Perco quase tudo no meu quarto. Chaves, telemóvel, roupa, papeis importantes que encontro 2 dias depois de precisar urgentemente deles. Perco bilhetes, recortes, facturas, clips, fotografias, bostic, recibos, fotocópias, cartões, canetas. Nunca sei da caneta quando preciso dela. A tempo, ainda salvo algumas notas. As de grafite. As outras também as perco surgindo meses depois, traídas pela inflação, num bolso de umas calças pouco usadas. Anteontem encontrei uma nota de 500 escudos debaixo do trivial que tenho sob a cama. Ontem não sabia novamente do telemóvel. Hoje as chaves de casa estavam na gaveta da roupa interior. E tenho o quarto completamente arrumado portanto eliminando esta variável resta-me enfrentar a minha própria falta de concentração face a objectos. E muitas vezes face às pessoas.
Partilho assim a minha frustração, o meu desamparo, a minha impotência, a raiva contida através da praça pública pessoal em que este Oráculo também se alicerçou. Porque existem poucas coisas piores que perder alguma coisa. E enquanto não somos mágicos ou não descobrimos como retroceder no tempo, vamos, felizmente tendo uma mãe. È incrível pois quando perco uma coisa demoro em média 20, 30 minutos a encontra-la. A minha mãe demora 2 minutos. Basta que me diga, «Já viste na gaveta de cima?» «Não estará enfiada entre o colchão e os pés da cama?».
Obrigado mãe, por seres, também, o meu “Google”. G.F.
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