do último shot de vodka. Há estéril festa rija no balão desamparado sem destino. Todos iguais e acabados. Poucos esperam ser mais que foragidos. Diz-se que um, sorrindo, rezou pela primeira vez e chorou.

Executivos partem de balão foragidos, atalhando os céus que espelham o Beufort. Sem Dólares, com apenas o seu corpo, enfadados, dançam para esquecer o frio e relembrar a Bolsa. Içam ainda taças douradas. Queimam Che Guevaras de 2x2, cantam Sinatra. Há fome. Todos escondem de um que o vão comer cru, outro acorda intermitentemente em pangeias de bairros suburbanos dos avós, um último atira-se depois do último shot de vodka. Há rija festa estéril no balão desamparado sem destino. Todos diferentes e acabados. Todos esperam ser os melhores foragidos. Diz-se que um, chorando, rezou pela primeira vez e sorriu. G.F.

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