quarta-feira, julho 02, 2003

declara-se inaugurado, a 2 de Julho de 2003, o Oráculo dos Basbaques. Sem pompa. Sem circunstância.


Iniciar. Largar amarras. Partir ou encontrar uma razão para tal: qual a acção que requer mais difícil resposta? “Oráculo dos basbaques” é um local feito por e para homens insignificantes. Para homens que se pasmam por coisas que à partida não tem valor. Sim, é um refúgio para todos os parvos, para todas as estólidas. É também, o resultado de 21 anos de pesquisa aprofundada, de recolha metódica, ou não.

Oráculo de dos basbaques é uma necessidade do momento. Um impulso. Não uma missão, mas a forma de eu, de tu, basbaques, estarmos sozinhos. Não pretende ser poço de lamúrias, um muro de lamentações ou um templo de desabafos. Pretende sim, ser um local onde Deuses e basbaques anunciem as suas vontades. Onde a palavra de alguém não tenha qualquer peso, não padeça de grande autoridade e acima de tudo não inspire confiança.

Que apenas se leiam pequenos nadas, neste humilde e pretensiosa ermida familiar, portuguesa, atascada com o odor a grafemas de plástico que sabem a Fado e o cheiro a Saudade que se vê nos que partem antes de clicarem ou carregarem a última cruz.

Oráculo aberto ao público, às ideias, às críticas, ao sarcasmo, ao cinismo, à sátira, ao castigo, à má política, aos bons ladrões, aos maus preceitos, às boas acções, aos sucessos de uns, às bolas na trave de outros, aos sorrisos tecnológicos, aos fraquejos biológicos. Oráculo aberto aos homens.

Que não se tente falar muito bem, que não se digam verdades. Que não se seja misterioso e acima de tudo que não se seja decisivo. Basbaques somos os ficamos de boca aberta perante o Mundo. Basbaques os que pequenos, queremos viverem a vida de grandes. Basbaques os desterrados desta vida e enterrados pela morte. Basbaques os que se corrompem fartamente na sua intimidade mas capazes da mais sublime máscara quando em palco consigo e com os outros. Basbaques ambíguos. Basbaques capazes do pior e do melhor. Basbaques sem certezas a não ser a de que, aqui, se pode escrever para alguém e sem esperanças a não ser que esse alguém nos visite.

Gente simples com egos por descomplicar ou gente complicada com egos por desimplicar? Gente sem egos? Egos sem gente? Vem mas não nos sigas. Fica apenas. Aqui terás palavras de insignificância, para ti e para as ordas de viajantes invisíveis que chegarem por esses trilhos virtuais. Nega à partida a ciência que desconheces. Nega-nos, porque para dizer a verdade nem sabemos bem o que é um blog. Para sermos sinceros, nunca lemos nenhum. Nem sabemos o que se faz por ai, nem quem está envolvido. Temos receios, mas somos apenas basbaques, a responsabilidade está com os grandes. O nosso dever, apenas um, questionarmo-nos. O nosso direito apenas um também, estarmos sós, contemplando.

Que soem então as trombetas que no dia 2 de Julho de 2003 nasce, literalmente do nada e da madrugada de um novo dia, O Oráculo dos Basbaques. Declaremos inaugurado este antro de mal dizer, de amores ardentes, de más fortunas, de erros, e de pequenos nadas. A lágrima solta-se, ao ecoar em néon e ao longe, "Oráculo dos Basbaques”.

Um aldrabão começa a espalhar a Boa Nova para júbilo dos que precisavam de profetas. Um velho sensato avisa: "nasceu outra porcaria efémera"; "Nome ignóbil" dizem os ignorantes; "será ucraniano?" dizem os vizinhos, "paradoxo baseado na obra filosófica antropomórfica grega de Sicranostein" diz um piquiquiano; "apenas mais um blog" dizem os putos do futuro, que perceberão os fenómenos sempre melhor que nós. Ou :"Apenas algo criado numa noite de suposto estudo em que se fez tudo menos o proposto" disse, então, um dos basbaques.

Nasceu. Já se pode dizer que viveu. Só lhe falta morrer feliz. G.F.C.


p.s. custa escrever mas criticar não: oracludosbasbaks@mail.pt



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