quarta-feira, setembro 01, 2004

Nacionalidade



Entre as memórias que tenho de todas as viagens a Espanha uma é a música. Passando a fronteira só se ouve música espanhola. Maioritariamente música pop que traduzida não tem mais qualidade poética que trabalhos do nosso Toy ou da Micaela. Talvez o salero com que é temperada lhe confira mais qualidade. De facto deixa de se ouvir para lá de Elvas ou Valença música anglo-saxónica nas rádios e nas ruas. Os próprios nomes das bandas americanas e inglesas são traduzidos para castelhano. A verdade é que nem a própria juventude espanhola que conheci nas férias parece gostar de ouvir outra música que não a sua. Conhecem poucos nomes internacionais, mal trauteiam as canções mais conhecidas.

Antigamente julgava que isso era uma mistura de pouca abertura, excesso de orgulho nacional ou mesmo um pouco de ignorância. Numa das noites em que estive na praça da Catedral de Santiago de Compostela, naquela roda de amigos e guitarradas que fizemos depois do fogo de artifício monumental do Xacobeo, descobri que era algo mais que isso ou diferente disso. Quando perguntámos a um dos espanhóis se sabia cantar alguma música inglesa ele respondeu que não: «solo sei e solo me gusta cantar lo que sinto ca dientro, e lo que sinto es España.».
Descobri mais uma vez que nós em Portugal tristemente ou não, não somos só portugueses. G.F.

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